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Este conteúdo é uma produção do UOL Content_Lab para GSK e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL. Publicado em Abril de 2022

Não vacile com a meningite

É preciso manter as vacinas em dia para evitar surtos de doenças como a meningite meningocócica (1)

oferecido por Selo Publieditorial

Os números de 2021 ainda não são definitivos, mas já trazem um alerta: apenas 67,51% do público-alvo tomou a vacina contra a meningite meningocócica C no país, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde (MS) (2). A meta do MS era chegar a uma cobertura vacinal de 95% (18). No entanto, a última vez que o Brasil se aproximou desse patamar foi em 2016, quando registrou 92,77%(2). Desde então, os índices seguem em queda anualmente e a situação ficou ainda mais crítica com a pandemia (3). Em 2020, somente 77,14% das crianças foram imunizadas contra a meningite meningocócica C(2).

Diante deste cenário, o Ministério da Saúde distribuiu 900 mil doses da vacina meningocócica C em agosto do ano passado e ampliou a idade do público-alvo para alcançar quem deixou de ir aos postos nos últimos anos (4).

No calendário de vacinação, o PNI prevê a vacinação em um esquema de duas doses, aos 3 e 5 meses de vida, com uma dose de reforço aos 12 meses de idade. Mas, com a ampliação, os pais tiveram até o último mês de dezembro para deixar em dia a caderneta das crianças menores de 11 anos, que não foram levadas para tomar a vacina contra a doença meningocócica na idade recomendada (4).

Na ocasião, o Ministério da Saúde informou que o número de não vacinados menores de 10 anos podia chegar a 1,8 milhão (4). Até o momento, não foi divulgado quantas crianças ficaram em dia com a vacina após a nova convocação.

Antes de 2021 acabar, o Ministério da Saúde voltou a manifestar sua preocupação com a queda da vacinação. Em dezembro, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), lançou o Plano de Reconquista das Altas Coberturas Vacinais. O objetivo é implementar ações de apoio estratégico ao PNI para reverter a baixa adesão aos Calendários Nacionais de Vacinação, além de assegurar o controle de doenças imunopreveníveis como meningites, sarampo, poliomielite, gripe e todas as outras que têm vacinas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (5).

Efeito pandemia

Em uma pesquisa encomendada pela farmacêutica GSK, a Ipsos ouviu, entre janeiro e fevereiro de 2021, quase 5 mil pais ou responsáveis legais de oito países, constatando que 50% deles atrasaram ou cancelaram a vacinação de seus filhos contra meningite meningocócica durante a pandemia de COVID-19. No Brasil, 57% dos entrevistados declararam ter cancelado ou adiado algum compromisso ou consulta de saúde dos filhos durante a pandemia (6).

Um diferencial favorável aos pais e responsáveis legais brasileiros é que eles demonstram maior probabilidade de se recuperar do chamado "abandono vacinal", com 76% dos entrevistados afirmando ser provável que atualizem a caderneta dos filhos assim que possível - contra 66% na média dos oito países pesquisados (6).

Na avaliação do presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, as coberturas vacinais caíram de maneira significativa em função do receio das pessoas saírem de casa para se vacinar diante da pandemia, especialmente na pediatria. No entanto, ele alerta que as doenças do calendário vacinal de rotina são mais frequentes do que a própria COVID-19.

Para Kfouri, felizmente, no Brasil ainda não há muitos grupos anti-vacinas. Segundo ele, o grande desmotivador é a falsa percepção dos pais de que algumas doenças desapareceram.

A nova geração não sabe o que é meningite, difteria, poliomielite, coqueluche, sarampo, febre amarela. Essas doenças não fazem mais parte do cotidiano. Por isso, a comunicação que nós temos que fazer a respeito é que para não termos mais essas doenças é preciso continuar vacinando. O risco de não cumprir o calendário vacinal é termos tudo isso de volta.

Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

O técnico jurídico Elisson Lobo de Oliveira, 37 anos, ainda não tem filhos. Mas, se tivesse, não ia pensar duas vezes sobre vacinar contra a meningite meningocócica. É que, quando tinha só 10 anos, se viu sendo levado, de hospital em hospital, em busca de um diagnóstico. Apresentava um quadro febril que não cessava, vomitava bastante e o pescoço estava enrijecido. As lembranças daquela agonia são bem vagas, mas, anos depois, soube pela mãe que teve meningite meningocócica tipo C e chegou a ficar 20 dias em coma.

"Foi grave, fiquei internado, em coma, a ponto de o médico desenganar minha mãe. Graças a Deus que não fiquei com sequelas", conta.

Meningite Meningocócica

Sim, a doença pode ser letal, deixar sequelas e também tem preocupado a Organização Mundial da Saúde (OMS), que lançou em setembro de 2021 a primeira estratégia global para derrotar a meningite. As metas são eliminar epidemias de meningite bacteriana - a forma mais grave da doença - e reduzir as mortes em 70%, além de reduzir pela metade o número de casos até 2030. A OMS estima que, no total, a estratégia pode salvar mais de 200 mil vidas anualmente e reduzir significativamente as incapacidades causadas pela doença (7).

A meningite, uma dessas doenças que andam "sumidas" graças à vacinação, é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. No Brasil, ela é considerada endêmica, ou seja, casos são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais (8). Esta inflamação pode ser causada, por exemplo, por vírus ou bactérias, sendo as bacterianas geralmente as mais graves. A meningite meningocócica é causada pela bactéria conhecida como meningococo (9).

Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta, assim como a COVID-19 (9, 19).

Os sintomas mais comuns são febre alta, vômitos, dor de cabeça, irritabilidade e perda de apetite (9). A rigidez na região da nuca, dificultando a flexão do pescoço, também está entre os sintomas da enfermidade. Nos bebês, é possível haver ainda o abaulamento da fontanela - conhecido popularmente como moleira alta (10).

Quando esses sinais surgem, é importante procurar logo um médico, que vai indicar o tratamento adequado e como fazer a prevenção de novos casos (17).

Alguns dos sintomas são comuns a outras doenças, que podem ser confundidos com qualquer doença viral. O diagnóstico fica mais claro quando tem manchas na pele. Quando o quadro vai ficando mais intenso, o médico tem mais clareza para o diagnóstico

Renato Kfouri

No Sistema Único de Saúde (SUS), está disponível a vacina Meningocócica C (conjugada) para crianças (de três meses a menores de cinco anos de idade), pelo Calendário Nacional de Vacinação (9). Além do sorogrupo C, existem outros quatro principais tipos de meningococos que causam a doença: A, B, W e Y. A vacina ACWY está disponível no sistema público para adolescentes de 11 e 12 anos de idade (11,16).

Complementando o calendário do PNI, a rede privada oferece vacinas para das diversas faixas etárias contra os cinco principais sorogrupos causadores da meningite meningocócica no Brasil: Vacina Meningocócica B e Vacina Meningocócica ACWY. (11, 14, 16).

Já o presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP ressalta que a meningite meningocócia tem 20% de letalidade (9), enquanto que o sarampo, por exemplo, tem uma a três mortes para cada mil casos.(21)

Vale destacar que de 10% a 20% dos sobreviventes da meningite meningocócica tem sequela. Pode ser motora, retardo mental, cegueira, surdez, vários tipos de sequelas em diferentes órgãos. Os menores de 5 anos são os que estão mais propensos a doença e o contágio pode acontecer pelas vias respiratórias, de pessoa para pessoa

Renato Kfouri

A meningite causada por infecção bacteriana tende a ser a mais séria - levando a cerca de 250 mil mortes por ano no mundo e pode causar epidemias de rápida propagação. No Brasil, a doença leva a óbito duas em cada dez pessoas infectadas - principalmente crianças e jovens - e globalmente, deixa uma em cada cinco com incapacidades de longa duração, como convulsões, perda de audição e visão, danos neurológicos e deficiência cognitiva (9, 12).

De acordo com informações do Ministério da Saúde, no Brasil, entre os anos de 2007 e 2020, foram confirmados 265.644 casos de meningite, sendo a meningite viral mais frequente (121.955 casos), seguida da bacteriana (87.993 casos) (9).

Dicas e cuidados

As autoridades de saúde alertam que não cumprir com o calendário estabelecido pelo PNI, principalmente nas vacinas previstas nos primeiros anos de vida, pode resultar no retorno do surto de doenças que hoje estão controladas (1).

Em comunicado conjunto, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) defendem que a oferta das vacinas deve ser mantida de maneira regular e que a população deve ser encorajada a manter o calendário vacinal atualizado, procurando visitar a unidade de saúde mais perto de suas residências e em horários menos concorridos. O comunicado sugere ainda que os pais devem otimizar o calendário com a aplicação do maior número de vacinas possível na mesma visita, desde que se respeite o intervalo mínimo entre as doses e as orientações de coadministrações, com o objetivo de reduzir o número de visitas às unidades de saúde. (13)

Quando a criança deve tomar cada vacina:

  • Vacina Meningocócica B(14):

    Para crianças, as sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam o uso rotineiro de duas doses e um reforço da vacina meningocócica B: aos 3 e 5 meses de vida e entre os 12 e 15 meses. A vacina está disponível apenas em clínicas privadas e pode ser administrada de 2 meses a 50 anos de idade.

  • Vacina Meningocócica C (15, 17):

    Na infância deve ser tomada aos 3 e 5 meses, e um reforço aos 12 meses, que pode ser aplicado até antes de completar 5 anos. A vacina está disponível através do Programa Nacional de Imunizações e em clínicas privadas

  • Vacina Meningocócica ACWY (16, 17):

    A SBIm recomenda que a vacina meningocócica conjugada quadrivalente (ACWY) deve iniciar aos 3 meses de idade, com duas doses no primeiro ano de vida e reforços entre 12 e 15 meses, entre 5 e 6 anos e aos 11 anos de idade. No PNI, a vacina está disponível na faixa etária de 11 a 12 anos. E, em outras faixas etárias, a vacina se encontra disponível em clínicas privadas.

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