Óleo de rícino virou "queridinho" dos cabelos; veja benefícios e como usar
O óleo de rícino (ou óleo de mamona) é proveniente da semente Ricinus communis. É um líquido viscoso, límpido e amarelado, conhecido como um laxante natural. No entanto, há algum tempo ele vem ganhando a fama como um auxiliar para crescimento dos cabelos, cílios e outros pelos.
"Do ponto de vista dermatológico, já foram atribuídas a ele diversas propriedades, desde ação antioxidante, anti-inflamatória, analgésica e antimicrobiana", diz a dermatologista Francine Belineti, professora da Escola de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
Ela aponta que o ativo é muito utilizado em cosméticos para pele e cabelo, principalmente com a finalidade de hidratação, mas que faltam estudos científicos comprovando a maioria dos usos dermatológicos dessa substância.
A seguir, conversamos com especialistas para entender se, de fato, existem benefícios do óleo de rícino, como normalmente é feita a sua aplicação e muito mais. Confira!
Óleo de Ricino: para que serve, como usar e mais
Como usar o óleo de rícino nos cabelos?
Uma das dúvidas mais comuns é sobre como usar o óleo de rícino na hora da aplicação. O ideal é usá-lo topicamente, já que se for tomado, terá efeito laxante. Ele pode ser utilizado nos cabelos de forma pura, como um pré-xampu, ou seja, aplicado alguns minutos antes de lavar com o xampu habitual e enxaguado depois. Também pode ser utilizado, em pequena quantidade, como um leave-in, ajudando a selar a cutícula.
Pessoas com cabelos cacheados e crespos podem se beneficiar mais do óleo de rícino aplicado no comprimento do fio, já que estes fios, por não terem uma estrutura regular, tendem a ser mais ressecados nas pontas e manter a oleosidade mais concentrada no couro cabeludo.
Para usar o óleo de rícino na hidratação, pingue algumas gotinhas na máscara de tratamento que você costuma usar. Deixe a mistura agir por 30 minutos e, em seguida, lave bem, retirando por completo os produtos dos fios.
É verdade que o óleo de rícino ajuda no crescimento do cabelo?
Não há evidência científica desses usos do óleo de rícino. "Por ser um produto viscoso, ele acaba promovendo o efeito estético de espessamento, mas não o engrossamento efetivo dos fios", ressalta Belineti.
Maurizio Pupo, farmacêutico, cosmetólogo e consultor em cosmetologia, explica que o óleo costuma ser usado em formulações com essa finalidade devido aos efeitos anti-inflamatórios do ácido ricinoleico, que poderia ajudar em situações em que há um quadro inflamatório atrapalhando o crescimento dos fios.
Além disso, por ser nutritivo e penetrar bem no couro cabeludo, ele ajuda na recuperação da saúde dos folículos capilares, o que pode trazer algum efeito aos cabelos, mas nada milagroso.
Óleo de rícino é indicado para quem está com queda de cabelo?
Assim como não há evidência de que ele ajude no crescimento dos cabelos, o mesmo vale para impedir a queda. A queda de cabelo é um problema multifatorial, por isso precisa ser estudada por um dermatologista, para entender os melhores tratamentos para cada pessoa.
"Caso o paciente tenha alguma doença dermatológica que curse com queda e rarefação dos cabelos, a automedicação com o óleo pode retardar o diagnóstico da doença e potencialmente agravar o quadro", alerta Belineti.
Óleo de rícino pode ajudar no combate à caspa?
Também não há evidência desse benefício. A teoria seria de que sua atividade anti-inflamatória poderia ajudar em casos de dermatite seborreica, mas faltam estudos que comprovem esse benefício.
É verdade que o óleo de rícino pode ajudar na hidratação dos fios?
Eis um dos poucos benefícios do óleo de rícino aos cabelos que é embasado. "Tanto que ele é utilizado em vários condicionadores, leave-ins e até em tinturas, por exemplo", afirma Belineti.
Pupo explica que os óleos vegetais penetram muito mais na pele do que os minerais, por exemplo, por isso produtos que os contenham são mais eficientes na nutrição e hidratação dos fios e da pele também. A presença de ômega 6 também ajuda.
Pode dormir com óleo de rícino no cabelo?
Quando aplicado no couro cabeludo, o óleo de rícino deve ser removido totalmente para evitar o efeito oclusivo e piora de algumas dermatoses, como a dermatite seborreica. Ou seja, melhor não dormir com ele aplicado ao couro cabeludo. Deixe por até 30 minutos nos fios e depois lave bem.
Óleo de rícino pode ajudar no crescimento de cílios, sobrancelhas e barba?
O uso nos cílios do óleo de rícino é útil apenas para sua hidratação. É preciso ainda mais cautela nestas aplicações, por estar muito próximo da área dos olhos. O ideal é aplicar o produto bem diluído, com um pincel de cílios, sempre com extrema cautela para não atingir os olhos nem a mucosa. Evite também a exposição ao sol com o produto.
Óleo de rícino ajuda a reduzir os sinais de envelhecimento?
Muitas vezes a hidratação da pele dá a impressão de que ela possui menos rugas e marcas de expressão. No entanto, não há estudos que mostrem uma atuação direta do óleo de rícino no combate ao envelhecimento da pele.
Quais os benefícios do óleo de rícino para a pele?
Mais uma vez destacamos os benefícios do óleo de rícino para a hidratação pele. Por ser um óleo vegetal, ele penetra profundamente, ajudando em sua nutrição e hidratação. Outros benefícios atribuídos, como uso em queimaduras, celulites, entre outros, não são comprovados cientificamente.
O ideal, contudo, não é usar grandes quantidades de óleo de rícino direto na pele, devido ao risco de oclusão dos poros, que pode causar espinhas e outros problemas. Ele pode ser misturado a hidratantes ou ser usado em produtos que o contenham em sua lista de princípios ativos. É possível encontrá-lo nos ingredientes destes produtos como castor oil.
Óleo de rícino pode ajudar no tratamento de queimaduras solares na pele?
Como hidratante, ele é um ótimo aliado da pele queimada de sol, desde que não esteja lesionada devido à alta exposição solar. As queimaduras costumam ser regiões desidratadas, portando esse óleo pode ajudar na hidratação, e inclusive reduz as chances de descamação.
O óleo de rícino pode trazer benefícios para quem tem estrias?
Parte do tratamento das estrias vermelhas (aquelas mais recentes) é a hidratação. "Mas o efeito ainda é inferior do que o uso tópico de outros ativos, como o ácido retinoico. Ele pode ser uma boa opção se feito em conjunto com outros tratamentos", pondera a dermatologista Belineti.
No entanto, ela frisa que nenhum óleo é capaz de prevenir estrias completamente. E as estrias brancas também não terão benefícios com esse tipo de tratamento, por serem cicatrizes.
Óleo de rícino pode trazer benefícios para as unhas?
Parte do tratamento para as unhas quebradiças é a sua hidratação, benefício mais respaldado do óleo de rícino. No entanto, de nada adianta usá-lo sozinho. "Ele pode ajudar a aumentar a hidratação da lâmina ungueal e diminuir o aspecto descamativo, mas não irá realmente fazer com que a unha cresça mais forte", reforça Belineti.
Existem contraindicações ao uso tópico do óleo de rícino?
Pessoas com pele muito oleosa ou acneica não devem aplicar óleos vegetais (ou de qualquer tipo) como o óleo de rícino, como explica o dermatologista Daniel Cassiano, professor de dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo (SP).
O óleo de rícino serve como laxante?
Sim, o ácido ricinoleico do óleo de rícino estimula os movimentos peristálticos. O efeito laxativo se manifesta em média entre uma a três horas após a ingestão oral do óleo de rícino, em jejum, observando-se fezes aquosas.
Normalmente ele é indicado para preparação e limpeza do cólon para procedimentos como exames ou cirurgia. Também pode ser indicado como alívio a curto prazo da constipação. No entanto, o ideal é o consumo sob indicação médica.
Existe uma quantidade limite para o consumo?
A nutricionista Clarissa Fujiwara, coordenadora de nutrição da Liga de Obesidade Infantil do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), observa: "o Comitê Conjunto de Especialistas da FAO/OMS sobre Aditivos Alimentares estabeleceu como ingestão diária aceitável de óleo de rícino de até 0,7 mg/kg de peso corporal". Ou seja, uma pessoa de 80 kg poderá ingerir 56 mg da substância.
Existem laxantes que causam menos efeitos colaterais, por isso ele tende a ser menos usado. Esses efeitos incluem dor abdominal, cólicas, náusea, vômito, diarreia e risco de desidratação.
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