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Osteoporose tem cura? Só afeta mulheres? Dieta e exercícios previnem?

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Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

25/06/2021 04h00

Sofrer uma fratura ao realizar movimentos simples como tossir ou abaixar pode ser sinal de osteoporose. A doença é mais comum do que se imagina: estima-se que atinja cerca de 10 milhões de brasileiros, sendo que 14% apresentam fraturas, de acordo com a Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo).

Por conta disso, a doença pode ser incapacitante, acarretar dores crônicas e até mesmo problemas emocionais, já que as fraturas atrapalham muito o dia a dia. As mulheres na menopausa estão mais suscetíveis ao problema de saúde por questões hormonais.

Além disso, a maioria das pessoas com osteoporose só descobre a doença após fazer um exame de densidade óssea ou ao fraturar um osso.

Quer saber mais sobre as causas da osteoporose e como prevenir a doença? Conversamos com especialistas para tirar as principais dúvidas sobre o assunto.

Osteoporose: o que é, fatores de risco e prevenção

O que é osteoporose?

A osteoporose é uma doença em que ocorre o enfraquecimento dos ossos por causa da redução da massa óssea. Como consequência, a pessoa com osteoporose corre mais riscos de sofrer fraturas.

As fraturas causadas pela osteoporose são mais frequentemente nas vértebras da coluna, nos ossos do fêmur e do punho. Elas podem ser causadas por traumas leves ou surgirem do nada, sem quedas ou traumas.

O que causa a osteoporose?

Com o passar dos anos, o corpo sofre diversas alterações, e os ossos começam a ficar porosos (como se fosse uma casca de ovo) com o envelhecimento, aumentando o risco de fraturas. Isso ocorre principalmente por causa da perda de hormônios femininos na menopausa.

Além disso, na terceira idade há um desequilíbrio na formação óssea e redução da concentração de cálcio. As células formadoras dos ossos (osteoblastos) vão ficando com o metabolismo mais lento, enquanto as células que reabsorvem os tecidos ósseos começam a trabalhar de forma mais acelerada.

Dessa forma, os ossos se tornam mais frágeis. Alguns hábitos inadequados como beber, fumar, sedentarismo, carência nutricional de cálcio, níveis reduzidos de vitamina D e uso de medicamentos como os corticoides são fatores que contribuem para o aparecimento da osteoporose.

Quem tem osteoporose sente muita dor?

Geralmente, a osteoporose é silenciosa e indolor. Normalmente, a dor ocorre após o surgimento de fraturas. Em alguns casos, essa situação causa dor crônica e dificuldade em completar as atividades da rotina.

Quais são os sintomas da osteoporose?

Quem tem osteoporose não apresenta sintomas aparentes. A pessoa pode, por exemplo, descobrir uma fratura ao realizar uma radiografia. Quando há fratura, já significa um sintoma tardio da doença.

Em pacientes com fraturas na coluna vertebral, mesmo sem sintomas, ocorre perda de estatura. Pessoas que reduzem a estatura em mais de 2 cm em um ano devem buscar ajuda médica, pois isso indica uma manifestação da osteoporose.

Quais são os tipos de osteoporose?

Há dois tipos de osteoporose: a primária e a secundária. A primária é a mais comum, que ocorre após a menopausa e surge por questões hormonais. Já a secundária, acontece em consequência de outras doenças ou devido ao uso de alguns medicamentos (corticoides e anticonvulsivantes).

Por que é mais comum em mulheres?

Um dos principais motivos para ser mais comum em mulheres é a diminuição dos hormônios femininos na menopausa. Esses hormônios (estrógeno e testosterona) ajudam a manter os ossos mais saudáveis.

Estima-se que uma em cada três mulheres sofrerá uma fratura por osteoporose após os 50 anos. E 75% dos diagnósticos são feitos somente após a primeira fratura.

No entanto, apesar de mais comum nas mulheres, as fraturas do quadril costumam causar um risco de morte duas vezes maior entre os homens.

Quais são os fatores de risco para a osteoporose?

O maior fator de risco da osteoporose é a idade. Além disso, as mulheres que entraram na menopausa estão mais suscetíveis à doença. Entre outros fatores de risco destacam-se:

  • Histórico familiar de osteoporose;
  • Ter sofrido uma fratura anteriormente;
  • Consumo de álcool;
  • Magreza em excesso;
  • Menopausa precoce;
  • Artrite reumatoide;
  • Uso de corticoides;
  • Tomar pouco sol;
  • Ser sedentário;
  • Consumir pouco cálcio durante a vida.

Como é realizado o diagnóstico?

O diagnóstico da osteoporose é feito em uma consulta de rotina ou de forma tardia, após uma fratura. O especialista avalia o histórico do paciente e solicita exames que confirmam a doença. A radiografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética conseguem identificar a osteoporose.

Além disso, a densitometria óssea é um exame indicado para avaliar a densidade dos ossos e se há perda óssea. É simples e indolor e identifica a gravidade da osteoporose e também a osteopenia, que é a perda gradual da massa óssea e precede a doença.

Há ainda a FRAX - Fracture Risk Assessment Tool (Ferramenta de avaliação de risco de fratura, em português), que é usada por especialistas para avaliar as chances de fraturas maiores (como quadril) nos próximos 10 anos. É como se fosse uma calculadora que avalia o risco da doença por meio de informações como idade, gênero, altura, histórico e densidade óssea.

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Qual é o médico que trata osteoporose?

O diagnóstico da osteoporose pode ser realizado por um clínico geral, geriatra ou ginecologista. No entanto, outros especialistas como ortopedista ou reumatologista também são indicados para cuidar de casos de osteoporose.

Como é o tratamento para osteoporose?

O tratamento varia de acordo com a gravidade da doença. Para quem apresenta osteopenia são indicadas mudanças de hábitos na alimentação e no estilo de vida: aumento do consumo de cálcio, prática regular de atividade física e exposição solar diária.

Hoje em dia, há medicamentos que fazem com que a velocidade de reabsorção óssea (retirar o cálcio do osso) seja diminuída.

O tratamento da osteoporose também é realizado com medicamentos orais e injetáveis que reduzem o risco de fratura. Também podem ser incluídos suplementos de vitamina D e cálcio.

Já em casos de fraturas, é necessário o controle da dor com medicação. Vale destacar que as medidas são individualizadas e devem ser indicadas e acompanhadas por um médico.

Osteoporose tem cura? É possível reverter?

O tratamento da osteoporose pode reverter a fragilidade óssea e reduzir as fraturas de forma consistente. Não existe uma estratégia ou tratamento que seja capaz de curar a osteoporose.

Por outro lado, o tratamento e medidas preventivas são bastante efetivos e minimizam as consequências da doença. Já os casos mais graves são difíceis de serem revertidos.

Como prevenir a osteoporose?

Com uma conscientização populacional e adoção de hábitos saudáveis durante a vida toda. Manter um hábito de vida saudável desde a infância e adolescência minimiza as chances de desenvolver a osteoporose na velhice.

Isso inclui uma dieta rica em cálcio, exposição solar com níveis adequados, além de atividade física regular.
Evitar hábitos nocivos ao osso tais como o tabagismo, sedentarismo e uso prolongado de corticoides também auxilia na prevenção da doença.

Como a dieta pode evitar a osteoporose?

É importante manter uma alimentação equilibrada durante toda a vida com frutas, vegetais e carnes magras. E sempre que possível consumir alimentos ricos em cálcio, que é um nutriente fundamental para os ossos. Para isso, é necessário incluir com mais frequência o leite e seus derivados (iogurte e queijo) e também vegetais verde-escuros como couve e brócolis.

Vale a pena restringir o consumo de bebidas alcoólicas, sal, café e refrigerantes, já que estão associados ao aumento da perda óssea.

Exercícios físicos ajudam na osteoporose?

Sim. O exercício físico regular melhora a densidade óssea, o desempenho muscular e reduz o risco de quedas e fraturas. É uma ferramenta muito importante para a prevenção e o tratamento da osteoporose.

Por isso é fundamental se manter ativo e praticar exercícios de resistência e aeróbicos como as caminhadas e a musculação para estimular as células ósseas a trabalharem e reduzir as fraturas.

Quais são as consequências da doença?

Se a osteoporose não for tratada adequadamente, aumentam os riscos de fraturas. Além da dor, em alguns casos, as fraturas causam deformidades e incapacidade.

Muitas pessoas precisam ficar longos períodos de repouso para se recuperar de uma fratura, isso impede a mobilidade, acarreta depressão e até internações hospitalares. As fraturas de quadril ou coluna também aumentam o risco de morte precoce.

Fonte: Danielle do Egypto, reumatologista e professora da UFPB (Universidade Federal da Paraíba); Charlles Heldan, reumatologista da Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo); Dennis Barbosa, ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e IOF (International Osteoporosis Foundation).