Já teve de medir saturação? Teste pode dar pista até de doença neurológica

A saturação é um valor em porcentagem que representa a quantidade de oxigênio circulante no sangue. Na prática, o oxigênio (O2) entra nos pulmões junto com ar que é inspirado, passa pelos alvéolos e se liga à hemoglobina, uma proteína presente nos glóbulos vermelhos que tem a função de fixá-lo. Então, ele é levado para cada uma das células do corpo por meio da circulação sanguínea.

A hemoglobina também faz o papel de carregar o dióxido de carbono (CO2) dos tecidos de volta para os pulmões a fim de ser expelido para fora do corpo.

A seguir, entenda mais sobre a importância da saturação para avaliar as condições de saúde do paciente e diagnosticar doenças.

Por que checar a saturação?

Junto com a pressão arterial, a temperatura corporal e as frequências cardíaca e respiratória, a saturação de oxigênio é um importante parâmetro que fornece ao médico informações sobre o estado geral da saúde do paciente.

Esse exame ajuda a dar pistas não só de problemas respiratórios por dificuldade de troca gasosa (caso da covid-19, pneumonia e asma, por exemplo) e por falência pulmonar, mas também cardíacos, neurológicos (ou neuromusculares como a síndrome de Guillain-Barré) até um quadro de anemia grave.

A saturação ainda é usada para monitorar pacientes anestesiados para procedimentos cirúrgicos ou que estejam em unidade semi-intensiva e em UTI (unidade de terapia intensiva).

Quais valores de saturação são considerados normais?

É considerada uma saturação normal valores entre 100% e 95%. No entanto, alguns médicos consideram até 92%. Geralmente, entram nessa faixa pacientes fumantes, aqueles que estejam com gripes e resfriados ou com uma condição crônica como bronquite ou asma, não sendo motivo de preocupações.

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A partir de qual valor a saturação é considerada baixa?

Pessoas saudáveis que apresentam valores abaixo de 95% já podem indicar uma baixa saturação de oxigênio e que algo está impedindo a passagem do oxigênio para o sangue. Nesse caso, é importante investigar o que está causando o quadro.

É a partir de 90% que o paciente começa a sentir efeitos como a falta de ar e a presença de algum problema de saúde grave que precisa ser identificado no hospital e tratado o mais rápido possível.

Como medir a saturação?

A saturação de oxigênio pode ser verificada por meio de uma "oximetria", utilizando um oxímetro —equipamento portátil, prático e acessível para se ter em casa e que também é usado em ambiente hospitalar. Existem modelos para usar nos dedos e no lóbulo da orelha, que ainda verificam o pulso (frequência cardíaca). Há inclusive esteiras de academia que disponibilizam o aparelho para o esportista acompanhar a saturação durante o exercício.

Outro método que mensura a saturação do sangue é o exame chamado gasometria arterial, que é mais preciso, porém doloroso. Ele exige retirar uma amostra de sangue de uma artéria, em geral da que está localizada na região do punho (artéria radial) para ser analisado em laboratório, portanto também é mais demorado.

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Esse exame fornece ainda valores de outras substâncias importantes, como sódio, potássio, lactato e pH do sangue, que podem estar relacionadas à saturação. Ele é indicado para pacientes que precisam de um monitoramento contínuo e exato por conta de quadros mais delicados como doenças cardíacas graves e grandes cirurgias, por exemplo.

O oxímetro de dedo é confiável para mensurar a saturação?

Em geral, o oxímetro é uma boa ferramenta para verificar a saturação do sangue, mas alguns erros podem prejudicar a leitura do equipamento, como posicioná-lo incorretamente no dedo e o uso de esmaltes escuros na unha —seu leitor emite uma luz que atravessa as camadas de tecido da pele para perceber a quantidade de oxigênio no sangue e o uso de esmalte escuro interfere na passagem dela.

Climas muito frios também podem influenciar no resultado uma vez que causam vasoconstrição nas extremidades dos dedos, reduzindo a circulação de sangue no local.

Quais as principais causas da baixa saturação?

Em geral, processos inflamatórios relacionados ao pulmão, seja por agente infeccioso (vírus, bactéria ou fungo) ou irritante (perfume, pó, fungo) podem piorar a passagem do oxigênio dos alvéolos para o sangue e impactar a saturação, tanto pela presença de secreção quanto pelo edema (inchaço) das estruturas.

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Alguns problemas cardíacos também podem influenciar na saturação quando a circulação do sangue fica mais lenta ou gera acúmulo de líquido nos alvéolos do pulmão, causando edema e prejudicando a troca gasosa. A baixa na saturação ainda acontece em quadros de anemia pela diminuição do número de glóbulos vermelhos, uma vez que menos oxigênio passa a ser levado para as células.

O mesmo pode acontecer com quem tem anemia falciforme —distúrbio hereditário em que parte das hemácias têm o formato de foice— alteração que dificulta a fixação do O2 que deveria ser carregado para as células do corpo.

Quais os sintomas da baixa saturação?

Os sintomas da baixa saturação podem variar de acordo com a doença que está causando o problema. Mas, em geral, a pessoa sente tontura, taquicardia, náusea, falta de ar e desmaios, já que o cérebro não recebe oxigênio suficiente.

O que fazer para melhorar a saturação?

Diante de um quadro de baixa saturação, deve-se procurar ajuda de um médico que vai avaliar e orientar o melhor tratamento a ser realizado. Caso seja por conta de um quadro respiratório infeccioso com secreção, o profissional vai orientar o uso de medicamentos para deixá-la mais fluida, contribuindo para sua eliminação a fim de facilitar a oxigenação.

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Ou ainda prescrever remédios para reduzir a inflamação e um possível edema que possa estar dificultando a troca gasosa. Dicas como tossir, dormir sentado, ficar em um local arejado e fazer inalação podem ajudar, mas não substituem a orientação de um profissional.

A saturação muda com a idade?

A saturação do sangue é a mesma nos idosos. Mas a capacidade de uma queda na saturação de oxigênio diante de uma doença é muito maior por conta do envelhecimento de órgãos (pulmão, coração) e vasos.

Por esse motivo, os mais velhos acabam sofrendo um impacto maior diante de um quadro infeccioso.

Estresse e ansiedade afetam a saturação de oxigênio?

Sim. O hormônio adrenalina que é liberado pelo estresse pode levar à hiperventilação. A respiração se torna curta e rápida porque o pulmão não consegue se encher de ar e surge um quadro de hipóxia, diminuindo o oxigênio da circulação. Isso faz com que a pessoa tenha tontura, falta de ar, suor excessivo, palpitações e até desmaios.

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Nesses casos, vale fazer um exercício de respiração profunda e buscar tratamento psicológico para lidar com as situações que o leva aos episódios. Sessões de meditação, ioga e exercícios físicos também são recomendados.

Fonte: Paulo Zogaib, médico especialista em medicina esportiva e fisiologia do exercício, chefe do ambulatório de avaliação da medicina esportiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

*Com informações de reportagem publicada em 8/11/2022

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