Imagine uma solução rápida, barata, indolor e sem drogas, que pode garantir uma chance de cura de 95% para o câncer de próstata e baixar a patamares mínimos os riscos de sequela. Parece bom demais para ser verdade. Mas é exatamente isso que a combinação de exame de toque e de sangue oferece aos homens a partir dos 50 anos. E muitos deles ainda se recusam a aceitar a oferta.
Os especialistas são unânimes: a mais importante variável para qualquer desfecho ou prognóstico é a detecção precoce do tumor. E o maior impeditivo para o avanço desta detecção está na cabeça dos próprios homens.
"A resistência ainda é bastante significativa", afirma Dr. Carlo Passerotti urologista, cirurgião e coordenador do Centro Especializado em Urologia e do Centro de Cirurgia Robótica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O maior símbolo e obstáculo concreto de resistência entre os pacientes é o exame de toque retal, indispensável. Mas há mais nuances nessa questão. O medo de descobrir a doença e os mitos em torno das possibilidades de sequelas são componentes importantes.
"O câncer de próstata interfere na ideia de virilidade, que é um campo identitário do homem, de sua masculinidade", explica Dr. Alaor Carlos de Oliveira Neto, psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. "Todo quadro clínico que interfere nesse aspecto da imagem e da própria sexualidade do indivíduo obviamente cria um quadro estressor maior".