Lipoma é um tumor benigno de causa não totalmente conhecida
Cristina Almeida
Colaboração para VivaBem
14/12/2021 04h00Atualizada em 15/12/2021 14h51
Neoplasma. Ler essa palavra já assusta, mas ela é usada pelos médicos para definir todo crescimento anormal, progressivo e não controlado de algum tecido do corpo. E esse é o caso do lipoma, um tumor benigno constituído por células gordurosas que nem precisaria de tratamento, mas incomoda porque, a depender do tamanho, pode comprometer a estética.
Estima-se que 1 em cada 1.000 pessoas terá ao menos um lipoma ao longo da vida e, por isso, ele é considerado um dos tumores mais comuns entre humanos. De origem ainda desconhecida, o problema pode se manifestar em homens e mulheres em qualquer fase da vida, mas é mais frequente no grupo masculino, especialmente entre os 40 e 60 anos de idade.
Na maioria das vezes a lesão é indolor, se manifesta no tronco, e não deve causar preocupação. No entanto, é preciso observar suas características: a depender da velocidade de seu crescimento e localização, o lipoma pode pressionar nervos e vasos, o que requer uma visita mais rápida ao dermatologista para a devida avaliação. Em 100% dos casos, a solução é sempre cirúrgica.
O que é o lipoma
Trata-se de um tumor benigno, também chamado de nódulo, nodosidade e até caroço, que se forma nas regiões subdérmica e subcutânea, mas pode aparecer em qualquer em área do corpo, inclusive fibras musculares, nervos, vísceras e até mesmo cavidades. Esses são meros exemplos, e não excluem outros locais do organismo.
Ele é constituído por células gordurosas (adiposas), que podem estar envolvidas ou não por uma capa fibrosa que os médicos chamam de cápsula. Esta é a razão pela qual os lipomas podem ser definidos como capsulados ou não capsulados.
Algumas pessoas apresentam apenas um lipoma; outros poderão ter vários ao mesmo tempo (lipomatose familiar múltipla), o que representa 5% a 10% dos casos.
Por que isso acontece?
Até o momento a causa do lipoma não foi totalmente esclarecida. As hipóteses médicas sugerem que pode haver alguma relação com traumas (pancadas fortes), genética e histórico familiar (especialmente entre as pessoas que têm múltiplos lipomas).
Como reconhecer os sintomas
Eles variam a depender do local ou do tamanho, já que podem ter de 1 cm a 10 cm de diâmetro. Embora possa aparecer em qualquer parte do corpo, o lipoma é mais comum no tronco e nas extremidades superiores (antebraço, pescoço, costas, nádegas, dorso etc.).
Confira outras características do lipoma:
- É facilmente palpável
- Pode ser móvel ou aderido (a depender dele ser encapsulado ou não)
- Tem consistência macia
- Não altera a cor da pele
- Tem crescimento lento
- É indolor (em geral)
A dermatologista Maria Genúcia Cunha Matos, coordenadora da disciplina de dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, diz que, algumas vezes, o lipoma é doloroso. Quando isso acontece ele pode ter algum componente vascular.
"Isso significa que um vaso pode estar sendo comprimido e a suspeita só poderá ser confirmada após a sua retirada. A esse tipo de lipoma chamamos de angiolipoma", esclarece a médica.
Quem precisa ficar atento?
O lipoma pode acometer homens e mulheres igualmente, em qualquer idade, mas é mais frequente no grupo masculino, principalmente nas idades de 40 a 60 anos. Crianças também podem ter lipoma, mas nessa faixa etária ele é mais raro.
Tem-se observado também que pessoas com obesidade, diabetes e hiperlipidemia (altos níveis de partículas de gordura no sangue) são mais propensas a apresentarem o quadro.
Quando procurar ajuda médica?
O lipoma é um tumor benigno e, portanto, não é uma emergência médica. Assim, você deve procurar um médico a qualquer momento caso queira esclarecer alguma dúvida sobre a lesão.
A única exceção é o crescimento rápido. Quando um nódulo na pele tem essa característica, ele deve ser avaliado imediatamente. O médico treinado para avaliar o lipoma é o dermatologista.
Como é feito o diagnóstico?
Na hora da consulta, o médico vai ouvir sua queixa, levantar seu histórico de saúde familiar e pessoal e fará o exame físico que inclui a palpação do lipoma. Como a lesão é facilmente reconhecível, o diagnóstico se baseará nessas informações, o que os especialistas chamam de diagnóstico clínico.
Em alguns casos podem ser solicitados exames de imagem como ultrassom, tomografia computadorizada ou mesmo ressonância magnética, principalmente nos quadros em que o lipoma é considerado grande (maior que 5-10 cm), haja queixa de dor ou o seu crescimento tenha sido rápido, entre outras situações.
"O exame de imagem mostrará ao médico as exatas localização e extensão do lipoma, e ainda trará maiores detalhes sobre sua constituição ou infiltração no tecido muscular. Com esses dados em mãos é mais fácil planejar a cirurgia", explica a dermatologista Meire Brasil Parada.
Como é feito o tratamento?
Geralmente essas lesões não necessitam de tratamento e, na maioria das vezes, ele acontece por motivos estéticos. Apesar disso, o médico deve considerar o tamanho da lesão, a sua localização, a presença de dor e eventuais limitações funcionais.
"A solução terapêutica é cirúrgica em 100% dos casos, se esta for a vontade do paciente", fala a dermatologista Cacilda da Silva Souza. "A cirurgia também confirma o diagnóstico, já que o material retirado é sempre enviado para análise histopatológica. Além disso, ela é curativa, isto é, resolve o problema", completa Souza.
A depender da extensão do lipoma poderá também ser utilizada a lipoaspiração. A maioria das retiradas cirúrgicas evoluem bem e não apresenta complicações.
O lipoma pode desaparecer espontaneamente?
Não. Tratando-se de uma lesão tumoral, ele não regride.
Eles podem reaparecer?
Sim, especialmente quando não for retirada completamente a cápsula que recobre o lipoma, ou quando ele, não sendo encapsulado, possui infiltrações que dificultam a identificação de seus limites. Nesses casos, a recidiva da lesão pode acontecer.
Fontes: Cacilda da Silva Souza, dermatologista e docente da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo); Maria Genúcia Cunha Matos, dermatologista, docente e coordenadora da disciplina de dermatologia da Faculdade de Medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará), atua no Hospital Universitário Walter Cantídio da mesma instituição (Rede Ebserh), e integra a diretoria da SBD-CE (Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional do Ceará); Meire Brasil Parada, dermatologista e coordenadora do Serviço de Cirurgia da SBD e presidente da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica). Revisão médica: Maria Genúcia Cunha Matos.
Referências: SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); Kolb L, Yarrarapu SNS, Ameer MA, et al. Lipoma. [Atualizado em 2021 Oct 2]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK507906/.