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Ranitidina segue suspensa; veja motivos e opções para tratar gastrite

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Imagem: iStock

Leonardo Costas

Colaboração para VivaBem

17/09/2022 15h07Atualizada em 17/09/2022 15h11

Com a comercialização suspensa desde 2020, conforme determinação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a ranitidina era um medicamento usado para reduzir a produção de ácido no estômago, indicado principalmente para tratamento de problemas gástricos como refluxo, má digestão e úlcera.

Conforme a Resolução RE Nº 3.259, o motivo para proibir a comercialização, distribuição, fabricação, importação, manipulação e propaganda da ranitidina foi a detecção em alguns produtos de altos níveis de nitrosanimas --a chamada N-nitrosodimetilamina (NDMA), uma impureza cancerígena.

A NDMA é comumente encontrada na água, em alimentos defumados e grelhados, laticínios e vegetais. A exposição ao composto, dentro de limites seguros, representa baixo risco de agravos à saúde. No entanto, a ingestão acima do nível aceitável e por longo período pode aumentar o risco de câncer, conforme explica nota enviada pela Anvisa ao VivaBem.

Ainda segundo o órgão de vigilância sanitária, a resolução em vigor foi motivada pela possibilidade de formação da NDMA tanto no insumo farmacêutico ativo (IFA) cloridrato de ranitidina como em medicamentos que contenham a substância.

Cientistas identificaram que a presença elevada de nitrosanimas no medicamento acontece pois, ao sofrer degradação, um dos produtos gerados pela molécula cloridrato de ranitidina é o NDMA. Portanto, a presença da substância cancerígena nos remédios não foi provocada por contaminação por agente externo, mas sim por uma reação química da própria molécula.

Como ainda não há indícios de que as indústrias foram capazes de estabilizar a molécula em diferentes formulações, evitando essa degradação durante todo o prazo de validade do produto, a Anvisa determinou tais medidas restritivas à ranitidina.

Sem a ranitidina, a classe médica buscou outras opções para o tratamento de pacientes com doenças como refluxo gastroesofágico, esofagite, gastrite e úlceras no esôfago, estômago ou duodeno. Veja a seguir.

Tire dúvidas sobre como substituir a ranitidina

Para que servia e qual remédio tomar no lugar da ranitidina?

A ranitidina era uma substância usada para reduzir a produção de ácido no estômago, diminuindo os sintomas de doenças como refluxo, gastrite e úlcera.

Com a proibição do medicamento, atualmente indica-se remédios que atuam de forma similar, como a cimetidina e a famotidina.

Além deles, os médicos podem prescrever medicamentos que conseguem reduzir de forma ainda mais eficaz a produção de ácido gástrico. Por exemplo, os inibidores de bomba de prótons —mais conhecidos como "prazóis" (omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, lansoprazol, dexlansoprazol, rabeprazol)— ou o vonoprazan, que foi lançado mais recentemente no Brasil.

Outra opção para tratamento de sintomas pontuais é o uso de antiácidos.

Como e quando tomar esses remédios?

No geral, são utilizados em jejum, mas alguns desses medicamentos com tecnologia mais moderna podem ser tomados independentemente de o paciente ter comido ou não.

O médico pode orientar o uso dos remédios apenas quando a pessoa tiver sintomas (sob demanda) ou por um tempo predefinido, como de quatro ou oito semanas.

Em alguns casos específicos, pode ser necessário o uso em longo prazo para tratar os problemas gástricos

Quais os efeitos colaterais?

Esses medicamentos estão no grupo dos mais utilizados no mundo e seus efeitos colaterais são pouco frequentes —mas podem acontecer. O paciente pode apresentar:

  • dor abdominal;
  • diarreia ou constipação intestinal;
  • dores de cabeça;
  • náuseas;
  • flatulência;
  • erupção cutânea;
  • tontura;
  • outros problemas mais raros.

Uma importante recomendação é evitar a automedicação e uso o prolongado sem acompanhamento médico. O uso contínuo pode ter relação com problemas na absorção de vitaminas e minerais (como a vitamina B12 e o magnésio) e alterações na microbiota, favorecendo infecções bacterianas no intestino, além do risco de desenvolvimento de pólipos gástricos e doença renal.

Quem não deve tomar esse remédios?

A contraindicação absoluta é para quem tem alergia a substância da medicação.

Grávidas, lactantes e pessoas com doenças hepáticas ou renais precisam de atenção especial e o uso dos remédios deve ser discutido com o médico responsável.

Lembre-se: nenhum medicamento deve ser tomado sem orientação, prescrição e acompanhamento de um médico ou farmacêutico.

Como os medicamentos funcionam no tratamento de gastrite e úlceras?

O principal objetivo dessas medicações é a redução da produção de ácido gástrico. Com isso, retira-se um dos principais agressores do trato digestivo, melhorando sintomas de má digestão e permitindo a cicatrização de esofagites, gastrites, duodenites e úlceras.

Há riscos ao tomar com outros remédios?

Os "prazóis" podem interferir na ação de outros medicamentos porque algumas substâncias são melhor absorvidos em ambiente ácido (como repositores de hormônio da tireoide e suplementos de ferro) —logo, quando usados em conjunto, terão sua eficácia reduzida.

Outra questão é que os "prazóis" são metabolizados por algumas enzimas hepáticas e, portanto, podem interagir com medicamentos que possuem ação semelhante, podendo potencializar ou reduzir seus efeitos.

Por isso, é muito importante receber orientação médica ao tomar os medicamentos.

Fonte: Rafael Bandeira, gastroenterologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz de São Paulo (SP); Danieli do Socorro Brito Batista, médica gastroenterologista e especialista em endoscopia digestiva, vice-presidente da Sobed (Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva) do Pará; Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),laboratórios Aché e Sanofi.