As lembranças do que aconteceu durante o dia são gravadas de modo mais permanente no momento em que você se entrega ao sono. Portanto, lapsos de memória são frequentes quando não se dorme direito. Consequentemente, o aprendizado fica prejudicado e o raciocínio também. Na falta de sono, substâncias relacionadas ao bem-estar deixam de ser produzidas a contento. Daí, o mau humor. E, por fim, noites de insônia acumuladas vão causando danos perenes nas células nervosas, favorecendo o aparecimento de demências na terceira idade, inclusive o Alzheimer.
É durante o sono que o metabolismo do colesterol no fígado atinge seu ápice, em uma espécie de reciclagem noturna. Sem dormir, uma quantidade maior dessa gordura continua perambulando pelos vasos sanguíneos e isso pode facilitar o surgimento de placas capazes de entupi-los. Outro fenômeno é que a pressão arterial se eleva se você briga com o travesseiro, quase que para compensar a tendência natural de o ritmo cardíaco diminuir, o que aconteceria se você dormisse. O problema é que ela costuma permanecer nas alturas depois, durante o dia.
Quem dorme menos está sujeito ao aumento de peso. Ocorre um desequilíbrio nos hormônios que controlam o apetite. Cai a produção da substância que gera a saciedade e aumenta a de outra, que dispara a fome. Há ainda um aumento do cortisol, hormônio do estresse que aumenta a probabilidade de o organismo reservar energia na forma de gordura abdominal para caso necessidade. Aliás, talvez porque entenda a insônia como uma ameaça prestes a eclodir --ou um bom motivo para não deixá-lo adormecer--, o cérebro precavido clama pela energia dos carboidratos, como doces e pães.
A subida do ponteiro da balança, por si só, aumenta o que se chama de resistência à insulina, situação em que o hormônio, como se estivesse defeituoso, não consegue colocar direito a glicose dos alimentos para dentro das células de todo o corpo. Daí esse açúcar termina sobrando na corrente sanguínea. O pâncreas procura compensar esse quadro, liberando mais e mais insulina até uma hora que entra em falência, quase que por cansaço. É o diabetes tipo 2. Mas atenção: o péssimo hábito de dormir mal provoca a mesma reação, mesmo que você continue magro.