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Tempo de proteger o seu bebê

Evitar bronquiolites e pneumonias causadas pelo vírus sincicial respiratório é mais importante do que imagina

oferecido por Selo Publieditorial

É no início de cada ano que um dos maiores inimigos de bebês pequenos passa a circular pelo país, começando pela região Norte. E vai avançando, território abaixo. Alcança o Nordeste, Sudeste e o Centro-Oeste por volta de março. E, finalmente, em pleno inverno de agosto chega ao Sul do país.

Pais e cuidadores de qualquer criança - mas especialmente daquelas que nasceram antes do tempo programado, com algum problema do coração ou que apresentam problema pulmonar crônico relacionado à prematuridade, - não podem se esquecer da ameaça. Ela é tão comum que chega a ser estranho que seu nome não esteja na boca de todos os que têm uma criança com menos de 2 anos de idade em casa. Guarde bem: estamos falando do vírus sincicial respiratório ou, se preferir, simplesmente VSR.

Qual a melhor forma de combater o VSR? Se ater aos períodos indicados para imunização dos bebês, que iniciam um mês antes da sazonalidade de cada região (você pode conferir todos aqui); e redobrar as medidas de proteção durante os períodos de maior circulação do vírus na sua região.

Esse vírus é bem traiçoeiro porque seus sintomas, à princípio, se confundem com os de um resfriado comum. Para diferenciar as coisas, é preciso ter olho clínico ou reparar em certas sutilezas, como verá adiante.

Mas, em geral, quando o quadro se agrava é que a família se dá conta de que se trata de algo mais complicado. E, daí, o bebezinho muitas vezes precisa de internação para receber soro e oxigênio, lutando bravamente pela vida. Melhor um bebê nunca passar por isso e a gente entender de vez que essa é a época certa de protegê-lo desse perigo.

Victor Horácio de Souza Costa Júnior, infectologista pediátrico, professor de Pediatria da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e vice-diretor do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, instituição que é uma das maiores referências brasileiras em atendimento infantil.

No mundo inteiro existem...

33,8 milhões de novos episódios de bebês infectados todo ano.

3,4 milhões de hospitalizações.

Até 200 mil mortes.

Antes de completar 3 anos, calcula-se que toda criança já pegou VSR pelo menos uma vez na vida.

A bronquiolite

"O VSR infecta justamente os galhos mais finos da árvore pulmomar, os tais bronquíolos. E essa infecção provoca uma inflamação, com direito à produção de muco e líquido", descreve o professor Victor Costa Júnior. "Ora, se o bronquíolo já é estreito por natureza em um bebê pequeno, imagine se é prematuro - não é preciso muito para ele ficar obstruído."

O ar, então, mal consegue passar para entregar o seu oxigênio. A dificuldade para respirar se torna enorme, uma verdadeira covardia perto da criaturinha no berço.

A pneumonia

No caso, é quando o VSR também infecta os alvéolos pulmonares. Daí, no lugar de se encherem de ar, eles acabam repletos de secreção. E a troca do gás carbônico pelo oxigênio fica muito difícil.

Os bebês que correm maior risco

Embora toda criança possa contrair o VSR, três grupos merecem extrema atenção porque já se encontram em uma condição de fragilidade para tudo o que esse vírus pode aprontar.

Prematuros

Dentre os bebês prematuros, os que nascem com menos de 35 semanas completas de gestação são alvo fácil para o VSR.

Por quê?
Em primeiro lugar, porque os prematuros têm um sistema imunológico imaturo. Logo, são mais vulneráveis a contrairem qualquer infecção. "Mas, somando-se a essa imaturidade, existem os bronquíolos menores do que o normal, capazes de ficarem obstruídos por qualquer bobagem", explica Victor Costa Júnior.

Portadores de cardiopatias congênitas

Isto é, bebês que nascem com problemas no coração.

Por quê?
Lembre-se: os pulmões fazem dobradinha com o coração que, afinal, bombeia o sangue oxigenado. Logo, o coração tenta compensar a falta de oxigênio na circulação acelerando e nem sempre resiste ao esforço. Vale frisar que alguns prematuros também apresentam problemas cardiológicos. Aí é tudo junto e misturado.

Portadores de broncodisplasias

São os bebês com a chamada doença pulmonar crônica da prematuridade.

Por quê?
Alguns prematuros passam muito tempo em UTIs recebendo oxigênio por via artificial e, às vezes, o mesmo procedimento que fez com que os pulmões se enchessem e se esvaziasem de ar enquanto não estavam prontos para darem conta desse trabalho sozinhos, pode provocar pequenos danos nesse par de órgãos. Isso já dificulta a respiração e o VSR pioraria tudo de vez. Precisa ser evitado a todo custo, então.

Embora a infecção pelo VSR possa dar problemas até os 4, 5 anos, os casos mais graves se concentram até os 2 anos de idade. É quando a criança não consegue captar todo o oxigênio de que o seu organismo precisa para viver. Chamamos isso de insuficiência respiratória.

Victor Horácio de Souza Costa Júnior, infectologista pediátrico, professor de Pediatria da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e vice-diretor do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, instituição que é uma das maiores referências brasileiras em atendimento infantil.

Como o vírus pode passar para o seu bebê

O VSR é transmitido quando se tem contato com secreções respiratórias de quem está infectado por ele, e também através de objetos contaminados. Escondido neles, esse vírus pode entrar em uma nova vítima pela boca, pelo nariz ou até mesmo pelos olhos.

Parece, então, muito simples evitá-lo. Mas isso porque a gente não se dá conta de situações muito comuns no dia a dia. A seguir, alguns exemplos que farão muitos pais levantarem a mão para dizer "quem nunca?"

  • Uma criança pega o brinquedo de outra que tem o VSR e o leva à boca;
  • A criança simplesmente segura o brinquedo do irmão ou do amiguinho e, depois, coça os olhos;
  • A mãe, com o caçula no colo, ajuda o filho mais velho, que aparentemente está só com um resfriadinho, a assoar o nariz e?
  • Os adultos ou outras crianças da casa vão em locais cheios de gente, encostam em objetos contaminados e não resistem em tocar no bebê que, talvez, nem deveria estar nesse passeio.
Crianças mais velhas e até mesmo os adultos podem contrair o VSR, sem manifestar sintomas mais graves do que um nariz escorrendo, muitas vezes. O triste é que transmitem para o caçula da família e, no pequeno, tudo pode ser diferente.

9 atitudes para evitar a transmissão

  • Lavar as mãos com frequência

    Água e sabão destroem o revestimento do vírus, por assim dizer. Por isso, evite segurar o bebê no colo ou até mesmo guardar os seus brinquedos sem fazer isso. Também estimule outras crianças da casa a usar a pia, especialmente antes de brincar com o irmãozinho ou a irmãzinha.

  • O brinquedo foi passear?

    Aquele brinquedo que foi levado para o parque ou para a festinha merece uma boa higienização com água e sabão também. Ou se ele simplesmente foi agarrado por muitas mãozinhas infantis dentro de casa. Estudos indicam que o VSR pode sobreviver, de boa, até seis horas em certas superfícies porosas, como as dos materiais de alguns desses brinquedos e em superfícies lisas ele pode sobreviver por até 24 horas.

  • Espirrou? Tossiu? Nariz escorreu? Se possível, distância!

    É o bom senso que avisa: bebês não deveriam ficar muito perto ou no colo de pessoas que apresentam uma infecção respiratória aguda, ou seja, que de uma hora para outra começaram a tossir ou a espirrar, ficando febris ou não, e com o nariz cheio de secreção. Não existe um bom motivo para esse contato, não é mesmo? Esperem passar.

  • Evite supermercados, shoppings, lugares muito cheios

    Sempre que há aglomeração, a probabilidade de uma infecção passar de uma pessoa para outra aumenta. E, nos meses em que o vírus sincicial está circulando na região onde sua família vive, é quando se deve evitar lugares assim, levando o bebê junto.

  • Nunca fume ou deixe que fumem perto de um bebê

    O tabagismo passivo é horrível em qualquer idade. A pessoa ao lado do fumante involuntariamente respira aquela fumaça junto. E em uma condição até pior do que a de quem acendeu o cigarro: a fumaça que entra em seus pulmões nem passou pelo filtro. Isso irrita e inflama todo o trajeto do ar. Péssimo para bebês, pior ainda se estão no grupo de risco para bronquiolites e pneumonias graves ? ora, caso aconteça uma infecção pelo VSR, os bronquíolos já estarão um pouco inflamados. Será meio caminho andado para complicações.

  • Se der, retarde a entrada em creches e escolinhas

    "E, se não der, ao menos limite a frequência durante o período de sazonalidade?, aconselha o professor Victor Costa Júnior. "Na minha opinião, nesta época, crianças menores de 1 ano, ainda mais as do grupo de risco, não deveriam permanecer nem sequer um minuto nessas instituições. Entre 1 e 2 anos ? de novo, reforçando, no período de sazonalidade do vírus na sua região e se estiver em grupo de risco ? o ideal seria frequentar a creche ou a escola por no máximo dois dias, durante meio período apenas. Entre 2 e 3 anos, poderia ficar três dias da semana por lá."

  • Procure oferecer aleitamento materno pelo maior período possível

    Todo mundo sabe que o leite materno ajuda a proteger contra uma série de infecções ? não é diferente no caso daquela provocada pelo VSR. ?É claro que, no início, muitos prematuros não conseguem mamar no peito. Mas, sempre que possível, a equipe de saúde deve dar um jeito de oferecer esse alimento, nem que seja por sonda. E, depois que o prematuro for para casa, o aleitamento deve ser muito incentivado?, diz Victor Costa Júnior.

  • Mantenha a carteira de vacinação em dia

    Isso é primordial, embora infelizmente não exista uma vacina contra o VSR. ?No entanto, é bom afastar aquelas infecções causadas por outros agentes?, diz o professor Victor Costa Júnior. Se elas acontecem, é como se o sistema imunológico ficasse dividido, com menos condições de combater o VSR. E vale lembrar que, para agravar, nos bebezinhos esse sistema de defesa ainda não está maduro. Então, a probabilidade de uma bronquiolite surgir fica muito mais alta.?

  • Dar a dose mensal de imunizante para crianças do grupo de risco

    Se ainda não existe uma vacina contra o VSR para ensinar o organismo do bebê a se defender se um dia precisar e, também, se ele próprio ainda não está maduro para produzir ligeiro seus anticorpos caso, por azar, seja infectado, o jeito de protegê-lo é entregar essas defesas prontas para consumo, por assim dizer. É o que, em Medicina, se chama de imunização passiva.

Atenção!

Infelizmente, um bebê que contraiu o VSR pode, sim, pegá-lo de novo. Por isso, todo ano, quando chega a época de maior circulação do vírus, os cuidados devem ser intensificados. "Casos de reinfecção estão associados ao aparecimento de asma em crianças mais velhas, inclusive", avisa o infectologista Victor Costa Júnior.

O que é imunização passiva

Existe a possibilidade de bebês do grupo de risco receberem anticorpos monoclonais, isto é, feitos sob medida para neutralizar depressa o VSR, caso ele invada o organismo.

A proteção é garantida com uma dose mensal, durante até cinco meses, no período de maior circulação do vírus. "A dose de agosto, por exemplo, para bebês do grupo de risco no Sul do Brasil é primordial", opina o infectologista Victor Costa Júnior. Mesma coisa sobre a dose de janeiro a junho, por exemplo, para quem vive no Norte. "Ao impedir que o vírus se multiplique nas células do sistema respiratório, ela pode reduzir cerca de 55% de internações graves e muitas mortes. Quando não evita a doença em si, o imunizante atenua bastante os sintomas e isso salva vidas", conta o médico.

Para imunizar o bebê

No Brasil, a imunização passiva é oferecida inclusive pelo Sistema Único de Saúde, de acordo com os seguintes critérios:

  • Prematuros com até 1 ano de idade, que tenham nascido antes de a mãe completar 29 semanas de gestação
  • Bebês com até 2 anos, que tenham nascido com problemas no coração com repercussão hemodinâmica.
  • Crianças até 2 anos que nasceram antes do tempo e que desenvolveram a tal doença pulmonar crônica da prematuridade. No caso, se o bebezinho tem esse problema nos pulmões, não importa a idade gestacional.

Observação importante: a Sociedade Brasileira de Pediatria inclui nas indicações para imunização passiva bebês com até 6 meses que tenham nascido com menos de 31 semanas e 6 dias de gestação.

Alerta aos sinais

  • Se o bebê apresentar tosse seca, febre baixa e coriza

    E em vez de os sintomas melhorarem, eles se agravarem lá pelo quarto dia. Se isso acontece, provavelmente não é mero resfriado. É para estranhar e procurar uma avaliação médica.

  • Se a criança começar a respirar rápido

    A velocidade é uma tentativa do organismo de compensar com quantidade a falta de qualidade ? no caso, a falta de sucesso de cada inspiração para fornecer o oxigênio necessário.

  • Se houver dificuldade para mamar

    É quando gente percebe que a criança está com fome, mas não consegue comer. É que deglutir e respirar ao mesmo tempo é um desafio quando falta o fôlego.

  • Aquele som de leve chiado ao respirar, inclusive enquanto dorme

    Ele não tem nada de bonitinho, ao contrário: indica que o ar está com dificuldade para passar, como o vento fazendo barulho por uma fresta de janela.

  • Lábios azulados, pontas dos dedinhos azuladas

    A cor indica baixa oxigenação. É caso de correr para um hospital.

  • Quando a criança chora e não sai lágrima

    Este é um sinal clássico de desidratação e a falta de líquido costuma acompanhar as infecções.

Procure se informar mais com o seu pediatra e encontre também mais informações no site https://www.tempodeprevenir.com.br/.

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