Calcanhar de maracujá é doença que assusta em fotos; veja sintomas e causas

Calcanhar de maracujá é o nome popular para a miíase —uma zoodermatose causada pela infestação de larvas de moscas-varejeiras, especificamente na região calcânea. No entanto, o quadro, que é conhecido por "bicheira", também pode surgir em outros locais do corpo, geralmente devido à presença de lesões preexistentes ou mesmo em orifícios naturais (ouvidos, cavidades oculares e nariz).

No calcanhar, uma lesão purulenta fica aberta criando uma aparência semelhante ao aspecto da polpa do maracujá —daí o nome popular de calcanhar de maracujá para a doença.

A seguir, entenda tudo sobre calcanhar de maracujá, ou a miíase.

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Calcanhar de maracujá: o que é e como tratar

O que é o calcanhar de maracujá e como surge?

Conhecido como miíase cavitária, em geral o quadro ocorre quando a mosca-varejeira é atraída por conta de uma pequena lesão existente na pele. O inseto pousa, coloca centenas de ovos que eclodem em até 24 horas, liberando larvas que vão invadir e se alimentar dos tecidos para se desenvolverem até cumprirem seu ciclo de vida.

Existem alguns tipos de moscas causadoras do quadro, entre elas, se destacam a Cochliomyia matelaria e Cochliomyia hominivorax.

Quais são os principais sintomas do calcanhar de maracujá?

Os sintomas deste tipo de miíase podem variar entre as pessoas, apresentando desde um abcesso com formação de pus por conta da infestação por bactérias, coceira, dor e incômodo no local, até mau cheiro.

Como é o diagnóstico do calcanhar de maracujá? Pode ser grave?

Devido à existência da úlcera, este tipo de miíase é facilmente diagnosticada pela avaliação clínica de um médico e, se não tratada, pode levar a um quadro de infecção secundária por bactérias e causar até a uma sepse (infecção generalizada). Essa piora pode acontecer principalmente em pacientes com alguma condição preexistente, caso dos imunossuprimidos.

Já os quadros de berne, chamada de miíase furuculoide, causada por uma única larva que fica escondida abaixo da pele, pode ser mais difícil de diagnosticar somente observando a olho nu. E o médico precisa lançar mão de uma lente de aumento com luz (dermatoscópio) que possibilita analisar com mais precisão ou ainda solicitar um exame ultrassom de partes moles, que mostra por meio de imagens se há a presença de algum corpo estranho.

Quem está mais suscetível ao quadro de calcanhar de maracujá?

Qualquer pessoa pode apresentar um quadro de miíase, mas a doença é observada principalmente em regiões mais quentes. Um trabalho publicado pelo American Society for Microbiology mostra que a miíase está entre as cinco doenças de pele mais frequentes nos viajantes, sendo responsável por 7,3% a 11% dos casos.

O quadro é comum também entre os trabalhadores rurais, que, geralmente, apresentam rachaduras preexistentes na região do calcanhar, e moradores de rua, que não têm uma higiene adequada.

Pessoas com diabetes são outro alvo do problema, uma vez que as feridas causadas por conta da condição atraem essas moscas devido ao odor característico liberado. Fora que esses pacientes acabam perdendo a sensibilidade nas regiões periféricas, o que pode ser mais um agravante para perceberem o quadro.

Pessoas com deficiência mental também podem ter o quadro e precisam ser sempre inspecionadas.

Como prevenir a miíase que causa o calcanhar de maracujá?

A pele é uma barreira de proteção natural do corpo, mas, para que cumpra seu papel, precisar estar bem cuidada e hidratada. Por isso, a higiene é uma parte importante da prevenção, assim como o uso de repelente e hidratantes. Mas, principalmente, deve-se evitar expor os pés machucados e tratá-los para evitar que atraiam as moscas.

Existem outros tipos de miíase?

Sim. Existe ainda miíase causada pelo bicho geográfico (larva migrans cutânea), comum em pessoas que frequentam lugares com areia contaminada e que está se tornando muito comum entre os jogadores de beach tênis. Também existe a miíase necrotizante, que recebe este nome quando as larvas se desenvolvem em animais mortos.

Como é o tratamento do calcanhar de maracujá?

Diante do aparecimento de um abcesso e de outros sintomas, é importante consultar um médico, que irá avaliar e diagnosticar o quadro. O profissional irá drenar o pus e fazer a retirada das larvas com auxílio de uma pinça, podendo ou não usar um anestésico no local.

Também deve prescrever a ivermectina para eliminar possíveis larvas vivas, antibióticos orais e tópicos para acabar com uma possível infecção bacteriana secundária, além de orientar a higienização periódica com antisséptico no local da lesão e sua oclusão parcial com gase para auxiliar na cicatrização. Em alguns casos, o paciente deve ser observado pelo profissional de saúde a cada 48 horas.

Fontes

Geisa Costa, coordenadora da especialização em dermatologia da Uniube/IPSP, membro da Sociedade Latino-americana de dermatologia e da Sociedade Brasileira de Laser; Camila Meccia, dermatologista do Hospital Aliança, da Rede D'Or, em Salvador; e Mariana Shanae Murata, médica dermatologista e coordenadora do Serviço de Dermatologia da Rede D'Or.