Aborto espontâneo: quais os sintomas? Como evitar? É possível rever?
Bruna Alves
Colaboração para VivaBem
28/08/2020 04h00Atualizada em 19/01/2024 15h07
O aborto espontâneo é a perda de uma gestação (feto/embrião) em sua fase inicial, ou seja, com até 20 semanas e com peso inferior a 500 g. Ele pode ser considerado precoce, quando ocorre até 12 semanas de gestação, ou tardio, quando ocorre a partir da 13ª semana.
Alguns sintomas são clássicos da maioria das gestações: enjoo, tontura, mal-estar, sono e alterações no humor. E o sumiço repentino desses sintomas pode ser um sinal de alerta.
Segundo especialistas, o aborto, na verdade, é o resultado de um abortamento, que é o processo contínuo que leva à perda de uma gestação.
A seguir, saiba mais sobre o assunto e conheça os sintomas do aborto espontâneo.
Tire dúvidas sobre aborto espontâneo
Quais os sinais de aborto espontâneo?
O principal sinal de aborto espontâneo é o sangramento, que pode ou não vir acompanhado de dor. "A cólica também é um sinal, mas é comum que no início da gestação, pelo crescimento do útero, a mulher tenha cólicas", diz Kleber Cassius Rodrigues, ginecologista e obstetra do Hospital Santa Joana.
No entanto, o sangramento vaginal pode ocorrer nos primeiros 3 meses de gestação e não representar abortamento. Se esse for o seu caso, não deixe de ir ao médico, pois a situação varia de acordo com cada mulher.
Quando os sintomas da gestação param, pode ser sinal de aborto?
Não necessariamente. Alguns sintomas melhoram com a evolução da gravidez, pois ocorre uma "estabilização" dos níveis hormonais. Por outro lado, é possível acontecer exatamente o contrário.
"Quando você tem a parada de evolução do embrião, essa produção hormonal cai abruptamente. O nível dos hormônios cai e os sintomas caem também. Então, não é incomum que você suspeite do diagnóstico do abortamento pela diminuição dos sintomas que a paciente estava apresentando antes do abortamento acontecer", explica Rodrigues.
Além disso, Flávia Torelli, ginecologista do Hospital da Mulher da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), acrescenta que algumas mulheres podem não sentir nada quando ocorre a parada do desenvolvimento e do batimento cardíaco do embrião. Quando não há sinais e sintomas, o aborto é considerado "aborto retido" e o diagnóstico é feito por ultrassom.
Se a gestante expelir substância gelatinosa no início, pode ser aborto?
Não. Pode ser apenas secreção vaginal. Mas fique atenta, se vier acompanhada de dor forte, não deixe de ir ao hospital.
Algumas doenças podem facilitar um aborto?
Doenças como toxoplasmose, diabetes e hipotireoidismo podem facilitar abortos espontâneos, mas nem sempre é possível controlar esses quadros.
É possível reverter um quadro de abortamento?
Depende. As causas do aborto são muitas. "Conseguimos atuar nos casos de insuficiência lútea, onde a queda da produção de progesterona pode causar a perda da gestação; podemos melhorar as condições da camada interna do útero, o endométrio, para que o embrião consiga aderir a ele e formar a placenta", descreve Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein e do Hospital Sírio-Libanês.
"Porém, a malformação do embrião é algo que pode ocorrer e não tem como reverter. Essa malformação, se for incompatível com a vida, levará ao abortamento independente de qualquer ação da paciente, do médico ou de ambos", completa Pupo.
E se o processo de abortamento se tornar recorrente?
Se a mulher tiver dois ou três abortos seguidos ela deve procurar um médico para investigar as possíveis causas. No entanto, segundo os especialistas, 50% dos casos de perdas gestacionais ocorrem por anomalia cromossômica do embrião.
O que é possível fazer para tentar evitar o aborto em geral?
- Controle o peso;
- Tenha uma alimentação balanceada, saudável e evite alimentos processados;
- Evite, nos primeiros meses de gestação, pular, correr ou fazer atividades de alta intensidade. Mas vale lembrar que cada caso é um caso, por isso pergunte sempre ao seu médico;
- Não consuma álcool;
- Não fume;
- Não use drogas.
Fonte: Kleber Cassius Rodrigues, ginecologista e obstetra dos hospitais Santa Joana, Pro Matre Paulista e Albert Einstein (SP); Flávia Torelli, ginecologista, especialista em reprodução humana e médica do Hospital da Mulher da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein e do Hospital Sírio-Libanês (SP) e Marina Nunes Machado, coordenadora do Departamento de Obstetrícia de Alto Risco do Hospital do Rocio (PR).