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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Endoscopia: há riscos para o paciente? Quando devo fazer?

Endoscopia: veja como funciona exame com a câmera endoscópica Imagem: Getty Images/iStockphoto

Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem

20/05/2021 04h00

Considerado um dos procedimentos diagnósticos mais comuns entre os gastroenterologistas, a endoscopia é um exame de imagem que, além de detectar possíveis problemas dentro do seu corpo, também pode ser terapêutico. Isso significa que ele pode ser utilizado para realizar tratamentos.

O procedimento é sempre realizado por meio do endoscópio —um fino tubo de fibra ótica flexível que contém câmera e luz—, que permite visualizar o interior de órgãos ou cavidades, assim como obter amostras de tecido. O exame pode ser indicado para crianças, adultos e idosos.

Apesar da apreensão que as endoscopias causam, os médicos garantem que elas são seguros, realizadas com anestesia e, muitas vezes, em ambiente hospitalar, o que traz maior conforto para quem precisa passar por elas.

Endoscopia: o que é, qual o jejum e mais

O que é endoscopia?

Esse procedimento pode ser utilizado para fins diagnósticos e terapêuticos do seu sistema intestinal: ele serve à investigação de sintomas, auxilia determinados procedimentos cirúrgicos e ainda coleta amostras de tecido (biópsia).

Procedimentos terapêuticos mais comuns por endoscopia

Além de investigar possíveis doenças ou problemas no sistema intestinal, a endoscopia também pode auxiliar em tratamentos. Os procedimentos terapêuticos mais comuns feitos por endoscopia são:

  • Remoção de corpo estranho, como uma espinha de peixe
  • Remoção de pólipos
  • Retirada de lesões (ressecção)
  • Controle de sangramentos do trato gastrointestinal alto
  • Inserção de tubos de alimentação ou dreno

Sintomas que podem gerar pedidos de endoscopia

Os sintomas mais comuns que levam o médico a solicitar esse tipo de exame são:

  • Dificuldade para engolir
  • Dor abdominal persistente associada à perda de peso
  • Diarreia ou constipação que não passam
  • Vômito persistente
  • Anemia com perda de sangue presumida
  • Perda de peso sem causa aparente
  • Azia
  • Indigestão
  • Sangramento ao evacuar
  • Acompanhamento de quadros como síndrome de pólipos, ingestão cáustica, esofagite de Barret etc.

Tipos de endoscopia

A depender da sua queixa e da região a ser examinada, será requisitado um tipo específico de endoscopia.

As mais comuns são:

  • Endoscopia digestiva alta - avalia o tubo por onde descem os alimentos (esôfago), o estômago e a parte alta do seu intestino (duodeno), e tem duração de 5 a 20 minutos;
  • Colonoscopia - examina o intestino grosso (tem duração de 20 a 40 minutos).

Outros exames endoscópicos incluem:

  • Broncoscopia - observa o sistema respiratório
  • Rinoscopia - examina o ouvido
  • Histeriscopia, cistoscopia e colposcopia - investigam o aparelho genitourinário
  • Ultrassom endoscópico - obtém imagens das camadas da parede do tudo digestivo, avalia estruturas vizinhas
  • Cápsula endoscópica: dispositivo que tem o tamanho parecido com um comprimido de antibiótico. Ele é ingerido para que o médico possa obter as imagens, que são emitidas via wireless para um receptor externo que fica preso na cintura do examinado. Em geral, a cápsula é usada para avaliar o intestino delgado.

Preparo e jejum para a endoscopia digestiva alta

No dia anterior ao exame é necessário ingerir alimentos leves e evitar os de difícil digestão, como carne vermelha. Solicita-se jejum de 8 a 12 horas porque o estômago deve estar completamente vazio, o que colabora para a melhor visualização do órgão.

Caso faça uso de algum medicamento contínuo, especialmente anticoagulantes, informe ao médico antes do exame. Ele poderá orientá-lo sobre a necessidade ou não de suspendê-lo no período anterior ao procedimento.

Como o exame requer sedação leve, apresente-se acompanhado ao laboratório.

Preparo e jejum para a colonoscopia

Você deve seguir as indicações de seu médico, e cada laboratório ou hospital tem seus próprios procedimentos. Assim, providencie para ter em mãos todas as instruções para o exame. Atualmente é indicado que crianças e idosos acima de 65 anos façam esse exame em ambiente hospitalar. A razão para isso é prevenir a desidratação ou outros sintomas indesejáveis nesse grupo.

Em geral, é necessário fazer um preparo que se resume nas seguintes providências:

Antes:

  • Uso de medicamentos específicos - eles ajudam a limpar totalmente o intestino, têm doses individualizadas e devem ser ingeridos na hora certa;
  • Dieta - deve ser à base de carboidratos; evite ingestão de carnes vermelhas, frango ou peixe. Caprichar na hidratação, porque esse procedimento pode levar à desidratação; evite líquidos vermelhos;
  • Uso contínuo de fármacos - alguns medicamentos podem ser mantidos, mas informe o médico e o pessoal do laboratório ou hospital para que eles possam verificar se a medicação que você usa pode atrapalhar o resultado do exame.
  • Use roupa confortável e esteja próximo do banheiro para facilitar o processo;

No dia

  • Vestuário - use roupas leves, tome seus medicamentos de uso contínuo e respeite o jejum solicitado, que geralmente é de 2 horas anteriores ao momento do exame;
  • Acompanhante - como o exame requer sedação leve, é essencial que você se apresente acompanhado no laboratório.

Colonoscopia como exame preventivo

Ele é indicado como exame de rastreamento do câncer colorretal para homens e mulheres acima dos 50 anos.

Este tipo de tumor é o 2º com maior prevalência, e o 3º tumor que mais leva a óbito. Como há outros fatores de risco além da idade, consulte seu médico sobre a necessidade de submeter-se a ele.

A sedação é sempre necessária na endoscopia?

Sim. Heda Maria Barska dos Santos Amarante, professora de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da UFPR, conta que, no passado, esses exames eram feitos sem anestesia. Mas hoje já está estabelecida a indicação de sedação, que é leve e segura.

"Na maioria das vezes, contamos com a presença de um anestesista, o que garante que o paciente fique dormindo de forma confortável, mas ele será capaz de responder, caso seja solicitado", acrescenta a médica.

Quando a endoscopia é terapêutica —ou seja, é utilizada para fins de tratamento—, a sedação é mais profunda.

Contraindicações da endoscopia

A endoscopia digestiva alta tem poucas contraindicações, que são classificadas como relativas ou absolutas. As primeiras incluem a negativa do paciente em se submeter ao exame e a perfuração de algum órgão. Já as segundas dizem respeito à inexperiência do médico operador e a presença de enfermidades de risco.

Já a colonoscopia é contraindicada para pessoas com colite fulminante ou diverticulite aguda documentada, bem como as que tiveram infarto recentemente ou têm pressão arterial instável.

Como vou me sentir após a endoscopia?

A endoscopia digestiva alta e a colonoscopia requerem sedação. Por isso, após o procedimento, você ficará em observação, e também será monitorado em área específica para a recuperação. Quando estiver consciente e as condições permitirem, você será liberado.

São considerados efeitos diretos desses exames:

  • Desconforto na garganta
  • Gases (colonoscopia)
  • Dor abdominal

Caso esses sintomas sejam intensos, o médico poderá indicar medicamentos que possam aliviá-los, como chá de camomila para a garganta ou simeticona, um antifisético que reduz a flatulência.

Possíveis complicações da endoscopia

Ricardo Anuar Dib, presidente da Sobed e também coordenador da gastroenterologia do Laboratório Delboni Auriemo, diz que, na maioria das vezes, esses exames não apresentam complicações.

"Contudo, eles não estão livres de efeitos adversos, que são as situações que não podem ser previstas pelo médico, como por exemplo reações alérgicas às medicações utilizadas ou mesmo a queda da saturação de oxigênio durante a sedação. Essas ocorrências, porém, são baixas, quase desprezíveis", esclarece.

Como entender os resultados

Os médicos consultados afirmam que estes exames só devem ser indicados diante de queixas específicas e, normalmente, os resultados da análise realizada são relatados por meio de um laudo, que reflete as imagens obtidas durante o exame.

Eles ainda são unânimes em sugerir que, além das declarações constantes nesse documento, elas não devem ser interpretadas de forma isolada pelo paciente. Isso porque cabe aos especialistas analisar os achados do exame, considerando outros fatores e informações colhidas durante a consulta médica (histórico de saúde e familiar, por exemplo).

Fonte: Ricardo Anuar Dib, presidente da Sobed (Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva) e coordenador de gastroenterologia do Laboratório Delboni Auriemo, que faz parte da Dasa, e responsável pelas áreas de endoscopia e colonoscopia; Heda Maria Barska dos Santos Amarante, gastroenterologista e professora de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da UFPR (Universidade Federal do Paraná); Sergio Alexandre Liblik é gastroenterologista e professor da Escola de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Revisor técnico: Ricardo Anuar Dib.

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