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Sintomas e tratamentos da doença


Outubro Rosa: tire as principais dúvidas sobre câncer de mama

Imagem: Sakan Piriyapongsak/IStock

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

02/10/2020 04h00

Outubro é o mês de conscientização do câncer de mama que, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), é o tumor mais comum entre as mulheres e está entre os cinco tipos de câncer que mais matam no Brasil

Em 2020, a doença deve acometer 66.280 pessoas e, embora seja mais frequente para o sexo feminino, também pode atingir os homens. Estima-se que apenas 1% do total de casos da doença seja no público masculino.

A boa notícia é que existe tratamento para a condição, principalmente se diagnosticada de forma precoce.

Tire suas dúvidas sobre câncer de mama

Quais são os sintomas do câncer de mama?

Às vezes, a mulher pode não sentir qualquer sintoma até descobrir o câncer, mas os mais comuns são:

  • Nódulo endurecido ou caroço (no seio ou na axila);
  • Irritação ou aparecimento de irregularidades em alguma parte da mama, como afundamentos ou franzidos que fazem a pele parecer com uma casca de laranja;
  • Inchaço na mama toda ou em parte dela;
  • Vermelhidão ou descamação da pele da mama ou do mamilo (bico do seio);
  • Saída de secreção pelo mamilo (que não leite);
  • Dor ou inversão do mamilo (quando o bico do seio fica para dentro).

Saiba que apenas a minoria dos nódulos percebidos na mama são tumores malignos.

Quais são os sintomas de nódulo na mama?

Não existe sintomas específicos para o nódulo. O que deve ser levado em consideração é que a presença de um nódulo é sinal de risco e alerta e, por isso, a paciente deve procurar um médico.

Geralmente, os tumores mais agressivos fazem com o que o nódulo cresça de forma rápida, mudando de tamanho em poucos dias ou semanas. Já os de menor letalidade podem demorar meses. Por isso é fundamental procurar um especialista assim que perceber o problema.

Quando o câncer de mama dói?

A dor não é a primeira queixa em relação à doença. De acordo com especialistas, não quer dizer que o câncer não provoque dor, porém esse não é o primeiro ou principal sintoma. Para identificar o problema, o mais comum é a presença de nódulos e alterações nos exames de imagem.

O que pode causar o câncer de mama?

Certas mutações genéticas herdadas de um dos pais podem estar por trás do câncer de mama, mas isso não é tão frequente quanto se imagina —apenas 5% a 10% dos casos de câncer de mama são hereditários. A maior parte das mutações no DNA das células são adquiridas ao longo da vida.

Existem ainda fatores não evitáveis, mas que não significam que você terá a doença. São eles:

  • Gênero: as mulheres têm uma propensão bem mais elevada ao câncer de mama que os homens. Sabe-se que o hormônio feminino tem um papel relevante em muitos casos;
  • Idade: a maioria dos casos ocorre a partir dos 50 anos. Quanto maior a idade, maior a probabilidade de adquirir mutações genéticas;
  • Etnia: mulheres brancas são ligeiramente mais propensas a ter câncer de mama do que as de outras etnias. Porém, existe um tipo de câncer mais agressivo que é mais diagnosticado em negras;
  • Exposição ao estrogênio: mulheres naturalmente expostas a uma quantidade maior de estrogênio ao longo da vida --como aquelas que tiveram a primeira menstruação antes dos 12 anos, a menopausa após os 55 anos, a primeira gravidez após os 30 anos e/ou não tiveram filhos-- têm uma probabilidade maior;
  • Doenças benignas: em geral, cistos, fibroses, calcificações e tumores benignos não parecem afetar o risco de câncer de mama. Já lesões proliferativas (em que há crescimento excessivo de células), como a hiperplasia ductal atípica ou lobular atípica, podem aumentar o risco consideravelmente;
  • Herança genética: uma das causas mais comuns de câncer de mama hereditário (que corresponde a 5% a 10% de todos os casos) é a mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, também associada ao câncer de ovário. Nas famílias que herdam o BRCA1, o risco ao longo da vida pode chegar a 80%. Já nas que têm o BRCA2, é de aproximadamente 45%. O acompanhamento dessas pacientes deve ser mais próximo e uma cirurgia preventiva pode ser indicada;
  • Exposição à radiação ionizante: são fatores de risco a radioterapia na região torácica (especialmente quando feita em idade precoce) e até mesmo a realização excessiva e desnecessária de exames de imagem;
  • Densidade da mama: mulheres com mamas densas têm risco mais elevado, o que pode ser influenciado por fatores genéticos, idade e ocorrência de gravidez.

Qual o câncer de mama mais grave?

Existem cânceres de vários tipos e, hoje em dia, eles são bem heterogêneos. Os tumores com maior risco são o triplo negativo e HER2-positivo.

Por meio de exames, é possível ver qual o estadiamento do câncer de mama. Os estádios 1 e 2 são os tumores menores, que ainda não se disseminaram para os linfonodos mais próximos ou que atingiram apenas alguns deles.

No estádio 3, os tumores são maiores, ou se disseminaram para vários linfonodos próximos. O estádio 4 é o câncer de mama avançado, quando os tumores já se disseminaram para outros órgãos (metástases).

Vale lembrar que mesmo no câncer mais agressivo há chances de cura, por meio de terapias corretas e diagnóstico precoce.

Por que fazer quimioterapia antes da cirurgia de mama?

Geralmente é indicada antes do procedimento cirúrgico para diminuir o tamanho do tumor. Há vários tipos de medicamentos e podem ser usadas combinações. Os principais efeitos colaterais são enjoos e vômitos, perda de cabelo, fadiga, diarreia e risco de infecções.

Quais as metástases de câncer de mama?

A mais frequente é óssea e também pode aparecer no fígado e no pulmão. No caso dos dois subtipos mais agressivos (HER2-positivo e triplo negativo) pode ocorrer uma prevalência no sistema nervoso central.

Em alguns tipos de cânceres, diversos exames já são realizados para tentar prever a metástase.

Quando o câncer de mama se espalha?

Não existe uma regra. Normalmente, ocorre devido aos subtipos de cânceres e o quão invasivo ele é. Quanto menos invasivo, há menos chances de se desenvolver e se espalhar de forma rápida.

Imagem: iStock

Quanto tempo dura o tratamento do câncer de mama?

Os médicos costumam dizer que o câncer de mama não é uma doença, mas várias. Para cada perfil de paciente, estadiamento e tipo de câncer existem diferentes possibilidades de tratamento, e as técnicas para análise dos tumores têm permitido decisões cada vez mais personalizadas.

Em linhas gerais, o tratamento de um tumor pode ser apenas local (com cirurgia e radioterapia) ou também sistêmico (com quimioterapia, terapia alvo e/ou terapia hormonal). A imunoterapia ainda tem sido usada apenas em caráter experimental para o câncer de mama.

  • Cirurgia: pode ser conservadora nos estádios iniciais (com retirada apenas do tumor ou da área em que ele está localizado), ou pode ser indicada a mastectomia (retirada de toda a mama, de ambas e/ou de tecidos próximos). Linfonodos podem ser biopsiados ou removidos na mesma cirurgia ou em procedimento separado. E a reconstrução mamária também pode ser feita na mesma ocasião ou depois, a depender do caso. Como em toda cirurgia, a recuperação é mais rápida e há menos risco de infecção quanto mais conservador for o procedimento. Os efeitos colaterais envolvem dor, inchaço e limitação dos movimentos do braço, quando há retirada de linfonodos.
  • Radioterapia: pode ser realizada após uma cirurgia conservadora para diminuir a chance de retorno da doença, ou ser indicada após a mastectomia em casos de tumores maiores ou disseminados. Há diferentes tipos de radioterapia. Os principais efeitos colaterais são inchaço, sensação de peso no local e fadiga.
  • Quimioterapia: medicamentos administrados pela veia ou por via oral para destruir células cancerígenas que podem ter restado após a cirurgia ou para os casos em que o câncer já se disseminou. Em certas situações, pode ser indicada antes do procedimento cirúrgico para diminuir o tamanho do tumor. Há vários tipos de medicamentos, e podem ser usadas combinações. Os principais efeitos colaterais são enjoos e vômitos, perda de cabelo, fadiga, diarreia e risco de infecções.
  • Hormonioterapia: indicada para tumores com receptores de estrogênio ou progesterona positivos; consiste em um medicamento por via oral administrado por um período de cinco anos. O tamoxifeno é uma das drogas utilizadas para impedir que o estrogênio atue nas células do câncer. Os efeitos colaterais são semelhantes aos da menopausa.
  • Terapia alvo: existe uma série de medicamentos com ação mais específica capazes de bloquear o crescimento ou a disseminação de certos tipos de tumores, como os HER2 positivos ou para os que têm receptores hormonais positivos.

Como curar naturalmente o câncer de mama?

Todo o tratamento precisa ser baseado no tipo de tumor e caraterísticas dele. Basear informações em achismos ou métodos naturais não é o melhor tratamento e não vai curar a doença. O correto é sempre ouvir uma opinião médica e iniciar o tratamento de forma correta.

Quais as chances de cura do câncer de mama?

Cânceres de mama diagnosticados em estádios iniciais (1 e 2) têm chances de cura em cerca de 90% dos casos.

Embora perguntar sobre as taxas de sobrevida seja inevitável, é importante lembrar que as estimativas utilizadas pelos médicos são baseadas em estatísticas e podem não refletir a realidade do paciente. O prognóstico tem melhorado até para o câncer de mama avançado.

Quais são as formas de prevenção do câncer de mama?

O ideal é manter uma rotina e vida saudável. É bem importante reduzir a obesidade, combater o sedentarismo e o excesso de anticoncepcional. As formas de prevenção estão todas relacionadas aos hábitos de vida.

Fonte: Fabiana Makdissi, oncologista e head do centro de referência de tumores de mama do A.C.Camargo Cancer Center (SP)

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