Água inglesa limpa o útero e melhora fertilidade? Saiba para que serve
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Não faz muito tempo que a água inglesa se tornou assunto entre as mulheres que buscam alternativas para melhorar a fertilidade. Acredita-se que ela teria o poder de fazer uma limpeza do útero que aumentaria as chances de gravidez. Além disso, a água inglesa está associada ao alívio de problemas digestivos, aumento de apetite e eliminação de toxinas do organismo.
Ela é um fitoterápico que contém extratos de plantas medicinais como canela da China, quina amarela, calumba, centáurea, losna, camomila e carqueja. A fitoterapia envolve a utilização de plantas para o tratamento de doenças.
Assim, todo produto farmacêutico, seja extrato, tintura, pomada ou cápsula, que utiliza como matéria-prima qualquer parte de uma planta com efeito farmacológico pode ser considerado um medicamento fitoterápico.
Segundo a bula, suas propriedades relacionam-se aos princípios amargos de cada um de seus constituintes. Por exemplo, a quina amarela possui a quinina, que estimula a secreção da saliva e dos sucos gástricos, por isso a ligação com a digestão. Mas a água inglesa realmente tem os efeitos desejados? VivaBem consultou especialistas sobre o assunto.
Água inglesa: para que serve e mais
Qual a relação da água inglesa com a fertilidade?
Há relatos de mulheres que, na tentativa de engravidar, tenham buscado alternativas para melhorar a fertilidade, entre elas, a ingestão de água inglesa. No entanto, não existem dados que comprovem sua eficácia para esse fim, apesar de ser popularmente recomendada.
A água inglesa estimula a limpeza do útero?
Não existem estudos e comprovações de que a água inglesa atue no sistema reprodutor feminino, na verdade, segundo a bula do fitoterápico, sua indicação foca a melhora no sistema digestivo. Informações boca a boca consideram que essa limpeza se trata de eliminar resquícios do anticoncepcional, para as mulheres que usam o medicamento há muito tempo, no entanto, não há esse consenso entre os profissionais consultados.
É importante destacar ainda que, qualquer doença uterina que a mulher tenha, necessita ser avaliada junto ao ginecologista antes do uso de qualquer medicação, que, de origens duvidosas podem retardar o diagnóstico ou piorar a situação.
Água inglesa ajuda a engravidar?
Não existe estudo que relacione o uso do medicamento ao aumento de taxas de gestação. Fala-se sobre as mulheres que apresentam endométrio fino, pelo uso do anticoncepcional, algo que dificultaria a implantação do embrião.
Dessa maneira, ao agir sobre o acúmulo de anticoncepcional, a saúde do endométrio ficaria melhor e aumentaria as chances de o embrião se implantar. Entretanto, não há nenhuma comprovação científica sobre a afirmação.
Água inglesa faz descer a menstruação?
Não há comprovação de que o fitoterápico atue sobre órgãos sexuais ou hormônios femininos, dessa forma, agir sobre a menstruação atrasada também se torna mais uma crença popular, algo que pode variar de um organismo para outro.
O que acontece é que suas propriedades desintoxicantes podem ajudar a eliminar impurezas e toxinas que atrapalham o ciclo menstrual organizado.
Água inglesa pode ajudar no pós-parto?
Com a mesma premissa de eliminar toxinas do útero, popularizou-se a crença de que a água inglesa ajudaria no puerpério. É possível que o inchaço diminua, assim como o efeito diurético, porém, não há indicação na bula para esse tipo de tratamento, beber bastante água já seria o suficiente. Outro ponto seria ajudar na cicatrização, mas não existem estudos científicos que comprovem tal efeito.
Água inglesa engorda ou emagrece?
A carqueja e a calumba, presentes na formulação, possuem ação estimulante do apetite; a quina amarela age na produção de saliva e de sucos gástricos —o que alivia sintomas relacionados a problemas estomacais como o excesso de gases e o inchaço abdominal—; a losna ajuda a combater a perda de apetite e a sensação de desconforto digestivo; e a camomila, por fim, possui propriedades que contribuem para evitar a ocorrência de espasmos em órgãos como estômago e intestino.
Diante disso, é necessário entender que todo medicamento tem indicação. É preciso conhecer o próprio corpo e o que ele realmente precisa. Não existe remédio milagroso e o acompanhamento médico é indispensável.
Como tomar água inglesa?
De acordo com a bula do medicamento, deve-se ingerir 1 cálice (30 ml) ou 2 colheres de sopa antes das refeições. A dose máxima diária de água inglesa é de 6 colheres de sopa por dia, o equivalente a 90 ml, dividida em 3 doses.
Entre os especialistas consultados, todos reforçam que o uso da água inglesa necessita da recomendação de um médico.
É possível falar em benefícios da água inglesa?
Entre os especialistas consultados por VivaBem, há um consenso sobre a importância da fitoterapia, visto que muitos medicamentos sintéticos, inclusive, são baseados nos efeitos de plantas medicinais. Contudo, é preciso aprimorar as pesquisas sobre a água inglesa e individualizar os tratamentos, não generalizá-los.
Por exemplo: o efeito diurético pode ser ótimo para situações de inchaços, mas, por outro lado, pode aumentar a desidratação ou até interferir na ação de medicamentos para pressão alta. O mesmo vale para o efeito digestivo, que pode ser eficiente para quem tem azia, mas piorar disfunções intestinais. O ideal, em todos os casos, é consultar especialistas que vão assegurar o uso da água inglesa ou não.
Há contraindicações para o uso de água inglesa?
Por não haver estudos desenvolvidos pelo fabricante do fitoterápico a respeito do uso durante a gravidez, essa é a principal contraindicação. Mas existem outras, como pessoas que possuem:
- Hiperacidez estomacal
- Epilepsia
- Gastrites
- Úlceras gastroduodenais
- Arritmia cardíaca
- Síndrome do intestino irritável
É importante ressaltar que, embora não seja necessária receita para comprar a água inglesa, só um especialista poderá dizer se o fitoterápico é ou não indicado para o tratamento em questão.
Fontes
Andréa Larissa Ribeiro Pires, ginecologista, obstetra e professora curso de medicina do Unipê (Centro Universitário de João Pessoa - PB); Camila Ramos, graduada em medicina pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), ginecologista e obstetra referência em reprodução e climatério na Clínica Vida e Gerar Vida e Clínica Médica da Barra (RJ); ; Jamar Tejada, farmacêutico e naturopata graduado pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da ULBRA (Universidade Luterana do Brasil), pós-graduado em ciências homeopáticas; Lilian Fiorelli, ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia pela USP (Universidade de São Paulo).
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