Ginseng: para que serve e como usar a erva medicinal asiática
Carol Firmino
Colaboração para VivaBem
03/06/2022 04h00
O ginseng é uma erva medicinal de origem subtropical, cultivada especialmente em países asiáticos como a China, o Japão, a Coreia do Sul e a parte asiática da Rússia. Da família Araliceae, tem diversos subtipos: o ginseng coreano ou asiático (Panax ginseng), o siberiano (Eleutherococcus senticosus) e o americano (Panax quinquefolius) são os principais.
É usada há milênios na medicina chinesa e integra, principalmente, o tratamento de algumas doenças inflamatórias, por conter ginsenosídeos (ou saponinas de ginseng), que são compostos ativos, além de ser usado para garantir energia, restaurar o equilíbrio do corpo e reduzir o estresse.
Saiba abaixo tudo sobre a planta:
Ginseng: para que serve, receitas e mais
Para que serve o ginseng e quais os principais benefícios?
O ginseng serve para:
- Prevenção e tratamento de transtornos de humor como a depressão, assim como de danos neurológicos relacionados a doenças como Alzheimer, Parkinson e Huntington;
- Poder antioxidante, que resulta na capacidade de atenuar os efeitos de radicais livres para as células;
- Capacidade de aumentar a resistência ao estresse físico, químico e biológico, além de melhorar a vitalidade no geral. Por isso, é um fitoterápico indicado para queixas de cansaço e desânimo;
- Propriedade imunomoduladora, o que aumenta as células de defesa do corpo, como os macrófagos e leucócitos;
- Redução dos níveis de glicose no sangue e aumento dos níveis das lipoproteínas de alta densidade, o colesterol bom (HDL);
- Efeitos anti-inflamatórios, anticancerígenos e antitumoral, atenuando a geração de substâncias inflamatórias e a proliferação de células tumorais;
- Melhora no desempenho sexual, com ginsenosídeos que atuam sobre o sistema nervoso, modulando o sistema neurotransmissor monoamina e eixo hipotálamo-hipofisário, e melhora da circulação sanguínea;
- Tratamento de efeitos colaterais induzidos pela quimioterapia, como nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, cardiotoxicidade e imunotoxicidade;
- Propriedade vasodilatadora, ajuda a regular a pressão arterial;
- Diminuição do estresse e da ansiedade (ginseng americano);
- Melhora condições associadas ao diabetes.
Onde encontrar o ginseng?
A planta se desenvolve melhor em zonas com flutuações de temperatura e menor exposição direta ao sol, como em florestas tropicais da América do Sul, da Ásia e da América do Norte. Para comercialização, está disponível sobre diversas formas, como raízes frescas e secas, extratos, soluções, cápsulas, comprimidos, cosméticos, bebidas e infusões, podendo ser encontrada facilmente na internet, em farmácias e empórios. Alguns produtos combinam o ginseng a outros medicamentos fitoterápicos e vitaminas.
Faz diferença usar o ginseng em cápsula ou in natura?
As especialistas consultadas por VivaBem destacam a necessidade de identificar a procedência do ginseng, seja para consumo em cápsula ou in natura. É comum que a planta seja comercializada com misturas de extratos de outras ervas, o que influencia nos preços e nos efeitos terapêuticos.
Quando em cápsula, o princípio ativo do ginseng é mais bem disposto no organismo, ou seja, é mais biodisponível. No entanto, é possível utilizar o extrato seco padrão do Panax ginseng em concentrações mais elevadas que a versão natural; ou com mais frequência em forma de chá, erva in natura desidratada e em pó para garantir os mesmos resultados.
É importante lembrar que a comunidade científica recomenda o uso dos extratos padronizados das várias espécies de ginseng, para efeitos de controle de qualidade e maior rigor nas determinações de eficácia, nos efeitos terapêuticos e possível toxicidade.
Existe alguma contraindicação para uso do ginseng?
As contraindicações para o uso de Panax ginseng incluem a existência prévia de pressão alta, asma e infecções agudas, sangramento nasal e menstruação excessiva. Esses efeitos parecem ocorrer principalmente com altas dosagens ou uso prolongado.
Outra recomendação é evitar o uso por crianças menores de 12 anos e mulheres grávidas ou lactantes, até que estudos mais rigorosos comprovem a segurança de consumo nesses grupos. O ginseng também pode interagir com drogas psiquiátricas, por isso não é recomendado para pessoas que fazem uso de antidepressivos, estrógeno, anticoagulantes, corticosteroides, hipoglicemiantes orais, insulina ou cafeína.
É necessário ter o acompanhamento de um profissional, que deve ficar atento aos sintomas adversos e às interações medicamentosas associadas aos fitoterápicos, para avaliar junto ao paciente o que pode prejudicar a absorção e os efeitos da medicação.
O ginseng pode causar efeitos colaterais?
Altas doses de ginseng (mais de 2,5 g por dia) tendem a provocar sintomas indesejados, como insônia, nervosismo, além de alterações cardiovasculares, como taquicardia e hipertensão.
Dores de cabeça, alterações gastrointestinais, redução na capacidade de concentração e nos níveis de glicose no sangue, reações alérgicas, sensibilidade na mama e irregularidades menstruais também podem acontecer. Por isso, a orientação é buscar um especialista que vai indicar como e por quanto tempo o ginseng será utilizado.
Receitas com ginseng
É possível adicionar uma colher (sopa) de ginseng em pó em smoothies, sucos arroz, sopas etc., assim como usar a erva in natura para fazer chás (2,5 g em 100 ml de água até 4 vezes ao dia).
No entanto, o princípio ativo tem maior disponibilidade quando usado sob via oral, em cápsula, por atingir maior concentração.
Fontes
Keyth Sulamitta, nutricionista e doutora em Ciências da Nutrição pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba), coordenadora do curso de Nutrição do Unipê (Centro Universitário de João Pessoa);; Natalia Barros, nutricionista especialista em saúde feminina, mestre em ciências pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e aprimoramento em nutrição humana e metabolismo pela Stanford University/USA; Nemesis Monteiro, nutricionista da Nutrindo Ideais, graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e pós-graduada em nutrição clínica ortomolecular, biofuncional e fitoretapia (Faculdade Redentor).