Albendazol elimina vermes; saiba para que serve e quais os efeitos
O albendazol é um medicamento anti-helmíntico (helmintos são um tipo de verme) e antiparasitário de amplo espectro indicado para eliminar diversos tipos de vermes e parasitas, principalmente aqueles que vivem no intestino.
O fármaco trata grande parte das parasitoses mais comuns, que atingem especialmente a população de baixa renda pela falta de água potável ou de tratamento de esgoto.
Entretanto, ninguém está isento de ter os vermes, uma vez que podem ser adquiridos pelo consumo de vegetais higienizados indevidamente ou manipulados por uma pessoa que não tem uma boa higiene pessoal, por exemplo.
Albendazol: para que serve, efeitos e como tomar
Para que serve o albendazol?
O albendazol é um fármaco de amplo espectro muito efetivo para eliminar os parasitas mais comuns da população: lombriga (Ascaris lumbricoides), ancilóstomo (bicho geográfico), tricocéfalo, oxiúrus, tênias, Strongyloides stercoralis e giardia.
Como tomar o albendazol?
Existe uma indicação de uso para cada tipo de parasita, que deve ser orientada pelo médico para adultos e crianças a partir de dois anos. Algumas são de dose única, como é o caso da infestação por Ascaris lumbricoides, Necator americanos, Enterobius vermicularis e Ancylostoma duodenale.
Outros quadros exigem o uso do fármaco por três dias consecutivos (Strongyloides stercoralis, Taenia spp., Hymenolepis nana), sendo que na infestação por giardia orienta-se cinco dias de uso.
Em quanto tempo faz efeito?
Em geral, o parasita morre logo após o tempo de uso do medicamento recomendado pelo médico, mas, caso a região onde a pessoa more não tenha saneamento básico ou a pessoa não tenha bons cuidados com a higiene, o risco de o quadro se repetir após alguns meses é grande.
Quais os efeitos colaterais do albendazol?
O albendazol é um medicamento seguro e bem tolerado, portanto apresenta poucos efeitos colaterais. No entanto, a bula esclarece que os pacientes que fazem uso do medicamento podem ter náusea, dor abdominal, vômito, diarreia, tontura, gases, dor de cabeça e febre.
Entre os efeitos colaterais raros, o fármaco pode causar reações de hipersensibilidade na pele —rash, prurido e urticária— e elevações das enzimas hepáticas.
Como age o medicamento?
O fármaco atua desestruturando o organismo do parasita, que fica impossibilitado de captar glicose e acaba morrendo por falta de energia, sendo eliminados pelas fezes.
Ele trata os quadros de infestação por ameba?
Apesar de o albendazol ter ação em boa parte dos parasitas intestinais, não elimina a ameba. Para cumprir essa função, ele deve ser prescrito com o secnidazol.
Trata também a neurocisticercose?
Sim. O albendazol também pode ser indicado para tratar a neurocisticercose, mas é preciso que o médico avalie bem o paciente para saber se há realmente a indicação, já que nem todos os infectados devem ser tratados caso o cisto já esteja morto ou a resposta inflamatória do medicamento seja pior que a doença.
O quadro é causado pela presença de uma forma larval do helminto Taenia solium (cisticercos) em alguma parte do sistema nervoso central (encéfalo, medula espinhal, retina) do ser humano.
Deve ser usado anualmente?
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda o tratamento preventivo com anti-helmínticos uma vez ao ano em áreas com prevalência de helmintos maior do que 20%. E duas vezes ao ano se a prevalência for acima de 50%, principalmente em crianças em idade pré-escolar e escolar, uma vez que o quadro pode levar à má absorção de nutrientes e problemas cognitivos.
No entanto, o médico gastroenteorologista James Ramalho Marinho alerta que alguns trabalhos revelam uma maior prevalência de doenças inflamatórias intestinais nas regiões em que esse tipo de profilaxia é feita. Daí a importância de não usar medicamentos sem a orientação de um médico.
O paciente deve buscar a opinião de um especialista diante de sintomas que possam surgir como desconfortos abdominais, cólicas, diarreia e mal-estar. O profissional avaliará o quadro para indicar ou não o uso do medicamento.
Crianças podem usar o albendazol?
A bula recomenda apenas que crianças acima de dois anos façam uso do albendazol. Isso porque não existem estudos que atestem a segurança do uso do medicamento em idade inferior a essa.
Quem não pode usar o albendazol?
De maneira geral, o medicamento não deve ser usado por grávidas, já que não são conhecidos os impactos do medicamento no desenvolvimento do feto, nem por lactantes.
O medicamento não é indicado para crianças menores de dois anos e pacientes alérgicos ao mebendazol ou qualquer outro componente da fórmula.
O albendazol pode ser consumido por conta própria?
Apesar de ter venda livre, nenhum medicamento deve ser consumido por conta própria, inclusive pelo risco de desenvolver um quadro alérgico.
Como é vendido?
O albendazol é comercializado em dose única, em comprimido mastigável com 400 mg, que pode ser mastigado ou engolido inteiro, e em suspensão oral, que oferece 40 mg/ml, portanto 10 ml oferece a mesma dose.
O medicamento precisa ser repetido?
O fármaco deve ser repetido após 15 e 21 dias apenas nos quadros de parasitose pelo Strongyloides stercoralis a fim de garantir que seja eliminado, uma vez que o medicamento age no verme adulto, podendo seus ovos sobreviverem mesmo após a primeira dose.
O que fazer caso o paciente siga com vermes?
O médico deve ser avisado para avaliar se é o caso de repetir a dose do medicamento, mas também pode orientar medidas básicas de higiene que ajudem a prevenir o problema.
Pode tomar o medicamento com alimentos?
A interação do medicamento com alimentos é muito pequena, segundo os médicos entrevistados. No entanto, é recomendado consumi-lo à noite, depois do jantar, para diminuir o risco de desconforto gástrico.
O medicamento é disponibilizado pelo SUS?
Sim. O albendazol está na Rename (Relação Nacional de Medicamentos Nacionais), portanto é um fármaco disponível nas farmácias da rede do SUS (Sistema único de Saúde). Basta ter uma receita médica para retirá-lo.
Pessoas com insuficiência hepática ou renal podem usá-lo?
É importante que o paciente que sofre com insuficiência hepática seja bem avaliado antes de usar o medicamento, já que o fármaco é metabolizado no fígado. Em ambos os casos, o médico deverá avaliar risco-benefício.
Quais interações medicamentosas com o albendazol são conhecidas?
Como acontece com outros medicamentos, o albendazol pode ter os níveis de seus metabólitos no sangue aumentados ou reduzidos ao ser usado com outros medicamentos. Mas isso pode não ser um impeditivo para que o paciente deixe de ser tratado. Por isso, é importante que um médico avalie o quadro e oriente o uso do medicamento.
Entre as interações medicamentosas conhecidas estão:
- Cimetidina - fármaco usado para reduzir a secreção de ácidos do estômago nos quadros de gastrite;
- Praziquantel - que trata tênias e neurocisticercose;
- Dexametasona - medicamento corticosteroide usado no tratamento de diversas doenças;
- Ritovanir - antirretrovirais usado por pacientes infectados pelo HIV;
- Fenitoína, carbamazepina e fenobarbital - anticonvulsivantes.
Como prevenir a infestação por vermes e parasitas?
Alguns cuidados e medidas de higiene são fundamentais. São eles:
- Lave as mãos depois que for ao banheiro e antes de se alimentar. A maioria dos vermes é adquirida por contaminação fecal-oral por falta de higiene;
- Higienize corretamente os vegetais (legumes, frutas e verduras): deixe-os por 15 minutos em uma solução de água com hipoclorito de sódio na diluição de uma colher de sopa por litro de água e, em seguida, enxágue um a um em água corrente. Parasitas como ameba, lombriga e giardia são facilmente adquiridas por alimentos mal lavados.
- Use calçados adequados em locais com saneamento básico deficiente e evite praias com esgoto correndo a céu aberto. O Ancylostoma duodenale, que causa a ancilostomose --parasitose conhecida popularmente por amarelão-- pode ser adquirido pela pele ao andar descalço nesses locais. Assim como o Strongyloides stercoralis;
- Evite consumir alimentos crus, como peixes e ostras.
Fontes
Gustavo Lima, médico do ambulatório de gastroenterologia do HC-UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), membro titular da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia) e membro titular GEDIB (Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil); Patricia Moriel, professora doutora da FCF (Faculdade de Ciências Farmacêuticas) da Unicamp; e James Ramalho Marinho, gastroenteorologista, que atua como professor adjunto e coordenador da disciplina de infectologia da Uncisal, é sócio-titular da Federação Brasileira de Gastroenteorologia e da Sociedade Brasileira de Hepatologia. Revisão técnica: Gustavo Lima.
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