Ácido mefenâmico pode ser usado contra artrite, artrose e cólica menstrual
Nathalie Ayres
Colaboração para VivaBem
15/04/2023 04h00
O ácido mefenâmico é um medicamento anti-inflamatório não esteroide (conhecido pela sigla AINE). Essa categoria de remédios ajuda a controlar a inflamação, ocasionar analgesia e combater a febre. Habitualmente, ele é usado em doenças inflamatórias e também no tratamento de dores causadas por quadros desta origem, como a dismenorreia.
Saiba mais sobre o ácido mefenâmico abaixo.
Ácido mefenâmico: para que serve e como tomar
Para que serve o ácido mefenâmico?
O primeiro uso do ácido mefenâmico é em quadros inflamatórios como artrites e tendinites, inclusive em quadros reumatológicos como a artrite reumatoide, apesar de hoje ser menos utilizado com essa finalidade. Normalmente, pode ser usado então nos momentos de piora da artrite ou osteoartrite.
No entanto, hoje ele é muito mais indicado no tratamento de dores, por ser um inibidor não seletivo da COX, uma enzima que leva à liberação de prostaglandinas. Assim, com essa ação, ele reduz os sintomas de dor e febre ocasionadas por processos inflamatórios.
Ácido mefenâmico ajuda na menstruação?
Acontece que as prostaglandinas também estão relacionadas à dismenorreia, já que são produzidas pelo endométrio, ocasionando um quadro em que o período menstrual provoca cólica, náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, nervosismo e dor de cabeça.
Por isso, como o ácido mefenâmico age diretamente nessas substâncias, há um alívio desses sintomas. Ele também pode reduzir o fluxo menstrual em mulheres com menorragia, ou seja, excesso de sangue liberado na menstruação.
Como esse medicamento age?
A ação do ácido mefenâmico é diretamente inibindo os receptores da prostaglandina sintetase COX-1 e COX-2. Como esses receptores têm um papel importante como mediador da inflamação, os sintomas da dor são temporariamente reduzidos. Depois esse medicamento é excretado pelo fígado e rins.
Quais são os efeitos colaterais do ácido mefenâmico?
Esse mesmo mecanismo de inibição das enzimas COX também pode causar efeitos colaterais como:
- Elevação de pressão arterial;
- Indução de crises de asma;
- Aceleração da evolução para insuficiência renal;
- Hemorragia no trato gastrointestinal.
Quem não deve tomar ácido mefenâmico? Grávida pode?
Devido a esses efeitos colaterais, o ácido mefenâmico é contraindicado para:
- Idosos, que têm maior chance de evoluírem para as complicações acima;
- Pessoas com asma;
- Pacientes com dispepsia;
- Pessoas com hipertensão e cardíacos de todos os tipos;
- Pacientes com diabetes;
- Pessoas com úlceras;
- Pacientes com insuficiência renal.
Além disso, a segurança e eficácia em pacientes pediátricos com idade inferior a 14 anos não foram estabelecidas. Já o uso por pacientes grávidas deve ser feito com cautela e com o monitoramento quanto ao volume de líquido amniótico.
Interações medicamentosas
O uso de alguns medicamentos impede a indicação do ácido mefenâmico, como:
- Tiazídicos como indapamida, hidroclorotiazida e a clortalidona;
- Diuréticos de alça, como furosemida e a bumetanida;
- Ácido acetilsalicílico (a aspirina);
- Carbonato de lítio;
- Varfarina;
- Metotrexato;
- Inibidores de captação de serotonina;
- Antiácidos, são encontrados no mercado, principalmente, sob a forma de associações medicamentosas contendo compostos básicos de alumínio, magnésio e cálcio;
- Antinflamatórios esteróides, como prednisona.
A bula ainda indica que o uso do fitoterápico ginkgo biloba também deve ser evitado quando se está tomando ácido mefenâmico, entre outras interações. Por isso é importante relatar ao seu médico todos os medicamentos que você toma.
Como tomar ácido mefenâmico?
A frequência do uso de ácido mefenâmico depende da indicação do seu médico e do seu problema de saúde. É importante ressaltar, no entanto, que esse medicamento não deve ser ingerido em jejum, é recomendado tomá-lo próximo às refeições para ajudar a proteger o estômago de possíveis efeitos indesejados, como indigestão.
Além disso, o ideal é usar esses medicamentos por, no máximo, sete dias. Pessoas que são tratadas com AINEs, como o ácido mefenâmico, podem ter um risco maior de infarto ou AVC do que as pessoas que não tomam esses medicamentos, por isso o uso deve ser por período reduzido.
Fontes
Liz Ribeiro Wallim, reumatologista e professora da Escola de Medicina da PUC-PR; Maria Fernanda Barros de Oliveira Brandão, do Centro de Informação sobre Medicamento do Conselho Regional de Farmácia da Bahia; e Fábio Kuteken, ginecologista da Rede de Hospitais São Camilo (SP).