Falta de ferro: quais são os principais sintomas e causas da deficiência
A deficiência de ferro no sangue pode causar diversos sintomas que atrapalham bastante a vida cotidiana, além de ter potencial para provocar problemas sérios de saúde.
Mulheres adultas em fase de reprodução, gestantes, lactantes e adolescentes estão no grupo mais afetado por essa deficiência.
Ela ocorre quando o corpo não tem ferro o suficiente para produzir hemoglobinas, os principais componentes dos glóbulos vermelhos no sangue, acarretando o comprometimento da oxigenação e circulação sanguíneas.
"Também estão sujeitas à deficiência de ferro no organismo pessoas em situação de insegurança alimentar, que não têm condições para manter uma dieta balanceada, o que infelizmente é um quadro bastante comum no Brasil", diz Paulo Vasconcelos, professor de nutrologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.
Falta de ferro: sintomas e o que fazer
Quais os principais sintomas da falta de ferro no organismo?
Os principais sintomas da deficiência de ferro no corpo são decorrentes da baixa oxigenação sanguínea que a condição causa. Eles incluem:
- fadiga;
- fraqueza;
- falta de ar;
- frio nas mãos e pés;
- tontura;
- palidez.
Outros sintomas comuns são unhas quebradiças. Entre as mulheres, muitas vezes causa a sensação de desconforto ou formigamento nas pernas, além de dores de cabeça.
Que problemas a deficiência de ferro pode acarretar a longo prazo?
Casos extremos de deficiência de ferro causam:
- baixa produtividade;
- retardo no crescimento em crianças, além de prejudicar o desenvolvimento mental e psicomotor;
- perdas significativas de habilidades cognitivas (memória, capacidade de aprendizado e habilidades de tomada de decisão);
- comprometimento do sistema imunológico;
- aumento da predisposição a infecções.
- anemia crônica;
- cicatrização retardada de feridas;
- complicações na gravidez, como parto prematuro e aumento do risco de morte materna;
- aumento do risco de hospitalização e morte.
Existem pessoas mais suscetíveis à deficiência de ferro no organismo?
As pessoas mais suscetíveis à deficiência de ferro são as crianças menores de 5 anos e as mulheres em idade fértil (seja em decorrência de perda sanguínea pela menstruação, seja em decorrência de gestação).
Pessoas em condições socioeconômicas precárias também são mais suscetíveis, devido à alimentação inadequada e aumento da prevalência de doenças infectoparasitárias nesses indivíduos.
Quais as quantidades de ferro ideais?
A quantidade normal de ferro no organismo de um adulto é de aproximadamente 3 a 4 gramas, de acordo com Bruno Maeda, médico hematologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo. "A maior parte desse ferro está presente nos glóbulos vermelhos do nosso sangue".
De acordo com artigo publicado na Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, as recomendações diárias de ingestão para homens de 19 anos ou mais é de 8 mg/dia, para mulheres é de 18 mg/dia dos 19 aos 50 anos, e de 8 mg/dia para mulheres a partir de 51 anos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da deficiência de ferro é realizado por meio de exames de sangue. No entanto, a avaliação clínica já levanta a suspeita desse diagnóstico. Geralmente, as pessoas com deficiência de ferro apresentam cansaço, intolerância a esforços, unhas quebradiças e queda de cabelos, por exemplo.
Essas pessoas também podem ter palidez cutânea e sintomas cardíacos, como aumento da frequência do coração, sobretudo quando apresentam quadros mais severos de deficiência de ferro e evolução com anemia.
Qual médico procurar no caso de suspeita de deficiência de ferro?
Inicialmente, o clínico geral é o profissional que realiza o diagnóstico e o manejo desses casos. No entanto, a participação de médicos de outras especialidades, como ginecologistas e hematologistas, também é importante, sobretudo quando temos deficiência de ferro em mulheres com fluxo menstrual elevado e respostas inadequadas ao tratamento inicial com sais de ferro por via oral.
O que pode causar a deficiência de ferro no corpo?
Em adultos, a deficiência de ferro é mais comumente causada por perdas excessivas de sangue, comum em mulheres com hemorragias menstruais excessivas. Nestes casos, apenas uma dieta rica em ferro pode não ser suficiente para regularizar a situação.
O consumo alimentar insuficiente também é uma causa, principalmente em pessoas que seguem dietas vegetarianas e veganas, pessoas em situação de insegurança alimentar, lactantes e crianças, cujo organismo exige muito ferro por estar em fase de crescimento.
O uso extremo do corpo, como no caso de atletas de alto rendimento, também pode levar a uma deficiência de ferro no organismo.
Certas condições médicas, como doença celíaca, doença de Crohn, ter feito cirurgia bariátrica e o uso de alguns medicamentos, como antiácidos, podem afetar a capacidade do corpo de absorver o ferro dos alimentos.
A deficiência de ferro pode ter múltiplas causas e cada caso deve ser avaliado individualmente.
O que comer para combater a deficiência de ferro?
Manter uma dieta com alimentos ricos em ferro é o principal método para evitar a deficiência do nutriente. Existem dois tipos de ferro encontrados nos alimentos: o heme, que é melhor aproveitado pelo organismo, e o não heme, que tem a absorção dependente de alguns fatores, como ingestão (na mesma refeição) de alimentos riscos em vitaminas C e A.
- Alimentos ricos em ferro heme (é melhor absorvido, mesmo sem ajuda da vitamina C): carne vermelha, fígado bovino e de galinha, ostra, coração de galinha, carne suína e pescados, gema de ovo.
- Alimentos ricos em ferro não heme (tem absorção favorecida pela vitamina C): semente de abóbora, feijões, lentilha, fava, grão-de-bico, soja, folhas verde-escuras (agrião, couve, cheiro-verde etc).
- Alimentos ricos em vitamina C (para melhorar a absorção do ferro não heme): laranja, limão, kiwi, maracujá, tomate, couve-flor, pimentão, morango, abacaxi, mexerica, acerola, goiaba.
- Alimentos ricos em vitamina A (para melhorar a absorção do ferro não heme): fígado, gema de ovo, peixes como salmão e truta, batata-doce, abóbora, cenoura, couve, manga, mamão, goiaba.
Já os nutrientes que podem atrapalhar a absorção do ferro incluem cafeína, cálcio, oxalatos e fitatos, então evite ingeri-los na mesma refeição que as fontes de ferro.
Alimentos ricos em cálcio: leite, iogurte, queijos.
Alimentos ricos em cafeína: café, chá mate, chá preto.
Alimentos ricos em oxalatos: chocolate, abobrinha, aipo, agrião, aspargos, ameixas, café, cacau, chá preto, entre outros.
Alimentos ricos em fitatos: sementes, leguminosas e alimentos integrais.
Que outras medidas podem ser tomadas para combater a deficiência de ferro?
Outras vias de ação para combater a deficiência de ferro incluem:
- suplementação (se mudanças na dieta não forem suficientes para corrigir o quadro);
- tratamento de causas subjacentes que podem ser a origem do problema;
- monitoramento regular do nutriente no corpo, especialmente para pacientes em situações de risco acentuado.
Em que situações a suplementação é indicada?
Durante a gravidez, para que haja um suprimento suficiente para a mãe e para o feto; em momentos de demanda aumentada, como surtos de crescimento em crianças e adolescentes; para atletas de alto rendimento; para pacientes com condições médicas que prejudiquem a absorção do nutriente.
A suplementação também é indicada para pessoas com indicadores baixos de ferro ou ferritina, pessoas com alto risco de anemia ferropriva, pessoas que apresentam dificuldade na absorção ou que têm uma alimentação pobre em ferro.
A ingestão do ferro encontrado em uma dieta normal pode não ser suficiente para repor o ferro perdido nesses casos. Por isso, a maioria das pessoas com deficiência precisa tomar suplementos via oral.
A suplementação de ferro só deve ser recomendada quando não há uma anemia por ferro instalada. Nestes casos, somente a suplementação via oral não surtirá efeitos e o profissional de saúde envolvido terá que prescrever doses terapêuticas de ferro, possivelmente por via intramuscular ou intravenosa.
Fonte: Bruno Maeda, médico hematologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Cristiane Botelho da Silva, docente do departamento de nutrição do Senac São Paulo; Débora Palos, nutricionista da Clínica Dra. Maria Fernanda Barca, formada pelo Centro Universitário São Camilo; Eduardo Rego, professor titular de hematologia da Faculdade de Medicina da USP e coordenador de hematologia da Rede D’Or; Luna Azevedo, nutricionista formada pela Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), é coordenadora de pós-graduação em nutrição vegetariana e vegana pelo Instituto Luciana Harfenist com apoio da Sociedade Vegetariana Brasileira; Paulo Vasconcelos, professor de nutrologia da Faculdade de Medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará).
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