Por enquanto, apesar de pesquisas como a da USP e do Einstein criarem a tentação de indicá-los para qualquer pessoa, os medicamentos para diminuir o LDL continuam sendo prescritos apenas para quem já enfrentou problemas cardiológicos e para quem apresenta muitos fatores de risco, incluindo taxas bem acima dos valores desejáveis do colesterol ruim.
Os especialistas avisam: nenhum remédio promove o milagre de sumir com placas preexistentes nas artérias. Com eles, essas famigeradas placas ficam estabilizadas, do mesmo tamanho --o que já ajuda um bocado, na medida em que não crescem a ponto de atrapalhar a passagem do sangue.
A classe de remédios mais usada para diminuir o LDL é a das estatinas. Mas existem pessoas em que o colesterol não despenca nem mesmo com essas drogas. Para elas, a saída pode ser uma novíssima família de medicamentos capaz de inibir uma proteína no fígado, a PCSK9. Ela está por trás da superprodução do colesterol ruim.
De acordo com um estudo recente publicado no periódico científico, New England Journal of Medicine, a droga, recentemente aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), conseguiu reduzir o LDL em cerca de 60% e cortou 27% do risco de infarto e AVC nos voluntários.
Veja as quatro dúvidas mais comuns no consultório:
1) Todo mundo que tem colesterol alto precisa tomar remédio?
A avaliação é caso a caso. Muita gente resolve o problema do colesterol alto só com ajustes no estilo de vida. Mas isso, se a pessoa não tiver outros fatores de risco. Aí, não tem jeito: melhor não correr perigo de infartar e tomar logo a medicação.
2) Mulheres podem tomar estatina se pretendem engravidar?
Nunca. O tratamento com estatinas precisa ser evitado nas mulheres em idade fértil e que não tomam nenhum cuidado contraceptivo, justamente porque existem relatos de malformação fetal relacionada ao seu uso.
3) Os médicos podem prescrever remédios para o colesterol se o paciente é uma criança?
Os genes por trás do colesterol muito alto se manifestam desde a mais tenra idade. Os médicos, ainda sim, tentam primeiro controlar a situação com mudanças na dieta e ajustes de outros hábitos por seis meses. Caso contrário, pelo risco de formarem placas típicas de um adulto cardiopata desde cedo, os remédios são cogitados. Porque, se crescerem assim, fatalmente terão um infarto ou um derrame ainda jovens.
4) Quais são os efeitos colaterais esperados?
Além de alterações nas enzimas do fígado, que precisam ser bem acompanhadas por exames periódicos, a grande queixa de quem toma estatinas são as dores musculares. Elas são sentidas por 3 em cada 100 indivíduos que usam esse tipo de medicação. Dois terços desses pacientes, porém, resolvem essa situação dolorosa e nada agradável trocando uma estatina por outra ou apenas regulando a dose.