Medo de anestesia? Quais são os riscos do procedimento que Lula fará
Com cirurgia no quadril marcada para a próxima sexta-feira (29) em Brasília (DF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem (25) que tem "medo" de anestesia, ao comentar o procedimento. O chefe do Executivo terá de se submeter a uma anestesia geral, segundo informou a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto.
"É uma cirurgia que a ciência domina bem, não é nenhuma novidade. Obviamente é sempre cirurgia, é sempre anestesia. E, se vocês querem saber da verdade, o que eu tenho mesmo é medo de anestesia", declarou Lula.
Esse temor é compartilhado com muitas pessoas. Afinal, como funciona a anestesia e quais são os seus riscos?
Para começar, o procedimento conhecido como anestesia, que permite a realização de cirurgias e exames sem que o paciente sinta dor, surgiu há mais de 170 anos. No Brasil, a primeira foi realizada em 1848, no Rio de Janeiro, pelo médico Haddock Lobo.
Antes disso, muitos pacientes ingeriam bebidas alcoólicas e diferentes tipos de drogas antes de passarem por procedimentos dolorosos, como uma tentativa de inibir a dor. Sem os aparelhos modernos com os quais a medicina conta hoje, a chance de morte era alta.
Hoje, ainda existem muitas dúvidas e receios sobre a técnica, mas levando em consideração as normas de práticas de segurança do CFM (Conselho Federal de Medicina), ser anestesiado é bastante seguro.
O que é e para que serve a anestesia?
A anestesia é o processo de eliminar a dor —podendo ou não retirar a consciência e dar relaxamento muscular— por meio de drogas, com o objetivo de trazer conforto ao paciente para ser submetido a exames e procedimentos cirúrgicos que possam trazer desconforto ou ansiedade.
A administração deve sempre ser realizada e acompanhada por um médico anestesista, que faz o uso de monitorização para checar os sinais vitais dos pacientes.
Quais são os diferentes tipos de anestesia?
A anestesia pode ser classificada como regional ou geral. A anestesia regional atua apenas em uma parte do corpo, sendo subdividida em anestesia de neuroeixo (raquianestesia e peridural) que irá retirar a sensibilidade apenas da metade do corpo, e anestesia periférica, que irá anestesiar apenas um nervo em específico de uma região do corpo. Na anestesia regional o paciente pode ficar acordado ou dormindo.
A anestesia geral é um processo composto por 4 pilares: retirar a dor (analgesia), dormir (hipnose), imobilidade (relaxamento neuromuscular) e manter a pressão arterial e frequência cardíaca em níveis normais (bloqueio autonômico). Existem associações das anestesias, como por exemplo raquianestesia combinada com peridural ou peridural combinada geral.
Há riscos? O que a anestesia pode causar?
Todo procedimento médico pode ser acompanhado de eventos adversos. Sempre se leva em consideração as condições de saúde específicas de cada paciente e se os benefícios superam os riscos do procedimento.
As drogas, tipo de anestesia e dose são adequadas a cada um.
A complicação de "nunca acordar" é comumente confundida com o fato de morrer durante um procedimento. Não existe causa específica relacionada à anestesia de "nunca acordar", todas as medicações são metabolizadas e seus efeitos no corpo não perduram.
Como a anestesia age no corpo humano?
Depende do tipo de anestesia —cada medicação tem um mecanismo de ação diferente e deve ser utilizado em dose adequada e no momento oportuno. Na anestesia regional, o anestésico local interrompe temporariamente o sinal elétrico das fibras nervosas ocasionando a perda de sensibilidade a dor.
Já na anestesia geral, são usadas medicações com o objetivo de se alcançar os quatro pilares: analgesia, hipnose, bloqueio neuromuscular e bloqueio autonômico.
Há risco de o efeito da anestesia acabar antes do fim da cirurgia?
Com o acompanhamento médico adequado, não. O anestesiologista regula a dose de medicação de acordo com o tempo de duração do procedimento, podendo aumentar a ingestão das drogas caso uma cirurgia, por exemplo, seja mais longa do que o inicialmente esperado.
Quanto tempo demora para passar o efeito da anestesia?
Depende das drogas utilizadas. Em alguns casos, o paciente acorda em menos de 10 minutos após a finalização do procedimento. Se a pessoa passou por uma cirurgia que causa dor, por exemplo, a equipe médica pode optar por tirar a droga hipnótica, mas manter o analgésico, fazendo com que ela acorde, mas fique sonolenta.
Pode comer antes de tomar anestesia?
Não. Como o paciente perde os reflexos, os alimentos podem refluir e entrar na traqueia. Isso aumenta o risco de engasgos e até uma pneumonia grave. Por isso, o jejum é considerado essencial.
Por que às vezes a anestesia não 'pega'?
Este fato pode ocorrer com a anestesia regional (seja de neuroeixo ou periférica). Para o funcionamento da anestesia, esta deve ser administrada no local correto e com a dose correta de anestésico. Caso seja aplicada longe do nervo, poderá ocorrer falha. Nesse caso, o médico pode repetir o procedimento.
Há contraindicações para a anestesia?
Não há contraindicação específica para a anestesia. Há contraindicação em relação ao uso de determinadas drogas devido a alergias ou condições de saúde específicas, como diabetes e pressão alta. Nesses casos deve-se utilizar medicações alternativas e por isso é de extrema importância que a equipe médica conheça o quadro geral de saúde do paciente.
Quais medicamentos são usados na anestesia?
Depende de cada paciente e de cada procedimento. Existem diversos tipos de anestésicos gerais e locais. Os locais são depositados perto dos nervos, enquanto anestésicos gerais são administrados pela veia ou através da respiração.
Todos proporcionam anestesias adequadas. A escolha do anestésico varia com o tempo e o tipo de operação, e com as condições físicas e emocionais. Depois de conhecê-lo, avaliar os exames pré-operatórios e saber a cirurgia proposta, o anestesiologista indicará a melhor opção.
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