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Para que serve o propranolol? Veja como age no organismo e quando tomar

Propranolol age contra hipertensão, problemas cardíacos e enxaqueca; veja para que serve Imagem: iStock

Nathalie Ayres

Colaboração para VivaBem

04/06/2022 15h45

O cloridrato de propranolol é um medicamento usado para tratar hipertensão. No entanto, em alguns casos, ele pode ser indicado para pacientes com enxaqueca ou ansiedade.

O fármaco é um bloqueador dos receptores beta-adrenérgicos. Isso significa que a molécula 'tampa' os locais onde a adrenalina se encaixa para avisar para o corpo para subir a frequência cardíaca, diminuir a pressão arterial e liberar mais glicose para o corpo.

Propranolol: para que serve, efeitos e mais

Para que serve o propranolol

O propranolol inicialmente foi usado para baixar a pressão arterial e reduzir a frequência cardíaca, tratando assim a angina. Alguns efeitos colaterais dele foram apontados como benéficos para o tratamento de outras situações, como controle de tremores essenciais, controle de arritmias cardíacas, controle de sintomas de hipertireoidismo e tratamento do hemangioma infantil.

Pacientes com arritmias causadas ou pioradas por adrenalina são alguns dos que mais se beneficiam com medicações desta classe. Por outro lado, pacientes com frequência cardíaca baixa ou em risco de bloqueios do coração não deveriam tomar a medicação, a princípio (exceto em casos onde o risco é inferior o benefício).

Muitos neurologistas também utilizam o medicamento para profilaxia de crises de enxaqueca, com bons resultados. O uso para esse fim começou na década de 1960, quando foi observado que o propranolol reduz o fluxo sanguíneo excessivo no cérebro, a hiperexcitabilidade elétrica cerebral, reduz o estresse e mantém os níveis de serotonina (neurotransmissor que regula a sensibilidade, o humor, o sono, o ritmo cardíaco e o humor).

Propranolol pode ser usado para tratar ansiedade?

Há quem use betabloqueadores como o propranolol durante crises de ansiedade. De fato, ele pode ajudar na taquicardia, um dos sintomas desse quadro. Porém, o medicamento não trata ansiedade em si. O transtorno deve ser controlado com as medicações específicas para isso e acompanhamento psiquiátrico e psicológico.

Um relato de caso de 2003, publicado no Brazilian Journal of Psychiatry, inclusive aponta para a automedicação com esse tipo de fármaco, ao narrar um paciente que usava essa medicação por conta própria há seis anos e teve durante anos um quadro grave de fobia social.

Como o medicamento age?

Como já dito, o propranolol é um betabloqueador. Ele inibe a estimulação dos receptores beta-adrenérgicos (beta-1 e beta-2) presentes no organismo (como no coração e nos vasos sanguíneos). Em outras palavras, o princípio ativo propranolol age no coração, nos vasos sanguíneos e possivelmente no sistema nervoso central, diminuindo a pressão arterial e os batimentos cardíacos.

Esse medicamento inicia a sua ação em 30 minutos após a administração oral e o seu efeito máximo ocorre em cerca de 60 minutos.

Ele é metabolizado no fígado e é excretado pelos rins, por meio da urina. Sua absorção ocorre de forma completa após administração oral e as concentrações plasmáticas máximas ocorrem entre uma e duas horas após a administração em pacientes em jejum.

Como tomar o propranolol?

Os comprimidos de cloridrato de propranolol devem ser administrados por via oral, engolidos inteiros e com água, com ou sem alimento —mas, preferencialmente com o estômago vazio, sem estar em jejum prolongado. Se for consumido após muito tempo de jejum, ele pode desencadear ou piorar a hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue, que gera fraqueza, tontura e até desmaios).

Em geral, esse fármaco é utilizado pela manhã ou à noite, a depender da prescrição médica. Lembre-se que nenhum medicamento deve ser consumido sem prescrição médica e orientação de um farmacêutico.

Quais os efeitos colaterais do propranolol?

Alguns efeitos colaterais do propranolol são:

  • Fadiga;
  • Bradicardia (diminuição do ritmo cardíaco);
  • Extremidades do corpo frias;
  • Alterações do sono;
  • Náuseas, vômitos e diarreia;
  • Mais raramente, vertigem, trombocitopenia, piora da insuficiência cardíaca, precipitação do bloqueio cardíaco, hipotensão postural, alucinações, psicoses, alterações de humor, confusão e reações cutâneas.

Quem não pode tomar propranolol?

Bruno Valdigem, médico arritmologista do hospital Dante Pazzanese, do Hospital Israelita Albert Einstein e da Rede D'Or, ressalta que o uso do medicamento em pacientes bradicárdicos e hipotensos requer cuidado, já que a substância piora essas situações.

"Pacientes asmáticos ou com bronquite devem evitar o propranolol, em regra, pelo risco de crises de broncoespasmo", acrescenta o cardiologista.

Além disso, o remédio deve ser utilizado com cautela em pacientes com cirrose descompensada. E não deve ser utilizado em mulheres grávidas sem orientação médica. Durante a amamentação, a utilização desse medicamento também não é recomendada.

Interações medicamentosas do propranolol

Estas são algumas interações medicamentosas do propranolol:

  • Uso simultâneo de verapamil pode levar à insuficiência cardíaca e transtornos da condução A-V;
  • A associação com metildopa pode levar à crise hipertensiva;
  • O uso concorrente de beta-bloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio (como felodipina, isradipina, lacipina, minodipina e nisoldipina) parece ser útil e seguro, mas efeitos adversos, alguns sérios, podem ocorrer;
  • O diltiazem aumenta os níveis séricos do propranolol e pode levar à bradicardia séria;
  • O usos concorrente de nifedipina pode levar à hipotensão excessiva e insuficiência cardíaca;
  • Alguns analgésicos antiinflamatórios não-esteróides, especialmente indometacina e piroxicam, podem reduzir seus efeitos anti-hipertensivos.

"Há relatos de que alguns fitoterápicos podem causar interações farmacológicas ao serem ingeridos por pacientes que fazem uso rotineiro de medicamentos alopáticos. No caso de propranolol, seu uso combinado com a Camellia sinensis (planta que origina o chá verde e o chá branco), pode aumentar a pressão arterial", alerta Adriana Carrijo, assessora técnica do CRF/DF (Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal.

Fonte: Adriana Carrijo, assessora técnica do CRF/DF (Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal; Bruno Valdigem, arritmologista do hospital Dante Pazzanese, do Hospital Israelita Albert Einstein e da Rede D'Or.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário no que estava dito no segundo parágrafo, propranolol é um medicamento para abaixar a pressão.

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