Adesivo anticoncepcional engorda? Saiba como funciona e efeitos colaterais

Com o início da sua vida sexual, muitas mulheres buscam métodos contraceptivos para evitar a gravidez. Há várias opções no mercado e, entre elas, o adesivo anticoncepcional (ou adesivo contraceptivo). Você sabe como ele funciona, além de como e quando usar?

Ao contrário da pílula, que é ingerida diariamente, o adesivo contraceptivo funciona, como o nome diz, com um adesivo colado à pele da mulher. Ele possui vantagens e desvantagens em relação a outros.

Entenda abaixo como funciona o adesivo anticoncepcional e tudo sobre esse método.

Adesivo anticoncepcional: como funciona e mais

O que é o adesivo anticoncepcional?

O adesivo anticoncepcional é um método contraceptivo baseado na administração dos hormônios estrogênio e progesterona através de um adesivo que precisa ser aplicado à pele. Ele é composto de material plástico, fino, na cor bege, de tamanho 4 cm x 4 cm.

Para que serve o adesivo anticoncepcional?

O adesivo contraceptivo serve para evitar a gravidez. No entanto, assim como outros métodos anticoncepcionais que não envolvem uma barreira durante o ato sexual, o adesivo anticoncepcional não protege contra a infecção pelo vírus HIV nem contra outras infecções sexualmente transmissíveis.

Como o adesivo anticoncepcional funciona?

O adesivo anticoncepcional funciona assim como as pílulas anticoncepcionais, mas com forma de administração diferente, por meio da pele. Os hormônios (estrogênio e progesterona) liberados pelo adesivo são capazes de bloquear a ovulação e deixar o muco cervical mais espesso, evitando que os espermatozoides consigam chegar até o útero, diminuindo as chances de gravidez. Além disso, o adesivo contraceptivo também deixa o endométrio, camada interna do útero, impróprio para a implantação do embrião.

Qual o jeito certo de usar o adesivo anticoncepcional?

Devemos usar o adesivo contraceptivo da seguinte maneira: colar o primeiro adesivo na pele limpa e seca no primeiro dia da menstruação e trocar depois de sete dias, colando em outro local. Depois de usar três adesivos consecutivos, deve-se fazer um intervalo de sete dias para iniciar uma nova caixa (novo ciclo) colocando um adesivo anticoncepcional na pele, independentemente da menstruação.

Por exemplo, se seu primeiro dia de menstruação for sábado, então sábado é chamado de dia de troca. Devemos trocar o adesivo sempre no dia de troca (3 vezes, sendo 1 por semana) e, após sete dias sem adesivo, iniciar um novo ciclo de adesivos no mesmo dia de troca.

Em qual parte do corpo o adesivo pode ser colado?

A colocação do adesivo é muito simples e feita pela própria mulher. A bula vem repleta de figuras demonstrativas, mas, em resumo basta descolar a parte posterior do adesivo anticoncepcional e colar nos braços, costas, parte inferior da barriga ou nas nádegas, sendo recomendado evitar a região das mamas, uma vez que a absorção de hormônios neste local pode causar dor.

Evitar também colar o adesivo na pele vermelha, irritada ou com cortes, em região de atrito de roupas (cintura) ou dobras para que o adesivo não fique amassado e perca a eficácia. Cole o adesivo em áreas sem pelos, já que muitos pelos podem atrapalhar a aderência e interferir na absorção hormonal.

O que fazer se o adesivo descolar?

Se o adesivo tiver anticoncepcional descolado, totalmente ou parcialmente, por menos de 24 horas, ele pode ser recolocado no mesmo local, contando que a cola ainda esteja funcionando. Se o adesivo não se fixar totalmente, um novo adesivo deve ser utilizado.

Como o intervalo foi menor que 24 horas, o dia da próxima troca continua a ser o mesmo. Nunca se deve utilizar esparadrapos ou qualquer outro tipo de fita adesiva comum para tentar segurar o adesivo que não está se fixando à pele. Se o adesivo contraceptivo perdeu a capacidade de grudar na pele, ele também perdeu a capacidade de ser um contraceptivo.

Caso o adesivo tenha se descolado da pele, parcialmente ou totalmente, há mais de 24 horas, um novo adesivo deve ser utilizado, e o uso de um método contraceptivo alternativo será necessário nos próximos sete dias. O dia da semana no qual o novo adesivo é aplicado passa a ser o novo dia de troca.

Para quem o adesivo anticoncepcional é indicado e contraindicado?

Ele é indicado para mulheres sexualmente ativas, em idade reprodutiva e que desejam evitar a gravidez. Ele não é indicado para pacientes com mais de 90 kg devido à redução da eficácia do método em função da menor absorção hormonal.

Da mesma forma como ocorre com outros métodos contraceptivos hormonais combinados, não é recomendado para mulheres com histórico de trombose, doenças cardiovasculares, enxaqueca com aura, câncer de mama ou câncer de endométrio (câncer dependente de estrogênios), doenças do fígado, sangramentos vaginais irregulares sem causa definida, na suspeita de gravidez ou durante a amamentação.

É contraindicado também para mulheres tabagistas acima dos 35 anos, pacientes com história de infarto do miocárdio ou derrame cerebral, nos pulmões (embolia pulmonar) ou nos olhos; história de coágulos em veias profundas; hipertensão; diabetes com complicações nos rins, olhos, nervos ou vasos sanguíneos.

O adesivo pode causar irritação na pele?

Sim, a irritação no local da aplicação pode ocorrer em até 1,1% das mulheres. Caso isso ocorra é necessário remover o adesivo contraceptivo e aplicar um novo em outro local. Esse efeito pode ser decorrente de reação alérgica a algum componente do adesivo.

Se a mulher persistir com irritação, deve conversar com seu médico. Nesses casos, o mais indicado é trocar de método contraceptivo por um oral, injetável, vaginal, implante ou intrauterino.

Óleos e cremes na região do adesivo podem prejudicar sua eficácia?

Sim, o uso de cremes, óleos, loções, gel ou outros produtos tópicos na área no local do adesivo pode comprometer as propriedades adesivas do método, facilitando o descolamento. A região em que o adesivo será colado tem de estar completamente limpa e seca.

De quanto em quanto tempo devo usar o adesivo?

Quando compramos o produto, a caixa vem com três adesivos, mas só deve ser usado um de cada vez. Esse método anticoncepcional utiliza um ciclo de 28 dias (quatro semanas). Deve-se aplicar um novo adesivo a cada semana por três semanas (total de 21 dias), deixando a quarta semana sem adesivo —nesta última semana ocorre a menstruação.

Se é a primeira vez que você vai usar o adesivo e não usa nenhum outro método, espere o primeiro dia da menstruação para aplicar o primeiro adesivo. Este dia da semana será o dia da troca.

Qual a eficácia do adesivo anticoncepcional?

O adesivo anticoncepcional é um método contraceptivo muito eficiente, com taxas de segurança semelhantes aos da pílula (99,7%), se utilizado de forma correta. No entanto, em geral as mulheres apresentam atrasos nas trocas e erros na aplicação, fazendo com que a eficácia do método seja em torno de 92%.

Quais os efeitos colaterais provocados pelo adesivo anticoncepcional?

O adesivo anticoncepcional pode ter os mesmos efeitos colaterais que as pílulas. Os mais comuns são: sangramentos irregulares nos primeiros meses de uso, dor nas mamas, dor de cabeça, náuseas, cólicas e também irritação da pele no local da aplicação.

O ciclo menstrual muda com o uso do adesivo?

Nos primeiros meses de uso do adesivo contraceptivo pode ocorrer a alteração no padrão da menstruação, que pode ser desde aumento no volume menstrual a pequenos sangramentos fora de época ou ausência de menstruação em alguns ciclos. Em geral, os dois primeiros meses são os piores, havendo regularização do quadro após seis meses na maioria das mulheres.

Após colar o adesivo, quando já fico protegida?

O efeito contraceptivo do adesivo anticoncepcional só será pleno e mais seguro após o sétimo dia de uso do método. Sendo assim, é aconselhável o uso de um método contraceptivo complementar, como a camisinha, durante o período de uma semana a fim de assegurar a contracepção.

Quanto tempo após interromper o uso do adesivo já posso engravidar?

Após a interrupção do uso do adesivo a mulher passa a ter ciclos ovulatórios no primeiro mês de pausa do método e já pode engravidar. O que vemos na prática é que a mulher pode engravidar em até seis meses após a parada do contraceptivo hormonal, uma vez que o eixo hipotalámico-hipofisário-ovariano pode levar um tempo para regularizar.

E se eu me esquecer de trocar o adesivo no dia certo?

O adesivo deve ser trocado sempre no mesmo dia da semana, pois cada adesivo tem uma determinada quantidade de hormônios a serem absorvidos pela pele e possui eficácia mantida por até nove dias. Se você esquecer de trocá-lo após este período, pode não obter a dosagem suficiente e assim ficar desprotegida contra a gravidez.

Se você esqueceu de trocar o adesivo por até 48 horas, pode aplicar um novo imediatamente e manter o dia da troca, não sendo necessário o uso de método anticoncepcional complementar.

Se você esqueceu de trocar o adesivo por mais de dois dias, deve iniciar um novo ciclo de quatro semanas assim que lembrar —neste caso deve utilizar um método complementar por uma semana.

Se o esquecimento foi de aplicar um novo adesivo no início do ciclo, ou seja, após o período de pausa, você deve aplicar um novo e utilizar um método complementar por uma semana.

Quanto custa o adesivo anticoncepcional e onde comprar?

O preço de uma caixa contendo três adesivos, quantidade suficiente para um mês de contracepção, pode variar entre R$ 50 e R$ 130.

O adesivo anticoncepcional cujo nome comercial é Evra pode ser comprado em qualquer farmácia, com ou sem receita médica.

Adesivo anticoncepcional engorda?

O ganho de peso é um efeito colateral frequentemente associado ao uso de anticoncepcionais hormonais combinados. Entretanto, esta correlação não é comprovada: não existem evidências que confirmem uma relação direta entre aumento de peso e o uso de adesivo. Se houver um ligeiro aumento (0,5 kg), acredita-se estar ligado a uma certa retenção hídrica que ao longo do uso o corpo se adapta.

Por quanto tempo posso usar o adesivo anticoncepcional?

O adesivo anticoncepcional pode ser usado por vários anos levando em conta os riscos e benefícios, sempre com o acompanhamento de um ginecologista.

Fonte: Luciana Segurado Côrtes, ginecologista, obstetra, especialista em reprodução humana certificada pela SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida); Denise Joffily Pereira da Costa Pinheiro, ginecologista e obstetra do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo; e Rita Dardes, professora adjunta do Departamento de Ginecologia da EPM-Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo)