Conteúdo de Marca

Este conteúdo é uma produção do UOL Content_Lab e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL.

Humanização e saúde infantil

5º Congresso Sabará trouxe as últimas novidades em pediatria e discutiu equidade no atendimento aos pacientes

oferecido por Selo Publieditorial

No final do ano passado, o 5º Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil reuniu mais de 2 mil participantes em quase cem mesas-redondas online que abordaram os principais temas sobre a saúde de recém-nascidos, crianças e adolescentes. "Do cuidado geral ao especializado e do pronto-socorro à alta complexidade das linhas de cuidado, nossos especialistas e convidados nacionais e internacionais compartilharão o que há de melhor no conhecimento sobre o assunto", diz Ary Ribeiro, CEO do Sabará Hospital Infantil, durante a abertura do evento. E o melhor: todo conteúdo continua disponível para consulta pelos próximos meses na plataforma de educação à distância www.ead.ensinosabara.org.br.

Nesta edição, os simpósios multidisciplinares deram destaque à diversidade e à humanização do atendimento no Brasil. "Nosso congresso extrapola o âmbito tradicional de saúde. Além de renomados professores de todo o Brasil e professores internacionais, trouxemos o que tem de mais atual em saúde pediátrica para ser discutido", disse dr. José Luiz Setúbal, presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal (mantenedora do Sabará Hospital Infantil). "Fomos além da pandemia de COVID-19 e abordamos conteúdos importantes sobre deficiência mental, saúde mental, racismo, igualdade de gênero e outros assuntos que impactam a saúde de crianças e adolescentes."

Para iniciar o debate sobre a desigualdade no atendimento das crianças brasileiras, o médico destacou pontos importantes da vida de uma criança negra, como o maior risco de morte antes dos cinco anos de idade. "Elas são mais vulneráveis à mortalidade materna, à violência policial e à exploração da mão de obra infantil", alerta. É por isso que, para aprofundar o assunto, a programação contou com a presença de Jaílson Silva, fundador do Observatório das Favelas, e Suelaine Carneiro, vice-presidenta do Gelédes Instituto de Mulher Negra. "Nesses três dias, poderemos ouvir vozes importantes falando sobre desigualdade racial na infância", disse Setúbal. "Tenho certeza de que, com eles, teremos a oportunidade de levantar reflexões para empoderar e inspirar todos nós."

E assim foram os três dias de evento: totalmente inspiradores e repletos de diversidade. Inclusive com a presença das cientistas mulheres Ester Sabino e Jaqueline Góes, que compartilharam suas experiências dentro da equipe que revelou o sequenciamento do novo coronavírus. "Eu havia aprendido a técnica com os cientistas de Oxford quando estudamos o vírus da Zika anos atrás. Aí, no início da pandemia, eles nos convidaram para fazer o mesmo trabalho", diz Sabino. Para Góes, o levantamento publicado em fevereiro foi fundamental para entender os mecanismos de introdução e transmissão da COVID-19 e seus possíveis desdobramentos no mundo.

"Cada pessoa é responsável por todas as pessoas"

Foi assim que o filósofo Mário Sérgio Cortella explicou um dos significados da palavra humanização, durante a sua participação no 5º Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil. "É muito importante que as pessoas se preocupem com esse tema porque a empatia e a compaixão orientam a nossa conduta em um território mais acolhedor e com mais generosidade", destacou, referindo-se também a Santo Agostinho. "Ele dizia que 'não sacia a fome quem lambe pão pintado'. Ou seja, é preciso ir além da representação. É preciso colocar em prática as ações de humanização para que ela exista e cumpra a sua função."

É exatamente com esses princípios que a equipe de Child Life do Sabará Hospital Infantil trabalha para minimizar o estresse das crianças e dos adolescentes diante dos procedimentos médicos e para desenvolver a cognição deles durante o período em que estão internadas.

O objetivo desses profissionais multidisciplinares não é encontrar a cura ou o tratamento para o paciente, mas trazer conforto e bem-estar relacionados a aspectos sociais e mentais

Sandra Mutarelli Setúbal, Presidente do Instituto PENSI, braço de pesquisa ligado à Fundação José Luiz Egydio Setúbal

E o melhor: tudo por meio de brincadeiras. Imagine uma explosão de cores e barulho produzidos ao chacoalhar uma garrafa de plástico transparente cheia de água, glitter, botões e miçangas. "Chamada de 'garrafa mágica', ela proporciona estímulos visuais e auditivos para a criança relaxar durante um exame de sangue ou a colocação de uma sonda para fazer xixi, por exemplo", explica a psicóloga Dora Leite, coordenadora da equipe de Child Life do Sabará Hospital Infantil. Junto com enfermeiros, médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e outros profissionais da saúde, o grupo atua para dar segurança e conter a ansiedade dos pequenos.

Muitas vezes, é preciso que, durante um procedimento mais invasivo, alguém esteja escutando a criança e entendendo o que ela está sentindo

Dora Leite, Psicóloga coordenadora da equipe de Child Life do Sabará Hospital Infantil

"Não é por falta de sensibilidade dos outros profissionais, porém, no momento de trocar um curativo ou fazer um exame, eles precisam estar focados em outros aspectos." Essa divisão de papéis - que até pode parecer pouco clara para quem trabalha em hospital com modelos tradicionais - vem encontrando o seu espaço e legitimando a sua importância nos Estados Unidos e em outros países.

A psicóloga mexicana María Fernanda Busqueta, uma das referências na área, garante: o cuidado com o paciente se torna muito mais integrado com questões sociais, mentais e físicas quando há uma equipe de Child Life em cena.

"Sempre existe uma certa resistência quando tentamos implementar algo novo. Porém, quando os profissionais e a família se dão conta de que a rotina da criança se torna mais leve e confortável com o nosso trabalho, eles passam a incluir a gente em todo o processo", contou a especialista durante o segundo dia de evento. É por isso que, no Sabará Hospital Infantil, recursos lúdicos, como livros infantis que explicam os procedimentos médicos e caixas com objetos coloridos de silicone, acabaram se tornando itens tão indispensáveis.

Darren Walker, presidente da Fundação Ford

"Torna-te necessário a alguém"

O pensamento do escritor americano Ralph Waldo Emerson, do século XIX, também foi abordado pelo filósofo Mário Sérgio Cortella durante o terceiro dia do 5º Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil. "Já ouviu falar que uma pessoa só deve olhar a outra de cima para baixo se for para ajudá-la a se levantar? O autor dessa frase é desconhecido, mas me faz refletir que precisamos ser capazes de entender a nossa igualdade de gene comum, que é o do ser humano, para termos a noção de humildade e para olhar o outro com dignidade e respeito."

Darren Walker (foto), presidente da Fundação Ford (instituição filantrópica que gerencia 13 bilhões de dólares) concorda: essa visão empática é fundamental nos dias de hoje. Para ele, as populações negra e indígena são a mais vulneráveis e, consequentemente, as mais impactadas com a pandemia da COVID-19. "Precisamos intervir no sistema para trazer mais oportunidade e justiça às pessoas que foram deixadas para trás durante toda a história da sociedade."

Ele ressalta que, mesmo com a economia instável, agora não é o momento para as organizações deixarem de doar parte de sua renda para quem mais precisa. "A filantropia não é para que os homens brancos e ricos se sintam bem. Pelo contrário, eles devem se sentir desconfortáveis por ter tamanha desigualdade em seus países." Felizmente, essa doação não precisa vir somente em forma de dinheiro, mas também de ações. Por isso, uma das convidadas do evento foi a médica Gloria Brunetti, fundadora do VER - Voluntariado Emílio Ribas, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.

"Há duas décadas, o primeiro projeto de voluntariado que apresentei à diretoria do hospital foi negado. Esperei dois anos para mostrá-lo para uma nova gestão, que acabou aprovando as frentes de humanização que eu havia idealizado", conta Brunetti. O que, no início era uma utopia de uma única médica, ganhou corpo e se tornou uma fundação com mais de duzentos voluntários que atuam em dezesseis projetos, como a rede de apoio para adolescentes que vivem com o vírus do HIV e as aulas de yoga, Reik e meditação para pacientes internados.

"Utopia é o inédito viável"

Um dia antes de o filósofo Mário Sérgio Cortella explicar que utopia não significa o impossível - mas o "ainda não" -, o médico Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, abordou o sonho da chegada das vacinas contra a COVID-19 para toda a população. "O Brasil, apesar de ser um país continental, já sabe como levar doses de vacinas até os territórios mais distantes, como comunidades ribeirinhas, cidades do sertão nordestino e aldeias indígenas." Isso graças ao Programa Nacional de Imunizações do Sistema Único de Saúde (SUS), que criou uma capilaridade de fornecimento considerada referência em todo o mundo.

Ainda no assunto da pandemia, o seminário sobre a "Experiência Sabará com COVID-19" levantou as adaptações que precisaram ser feitas durante esse período atípico. "Desenvolvemos um protocolo para que todos os pacientes com sintomas da doença fossem internados em quartos com pressão negativa. Além disso, criamos um novo fluxo de deslocamento para que a entrada e a saída dessa área fossem totalmente separadas do resto", conta o infectologista Francisco Ivanildo, Gerente de Qualidade Assistencial do Sabará Hospital Infantil.

Para compensar a baixa movimentação no pronto-socorro e nos leitos de internação, os gestores apostaram no atendimento domiciliar e na telemedicina, que foi regularizada pelo Ministério da Saúde durante a quarentena. "Treinamos o corpo clínico para várias possibilidades, como teleconsulta, teletriagem e telemonitoramento", diz o médico Thales Oliveira, Supervisor do Pronto-Socorro do Sabará Hospital Infantil. De abril até novembro de 2020, foram realizadas 987 teleconsultas pediátricas, que representam 10% do fluxo total. "Com a prática, conseguimos superar as barreiras e aprendemos como realizar exames físicos em adolescentes, crianças e até recém-nascidos", diz Oliveira. Só de avaliações pré-anestésicas, foram 1.027 no total, ou seja, mais de mil pacientes e famílias que não precisaram se deslocar até o hospital para serem atendidos antes da cirurgia.

"Não se cura, se cuida"

Em um evento que mostrou tantos novos estudos e casos clínicos - de Alergias Cutâneas a Doenças Imunológicas e de Dificuldades Alimentares a Medicina Fetal -, é impossível não comparar os pesquisadores com o arcanjo Rafael, citado por Mário Sérgio Cortella em sua última referência do dia. "Independentemente da crença, ele é o campo simbólico do cuidado e da cura. Mas, acima de tudo, é ele que leva a luz e ilumina", conclui o filósofo. Não seria exatamente igual aos pesquisadores que costuma clarear a verdade?

Na década de 80, o epidemiologista Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, desconfiou que a falta de aleitamento materno pudesse ter ligação com o alto índice de mortalidade em crianças devido à diarreia. "Avaliamos dois mil óbitos e fizemos um levantamento com outros recém-nascidos que viviam no mesmo bairro deles", conta Victora. "Descobrimos que o risco de morte de quem não recebia leite materno era catorze vezes maior. E pior: entre aqueles que tomavam duas mamadeiras de água ou chá por dia, a taxa de mortalidade chegava a ser o dobro", contou o cientista. A pesquisa foi a primeira a demonstrar a tese e se tornou referência no assunto.

Em sua Conferência-Magna exclusiva para o congresso, o epidemiologista contou as vantagens e os desafios em fazer ciência no Brasil. Responsável pela criação da curva do crescimento infantil que é usada por mais de 150 países, Victora relembrou que nem sempre a pesquisa ganha o destaque esperado. "A ciência nunca atravessou uma fase tão ruim como agora. Precisamos lutar para que os nossos achados não sejam politizados nem ignorados como têm acontecido."

E é verdade: enquanto no Brasil negamos o que é jogado luz pelos pesquisadores, o resto do mundo mantém os olhos voltados para cá. Isso porque Victora lidera a Epicovid-19, uma das maiores pesquisas do mundo sobre o novo coronavírus. Para os participantes do congresso, ele compartilhou sua experiência: "Estamos monitorando a presença de anticorpos na população de 133 cidades, nos quatro cantos do país. Com isso, descobrimos que eles estão presentes duas vezes mais entre as classes mais pobres e quase cinco vezes mais entre os indígenas", diz o cientista, que alerta que a doença pode ter efeitos a longo prazo ainda desconhecidos nas crianças.

REALIDADE DIGITAL

Entre os vencedores estão duas inovações de realidade aumentada que trazem mais segurança e assertividade para os cirurgiões pediátricos. É o caso de Eduardo Verejão, que junto com artistas plásticos, construiu um modelo de crânio de silicone com representação de pele e camadas para ser usado antes dos procedimentos cirúgicos. "Por meio de um aplicativo, é possível simular desde a perfuração do crânio até as intervenções mais milimétricas", diz Varejão, que convidou trinta e oito cirurgiões experientes para avaliar a ferramenta.

Também na linha de realidade aumentada, o médico Maurício Yoshida criou um modelo simulador híbrido para planejamento cirúrgico de Encefalocele transesfenoidal a partir de tomografia e ressonância do osso, do cérebro e de partes moles do próprio paciente. "Pudemos definir o melhor acesso ao crânio e ensaiar toda a cirurgia com calma e segurança."

TELEMEDICINA

A fonoaudióloga Vanissia Vendruscolo desenvolveu uma abordagem de telerreabilitação para pacientes com transtornos do processamento auditivo central. "O programa conseguiu explorar a reorganização da estrutura auditiva para reduzir déficits funcionais e reforçar o aprendizado, a memória, a atenção e a linguagem", diz a profissional que vive em Portugal.

Já o médico Thales Oliveira, Supervisor do Pronto-Socorro do Sabará Hospital Infantil, foi reconhecido por ter criado um protocolo que reduziu de 159 para 44 minutos o tempo de permanência das crianças no pronto-socorro. "Os pacientes que necessitavam apenas de exame de urina eram liberados logo após a coleta e tinham seu atendimento finalizado via teleconsulta, o que resultou em menor exposição hospitalar deles e de suas famílias."

ATENDIMENTO AOS MAIS VULNERÁVEIS

A estudante de medicina do 3º ano Mariana Mian falou sobre sua vivência como voluntária no auxílio de povos indígenas que moram em aldeias a mais de 38 horas de barco de Manaus (AM). "Atendemos famílias inteiras e vimos muitas questões sociais que não encontraríamos nos postos de saúde do SUS", contou. "É claro que não resolvemos todos os problemas, mas acolhemos e fomos acolhidos", afirmou a graduanda que, a partir da experiência, fundou a primeira liga acadêmica de pediatria da sua faculdade. "Quero que meus colegas conheçam a medicina fora dos muros da instituição. Na próxima ida às aldeias, serão mais de 400 voluntários de diversas áreas da saúde, como odontologia, medicina e enfermagem."

ALIMENTAÇÃO

O 5º Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil também abrigou o prêmio Grant Pesquisa Danone Nutricia - Instituto PENSI, que recebeu 36 projetos inscritos com trabalhos científicos finalizados. Os vencedores receberam um patrocínio financeiro para o desenvolvimento das pesquisas relacionadas a alergias alimentares, tecnologia e dificuldade alimentar. "Como empresa, temos a crença de que a nutrição pode transformar vidas, desde antes o nascimento, passando pelos processos de crescimento até as pessoas idosas", diz Márcia Schontag, Diretora Médica da Danone Nutricia. Os projetos aprovados foram:

Tecnologia em Saúde: Louise Iara Gomes de Oliveira (Universidade Federal da Paraíba)

Economia em Saúde: Jaqueline Maffezzolli da Luz Bordin (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre/ Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre)

Alergias Alimentares: Carolina Soares da Silva (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre / Centro Universitário de Brasília)

Dificuldades Alimentares: Zeni Drubi Nogueira (Universidade Federal da Bahia - APAE - Salvador - Parceria Fiocruz)

INFLUÊNCIA DO PERÍODO GESTACIONAL NA SAÚDE DA CRIANÇA

"Costumo dizer que existem os 1.100 dias que são cruciais para o desenvolvimento de uma criança. Eles incluem os três meses que antecedem a concepção, as semanas da gestação e os dois primeiros anos de vida", diz o obstetra Mauro Sancovski, professor titular da Faculdade de Medicina do ABC. Durante o Simpósio sobre Dificuldades Alimentares, ele reforçou que o cuidado com a saúde nutricional da futura mãe pode evitar complicações, como diabetes gestacional, e possíveis má-formações do feto.

"Antes, nossa preocupação estava focada em não perder o bebê. Hoje, sabemos que afastar o risco de um parto prematuro é extremamente importante para as capacidades motora e cognitiva da criança." Para o obstetra, os médicos devem trabalhar em parceria com nutricionistas para atender todas as necessidades das gestantes. "Temos que reconhecer que precisamos aprofundar nosso conhecimento, principalmente para as pacientes vegetarianas ou intolerantes a alguns alimentos."

A TRIAGEM NEONATAL SALVA VIDAS

"No mundo, 90% dos pacientes com imunodeficiências primárias não são diagnosticados após o nascimento e levam cerca de 7 a 10 anos até conseguir uma explicação sobre os seus sintomas", ressalta a médica Carolina Prando, do Hospital Pequeno Príncipe, de Porto Alegre. Durante o Simpósio de Atualidades em Imunodeficiências e Alergias, ela destacou o caso das crianças com SCID, uma doença que acomete a produção de linfócitos T e B. "Esses bebês precisam receber um transplante de medula óssea o mais cedo possível", explica. "Estudos já comprovaram que se isso ocorre antes dos três meses e meio de vida, a taxa de cura pode chegar a 98%." Porém, quando a criança tem um quadro ativo de infecção e passa pelo transplante após essa idade, esse número despenca para 50%.

Hoje, a triagem neonatal possibilita que os pediatras descubram doenças em bebês aparentemente bem. "São enfermidades que representam um problema de saúde relevante, mas têm tratamento." Inclusive, o dignóstico precoce delas é capaz de reduzir os gastos com internações, medicamentos e reabilitação.

A ASMA NAS CRIANÇAS

Os médicos Emanuel Sarinho, futuro presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, e Gustavo Wandalsen, professor da Unifesp, falaram sobre os quadros de uma doença frequente entre as crianças: a asma. "Todo pediatra conhece bem como é a crise aguda: com cansaço, chiado no peito, tosse e dor no toráx", diz Sarinho. "Só que precisamos ficar atentos porque, mesmo quando leve, a asma causa uma inflamação recorrente no organismo do paciente." Por isso, o novo protocolo médico recomenda que, no caso dos adolescentes, a prescrição troque o beta 2 de curta duração (SABA) pelo beta 2 de longa duração associado ao corticoide inalado.

Infelizmente, também existem as situações graves da doença, que não são comuns (estão presentes em apenas 5% dos asmáticos), mas podem ser de difícil controle. "Além da anamnese, o pediatra precisa aplicar um questionário para mapear melhor a realidade do paciente, como o ACT para adolescentes e o c-ACT para crianças de cinco a onze anos", diz Wandalsen. Ele também alerta sobre a importância de identificar outras comorbidades, como disfunsão da corda vocal, ataque de pânico e bronquiolite obliterante. "Outro desafio é a baixa adesão ao tratamento, tanto por receio intencional, como por falta de entendimento. Para driblar esse risco, é preciso simplificar todo o processo."

Topo