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Este conteúdo é uma produção do UOL Content_Lab para Hospital Israelita Albert Einstein e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL. Publicado em dezembro de 2023

oferecido por Selo Publieditorial
  • Tratamentos menos invasivos e muito precisos podem substituir a cirurgia em estágios iniciais da doença
  • Várias tecnologias têm revolucionado o controle de metástases, como o uso de radiofármacos e terapias-alvo
  • Novas opções de hormonioterapia reduzem chances de recidiva do câncer e oferecem alternativas em caso de resistência à medicação
  • Os exames de PSA e toque retal ainda são essenciais para identificar o câncer em estágios iniciais

Tipo mais comum de câncer entre homens a partir dos 50 anos, o câncer de próstata é também um dos tumores para o qual o tratamento mais evoluiu nos últimos anos. Hoje o diagnóstico, em grande parte dos casos, traz consigo um cenário muito mais positivo, com mais chances de cura, tratamentos menos invasivos e com menos impacto para a qualidade de vida do paciente.

Novas tecnologias, como o uso de ultrassom para destruir o tumor, preservando parte da próstata, e a própria radioterapia, mais focada e de intensidade modulada, têm substituído a cirurgia para muitos casos de câncer em estágios iniciais. "Neste tipo de radioterapia, é possível desenhar melhor o alvo, poupar áreas vizinhas, e usar doses maiores, sendo possível até diminuir o número de sessões", afirma o oncologista Fernando Maluf, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein, reconhecido como o melhor hospital oncológico da América Latina e o 17º em todo o mundo, segundo o ranking World's Best Specialized Hospitals, da revista Newsweek.

Para os casos avançados, novas terapias-alvo e até mesmo um tratamento que localiza e destrói metástases de uma só vez têm aumentado a sobrevida de forma significativa. As ferramentas de diagnóstico também se sofisticaram, ajudando médicos a planejarem tratamentos que tragam os melhores resultados para cada tipo de tumor e perfil de paciente.

A colaboração entre pesquisa, assistência e tecnologias avançadas foi o que permitiu a evolução, nos últimos anos, do diagnóstico e tratamento dos vários tipos de câncer. O Einstein, que sempre investiu nessa integração, vai intensificá-la em 2025, com o novo Centro de Cuidados e Terapias Avançadas em Oncologia e Hematologia, que reunirá, no mesmo complexo, o atendimento de excelência e a alta tecnologia já existentes - com foco em prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e survivorship (suporte aos pacientes após o tratamento) - e um centro acadêmico de pesquisa em oncologia e hematologia de classe mundial.

Importância da detecção precoce

Apesar de todos os avanços no tratamento, a detecção precoce do tumor de próstata ainda é fundamental, porque possibilita os procedimentos menos invasivos, com taxas de cura bem acima de 90%. E, para isso, é importante que os homens façam a sua parte: cuidar da saúde e ir ao médico com regularidade, para fazer exames de rotina. A Sociedade Brasileira de Urologia, além de outras sociedades médicas no Brasil e no exterior, recomenda que os homens considerem o rastreamento do câncer de próstata a partir dos 45 anos de idade, ou até antes, quando parentes próximos tiveram a doença antes dos 60 anos.

Entre os brasileiros do sexo masculino, esse é o tipo de tumor mais comum depois do câncer de pele não melanoma. Mais de 70 mil casos novos de câncer de próstata foram registrados em 2022, segundo estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer).

A próstata é uma glândula do tamanho de uma noz, que fica localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Por dentro dela passa o canal da uretra, que leva a urina para fora, e sua principal função é produzir o fluido que ajuda a proteger os espermatozoides no sêmen. Tumores nessa parte do corpo têm relação com o envelhecimento, mas há outros fatores que aumentam o risco da doença, como ter um pai ou irmão que tiveram câncer de próstata, fumar e estar acima do peso, entre outros.

Apesar de tumores decorrentes de mutações genéticas herdadas dos pais representarem a minoria dos casos de tumores de próstata (cerca de 5%), sempre que uma pessoa recebe essa informação, após um teste genético, seus familiares são encaminhados para aconselhamento e podem iniciar os check-ups mais cedo para garantir um controle sobre o risco. É o caso das alterações nos genes BRCA1 ou 2 (associadas ao câncer de mama e ovário, nas mulheres, e de próstata, nos homens), entre outras. Quando uma célula maligna começa a se multiplicar dentro da glândula, a condição quase sempre é assintomática— daí a importância do rastreamento, ou seja, fazer exames mesmo quando está tudo bem. Só quando o tumor aumenta é que podem surgir sintomas, também comuns a outras doenças, como dificuldade de urinar, frequência maior de micções, diminuição do jato e presença de sangue na urina.

Exames que salvam vidas

Para detectar um tumor de próstata é necessário fazer um exame de sangue para dosagem do antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês) e o toque retal, um teste realizado pelo médico de forma rápida e indolor.

Nem sempre um PSA elevado significa que o paciente tem câncer - esse antígeno pode aumentar por causa de outras condições, como a hiperplasia benigna de próstata. "Além disso, o PSA aparece normal em cerca de 20% dos tumores de próstata, inclusive alguns cânceres mais agressivos", esclarece o oncologista Oren Smaletz, do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Por tudo isso, a dosagem deve sempre ser feita em conjunto com o toque retal. Exames de imagem também podem ser solicitados para completar a análise dos resultados.

Diante de uma suspeita, é necessário realizar a biópsia, procedimento feito sempre com anestesia. A oncologista Ana Paula Cardoso observa que hoje é possível utilizar não apenas as imagens do ultrassom para guiar as punções, como fundir essas imagens com as do exame de ressonância magnética, permitindo selecionar áreas mais suspeitas para a coleta das amostras. "Também é possível optar pela biópsia transperineal [em que a agulha é inserida no tecido do períneo], que diminui o risco de infecções em relação à biópsia transretal [feita pelo reto]", acrescenta a médica.

Outra novidade no campo do diagnóstico é o PET-CT (tomografia por emissão de pósitrons) com PSMA (sigla em inglês para Antígeno de Membrana Específico para Próstata), que permite uma varredura no corpo em busca de sinais do tumor. Diferente do PET-CT tradicional, a nova versão é muito mais sensível para detectar o câncer de próstata, e pode ser usado tanto no estadiamento, para planejar o tratamento, como no acompanhamento do paciente e até para guiar novas modalidades de terapia.

Nem todos os casos exigem tratamento imediato

Apesar da alta incidência do câncer de próstata, a doença é muito heterogênea. Em outras palavras: um tumor pode crescer de forma lenta, sem ameaçar a vida, enquanto outro pode ser muito agressivo, com chances de se espalhar para outros órgãos (metástase) rapidamente.

"Para alguns pacientes nada precisa ser feito, enquanto outros farão vários procedimentos", avalia Maluf. A vigilância ativa, ou seja, apenas acompanhar o paciente com exames regulares, é uma opção que só se tornou possível com todo o conhecimento adquirido ao longo dos últimos anos sobre o comportamento e a genética dos diferentes tipos de câncer.

O médico conta que cerca de 30% dos pacientes não precisam de tratamento imediato por terem um câncer indolente, de evolução lenta, e diagnosticado em estágios iniciais. "Parece um pouco loucura, mas alguns casos podem não precisar de tratamento, ou é possível adiar o início do tratamento em dez anos sem reduzir as chances de cura", afirma.

Tratamentos focais: cirurgia, radioterapia ou HIFU

Se no câncer de mama em estágios iniciais é possível remover apenas o tumor e as áreas vizinhas, como margem de segurança, preservar a glândula não é possível no câncer de próstata. Em primeiro lugar, porque ela é pequena, mas principalmente porque a doença é multifocal.

A prostatectomia radical, que remove toda a próstata, as vesículas seminais e, às vezes, os linfonodos da região, tem altas chances de cura quando a doença está localizada. No entanto, há o risco de efeitos colaterais como disfunção erétil e incontinência urinária, que variam de acordo com a idade do paciente e o avanço do tumor na glândula.

"Em cada lado da glândula há dois feixes nervosos que são responsáveis pela ereção, e se o tumor estiver muito próximo da periferia, esses nervos podem ter de ser sacrificados no momento da cirurgia", pontua Smaletz. A radioterapia pode substituir o tratamento cirúrgico em muitos casos, mas os riscos também existem nessa modalidade. Para esses pacientes, o uso de medicamentos pode ajudar na recuperação da função erétil e, quando isso não é possível, pode-se discutir o uso de próteses penianas. Já o risco de incontinência urinária pode ser reduzido com a realização de fisioterapia pélvica antes e depois da cirurgia.

As cirurgias robóticas, outro grande avanço nos últimos anos, beneficiaram muito os pacientes, que ficam menos tempo internados, com menor risco de sangramento e outras complicações. "Os resultados oncológicos são muito parecidos em relação às cirurgias tradicionais, porém a recuperação do paciente é muito mais rápida", observa Smaletz. Os especialistas do Einstein têm coletado dados para estudar se cirurgias robô-assistidas podem causar menor risco de disfunção erétil e incontinência urinária.

Para parte dos pacientes com doença localizada, é possível considerar, ainda, uma nova tecnologia para destruir in loco as células do câncer - o ultrassom de alta intensidade (HIFU, ou High Intensity Focused Ultrasound). Disponível no Einstein, o tratamento consegue preservar um lado da próstata, e tem risco bem mais baixo de causar sequelas como a disfunção erétil. O HIFU, no entanto, é indicado apenas para tumores unilaterais de menor volume, o que torna ainda mais importante os exames preventivos para descobertas em fases mais precoces.

A radioterapia também mudou muito nos últimos anos, segundo os médicos, com equipamentos e softwares de imageamento em 3D que permitem detalhar muito melhor para onde vai a radiação. Tecnologias que permitem regular a intensidade por áreas, como é o caso da IMRT (radioterapia com intensidade modulada), também diminuem o risco de atingir estruturas vizinhas, causando menos efeitos colaterais como inflamações na bexiga, no reto ou na cabeça do fêmur.

Se nos estágios iniciais é possível apenas observar o tumor, ou removê-lo com apenas um tratamento focal, conforme a doença avança para estruturas vizinhas ou provoca metástases, as chances de curar o câncer diminuem, mas novas opções de tratamento sistêmico têm permitido aos pacientes controlar a doença ao longo dos anos, com maior efetividade e qualidade de vida.

Além da cirurgia e da radioterapia, o tratamento sistêmico mais utilizado para o câncer de próstata é a hormonioterapia, que consiste em bloquear a ação da testosterona - o grande combustível dos tumores. Esses medicamentos também podem reduzir bastante as chances de recidiva, e há novas opções terapêuticas para os casos em que eles perdem seu efeito, algo comum de acontecer após alguns anos.

Cavalo de troia para células malignas

Uma das tecnologias mais inovadoras para o câncer de próstata metastásico é um conceito conhecido como "teranóstico": diagnosticar e tratar ao mesmo tempo. Recentemente, foram aprovados dois radiofármacos, o Radium 223 e o Lutecium 177, moléculas combinadas com elementos radiativos que, ao serem injetadas nos pacientes, identificam as células malignas e as destroem, poupando as células sadias.

A novidade tem aumentado em cerca de 30% a sobrevida dos pacientes com tumores de próstata refratários a outras terapias. A expectativa dos médicos é de que essa tecnologia tenha seu uso ampliado no futuro, inclusive para outros tipos de câncer. "É um benefício importante de sobrevida e controle da doença, quando ela é metastásica", conta Maluf.

Outro exemplo de como a medicina de precisão tem revolucionado a vida dos pacientes com câncer avançado é o uso das chamadas terapias-alvo. Com o sequenciamento genético dos tumores, é possível identificar certas mutações e indicar medicamentos que atuam apenas nas células malignas. Para o câncer de próstata metastásico, tem-se usado com sucesso os chamados inibidores de PARP (sigla usada para nomear uma enzima envolvida no reparo do DNA do tumor, permitindo que ele cresça). O tratamento está aprovado para pacientes que apresentam alterações nos genes BRCA1, BRCA2 e ATM, e trouxe um enorme avanço para pacientes com câncer metastásico resistente a outras terapias.

A imunoterapia, que tem sido apresentada como a grande revolução na oncologia, ainda tem um papel muito limitado no combate ao câncer de próstata - estima-se que apenas 2% dos casos respondam a esses tratamentos, que neutralizam mecanismos das células malignas para driblar o sistema imunológico. Mas é possível que no futuro a ciência encontre formas de fazer com que esses cânceres também sejam capazes de expressar antígenos e respondam à imunoterapia, ou até a eventuais vacinas terapêuticas.

Abordagem multidisciplinar faz toda a diferença

A participação de profissionais de saúde de diferentes especialidades é fundamental para tornar a jornada do paciente com câncer a mais confortável possível. Isso inclui não apenas a escolha do tratamento mais eficaz e adequado para cada indivíduo, como também detalhes que parecem menos importantes, mas que podem ser determinantes para o sucesso do tratamento, como o auxílio com marcação de exames e consultas, educação sobre a doença e orientações de estilo de vida.

Estudos mostram que tratar o excesso de peso, por exemplo, pode reduzir muito a chance de recidivas, e a atividade física orientada alivia bastante os efeitos colaterais dos tratamentos. Até detalhes como a dieta a ser seguida durante a radioterapia podem melhorar os resultados. "A posição da próstata pode mudar de acordo com a bexiga e o reto, por isso é fundamental ter uma nutricionista que prescreva uma alimentação mais laxativa e antifermentativa, e que diga o quanto de água tomar antes do procedimento", ilustra Ana Fernanda Centrone, gerente do Centro de Oncologia e Hematologia.

No Einstein, com ajuda de questionários padronizados, os pacientes têm diversos aspectos da qualidade de vida avaliados ao longo de todo o tratamento e também após a remissão. Isso permite um melhor manejo dos efeitos colaterais, levando em conta questões sexuais e psicológicas, que são essenciais para o bem-estar dos pacientes. No caso do câncer de próstata, após 12 meses da realização da cirurgia, 96% dos pacientes do Einstein relataram não ter incontinência urinária e 88% disseram ter sua potência sexual preservada. O número é superior aos 90% e 81% registrados, respectivamente, no Hospital Martini Klinik, na Alemanha, hospital de referência em câncer de próstata no mundo.

E esse suporte precisa continuar mesmo depois que o câncer deixa de ser o principal desafio, como prevê o Programa Survivorship., que oferece o apoio de uma equipe multidisciplinar após o tratamento do câncer, inclusive para quem precisa seguir com a hormonioterapia por tempo prolongado. Centrone explica que muitos pacientes precisam de orientações sobre como voltar à rotina, retomar o trabalho e a atividade física, e como lidar com eventuais efeitos colaterais que tenham restado.

Uma das formas de ofertar esse cuidado após a alta é criar um ambiente diferente daquele frequentado durante o tratamento para realizar os exames de controle. É o caso do Espaço Einstein, nova unidade do hospital em São Paulo dedicada à promoção da saúde, reabilitação e performance dos pacientes recuperados. "Quando o paciente chega até aqui, ele está cuidando do seu bem-estar. O tratamento, felizmente, é uma etapa que ficou para trás", finaliza Centrone.

Cada vez mais opções para tratar o câncer de próstata

Existem vários tipos de tumores - enquanto alguns deles podem ser apenas acompanhados de perto, outros demandam diferentes procedimentos:

  • Vigilância ativa

    Em casos de tumores menos agressivos, é possível apenas acompanhar o paciente com exames periódicos e postergar o início do tratamento em muitos anos. Essa abordagem vem se tornando mais comum à medida em que o conhecimento sobre o câncer e as ferramentas diagnósticas evoluem.

  • Ultrassom Focado de Alta Intensidade (HIFU)

    Para certos casos bem selecionados, a cirurgia e a radioterapia podem ser substituídas pelo HIFU, um procedimento menos invasivo que utiliza calor para destruir as células malignas. Por preservar parte da próstata, há um risco bem menor de efeitos colaterais como a disfunção erétil.

  • Radioterapia

    Equipamentos que fornecem imagens em 3D e modulam a intensidade da radiação hoje permitem um tratamento mais focado, que dura menos semanas e tem menor risco de atingir o reto ou a bexiga, que ficam próximos à próstata. Para alguns pacientes, a radioterapia somada ao bloqueio hormonal pode até substituir a cirurgia, tornando o tratamento menos invasivo.

  • Cirurgia

    As técnicas robóticas melhoraram o tempo de recuperação após a cirurgia, além de reduzir o risco de sangramentos e outras complicações.

  • Hormonioterapia

    Os hormônios andrógenos (testosterona e diidrotestosterona) estimulam o crescimento do tumor, por isso, o uso de medicamentos para bloquear esses hormônios evita que isso aconteça, além de diminuir a chance de recidiva. Hoje existem diferentes opções, bem como terapias que permitem o manejo de efeitos colaterais comuns, como a osteoporose.

  • Quimioterapia

    Novos fármacos foram lançados nos últimos anos, e, com abordagens multidisciplinares, hoje é possível manejar melhor os efeitos colaterais do tratamento, como náusea e fadiga, o que traz muito mais conforto para o paciente.

  • Radiofármacos

    Considerados um marco no tratamento dos tumores de próstata, esses compostos injetáveis detectam as metástases e, ao mesmo tempo, emitem radiação para destruir apenas as células malignas. Essa nova modalidade tem aumentado de forma significativa a sobrevida dos pacientes com câncer avançado, e seu uso deve ser ampliado nos próximos anos.

  • Terapias-alvo

    Desenvolvidos com base nas características genéticas de cada tumor, esses fármacos permitem um tratamento mais certeiro, preservando as células sadias dos pacientes. Um exemplo do avanço nessa área, no câncer de próstata, são os chamados inibidores de PARP (proteínas que ajudam a reparar o DNA do tumor). A novidade foi aprovada para pacientes com as mutações dos genes BRCA 1, 2 e ATM.

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