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A partir do sintoma, as possíveis doenças


Giardíase causa diarreia: veja sintomas, transmissão e prevenção da doença

Giardia, protozoário que provoca a giardíase Imagem: Reprodução

Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

02/09/2022 04h00

Em 1681, ao analisar suas fezes em um microscópio, Anton Van Leeuwenhoek, considerado o pai da microbiologia, descobriu a Giardia lamblia, um protozoário. O parasita, ao entrar no organismo, se aloja no intestino, causando diarreia aguda ou crônica. Surge assim uma infecção intestinal que recebeu o nome de giardíase.

Geralmente, a transmissão é realizada por meio de água, objetos e alimentos contaminados. No entanto, algumas mudanças de hábitos e práticas de higiene contribuem para minimizar os riscos da doença.

De acordo com Marlise Mucare, gastroenterologista do Hospital Santa Paula (SP), a giardíase ocorre com frequência em regiões quentes e está muito ligada às condições socioeconômicas do local.

"É uma infecção causada por protozoários que atinge, principalmente, o intestino delgado. Este protozoário se apresenta na forma de cisto, que é justamente a forma infectante encontrada no ambiente", destaca.

A seguir, veja detalhes sobre a giardíase, como é feito o diagnóstico, formas de tratamento e prevenção.

    Giardíase: o que é, sintomas, transmissão e mais

    O que é giardíase?

    A giardíase é uma doença infecciosa intestinal causada pelo parasita Giardia lamblia. A pessoa contaminada apresenta diversos sintomas gastrointestinais, como a diarreia.

    Pode afetar humanos e animais, como cães, gatos e animais silvestres. É uma condição bastante frequente em locais que não possuem condições sanitárias adequadas e controle da qualidade da água.

    Uma vez que uma pessoa ou animal é infectado, o parasita se aloja no intestino e é eliminado nas fezes. Infelizmente, ele consegue sobreviver por bastante tempo, o que facilita a contaminação.

    Quais os sintomas da giardíase?

    A infecção pode ser assintomática, mas os indivíduos acometidos costumam apresentar sintomas gastrointestinais. Entre eles, podemos citar:

    • Diarreia, que pode ser aguda (duração de poucos dias) ou crônica (mais do que quatro semanas de duração);
    • Dores abdominais e de estômago;
    • Distensão abdominal ("barriga inchada");
    • Flatulências;
    • Fezes de aspecto gorduroso;
    • Náuseas e vômitos.

    Outros sintomas menos comuns incluem febre, coceira na pele, urticária e inchaço dos olhos e articulações.

    A giardíase também pode causar perda de peso, pois impede que o corpo absorva os nutrientes necessários, como gordura, lactose, vitamina A e B12.

    "Em casos mais graves, provoca desnutrição. Além de causar fadiga, mal-estar e principalmente perda de apetite. Também é muito comum que essas pessoas tenham fezes com odor fétido", afirma Jorge Emanuel Brito, infectologista do Hospital Universitário Alcides Carneiro, em Campina Grande (PB).

    Os sintomas da giardíase normalmente começam de uma a duas semanas após a infecção. E esses desconfortos costumam durar de duas a seis semanas.

    Como é a transmissão da giardíase?

    A transmissão do parasita é realizada por meio da água, alimentos ou objetos contaminados. Também é transmitido de pessoa para pessoa, ao entrar em contato com mãos contaminadas ou pelo contato íntimo anal.

    "É importante lembrar que pessoas contaminadas, mesmo que assintomáticas, eliminam os parasitas nas fezes e propagam a doença para outras pessoas", explica Karoline Soares Garcia, gastroenterologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).

    Animais domésticos também são infectados e transmitem os parasitas aos humanos. No entanto, essa forma de contaminação é considerada mais rara.

    Outras formas de transmissão:

    • Ter contato próximo com alguém que tem giardíase, principalmente em ambientes de cuidados infantis, como escolas;
    • Tocar em superfícies contaminadas (como maçanetas de banheiro, trocadores, baldes de fraldas ou brinquedos) e colocar a mão na boca.

    Quem está mais suscetível ao problema?

    A giardíase é uma doença de ocorrência mundial, porém acomete com maior frequência as populações com condições sanitárias inadequadas.

    O grupo de maior risco são as crianças, justamente porque elas brincam em áreas contaminadas.

    E quem viaja com bastante frequência também tem o risco aumentado de ter o problema, principalmente ao beber água e consumir alimentos de locais desconhecidos.

    Como é feito o diagnóstico da giardíase?

    O diagnóstico de giardíase ocorre após a observação dos sinais e sintomas e uma avaliação médica. Em seguida, o especialista solicita alguns testes específicos para confirmar o problema de saúde. Entre eles, destaca-se o exame de fezes que identifica a presença do parasita.

    Como é o tratamento da giardíase?

    A maioria dos casos de giardíase desaparece por conta própria dentro de algumas semanas. O tratamento é feito com o uso de medicamentos que eliminam o parasita e impedem sua transmissão para outras pessoas.

    A escolha do medicamento deve ser orientada após avaliação médica e costuma ter duração de poucos dias. Geralmente, são indicados antiparasitários e antibióticos.

    "Além disso, é preciso fazer um acompanhamento de controle, realizando exames após 7, 14 e 21 dias. Isso porque é importante verificar se o protozoário já saiu do organismo", acrescenta Mucare.

    Quais são as possíveis complicações?

    A maioria das pessoas com giardíase se recupera totalmente após alguns meses, principalmente se os sintomas forem leves. No entanto, há casos em que a infecção demora mais para passar.

    Sem tratamento, a diarreia pode se tornar persistente e levar à má absorção de nutrientes pelo intestino. Dessa forma, acarreta consequências graves, como desidratação, anemia e desnutrição.

    Em crianças menores de cinco anos, em casos mais graves, há o risco de causar problemas de desenvolvimento.

    "A giardíase é considerada perigosa em pessoas que têm a imunidade comprometida, ou seja, que são imunossuprimidos por alguma condição, como as doenças autoimunes e HIV", complementa Brito.

    Outras complicações menos comuns incluem:

    • Problemas gastrointestinais inespecíficos a longo prazo;
    • Fadiga crônica;
    • Problemas oculares;
    • Complicações musculares;
    • Sintomas de alergia, como urticária.

    Há formas de prevenir?

    Sim. Existem algumas maneiras de minimizar o risco de contrair giardíase.

    Algumas recomendações importantes:

    • Lave bem os alimentos antes de consumi-los, especialmente frutas, verduras e legumes. Fique atento às condições de higiene dos estabelecimentos que frequenta;
    • Consuma somente água tratada (filtrada ou fervida);
    • Mantenha hábitos de higiene adequados, como lavar as mãos com água e sabão antes de levá-las à boca ou após usar o banheiro e manuseio de fraldas;
    • Evite engolir água de piscinas, banheiras de hidromassagem e respingos de água não tratada de nascentes, lagos ou rios enquanto nada.
    • Use preservativos nas relações sexuais;
    • Tratar cães e gatos que possam estar contaminados.

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