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Secnidazol trata bactérias e parasitas; veja para que serve e como tomar

Secnidazol é usado contra bactérias e parasitas; saiba tudo sobre o remédio Imagem: iStock

Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

26/03/2023 11h35

O secnidazol é um medicamento usado para combater infecções provocadas por bactérias e parasitas. Está disponível no mercado desde o final da década de 1960, sendo indicado principalmente para o tratamento de infecções que atingem o aparelho reprodutor feminino, como a tricomoníase, causada pelo parasita Trichomonas vaginalis. Também é uma opção terapêutica para problemas como amebíase e giardíase.

Nos EUA, só foi aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) —agência reguladora de medicamentos norte-americana— para o tratamento das infecções vaginais por T. vaginalis em 2017, embora diversos países já tivessem incorporado seu uso na prática clínica.

No Brasil, foi aprovado em 2000 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Pode ser encontrado nas farmácias com os nomes comerciais de Secnidal, Secnimax ou Unigyn.

A seguir, veja detalhes sobre o uso de secnidazol, contraindicações e possíveis efeitos colaterais.

Secnidazol: para que serve, efeitos e como tomar

Para que serve secnidazol?

O secnidazol possui atividade anti-infecciosa contra os parasitas que acarretam alguns problemas de saúde, tais como:

  • Tricomoníase - trata-se de uma doença transmitida por contato sexual, causada pelo parasita Trichomonas vaginalis. É comum o surgimento de um corrimento amarelo ou verde, com odor fétido que, às vezes, vem acompanhado de irritação ou coceira vaginal.
  • Amebíase intestinal e hepática - é uma infecção provocada pelo parasita Entamoeba histolytica que atinge tanto o intestino quanto o fígado. Pode provocar dor abdominal, diarreia e fezes com sangue, mas também há casos assintomáticos.
  • Giardíase - é uma doença infecciosa intestinal transmitida pelo parasita Giardia lamblia. A pessoa contaminada costuma ter sintomas gastrointestinais, como a diarreia.

Além disso, o secnidazol possui ação contra bactérias, especialmente o microrganismo Bacteroides fragilis, responsável por infecções pélvicas e abdominais.

Como tomar o secnidazol?

O secnidazol age no organismo como um antiparasitário, eliminando parasitas como Giardia lamblia, Entamoeba histolytica e Trichomonas vaginalis.

O medicamento é seletivo para os microrganismos, com efeito bactericida ao entrar na célula, se associar ao DNA e causar ruptura nessa estrutura.

Na maioria dos casos, a recomendação é tomar uma dose única de 2 g para adultos e 30 mg/kg em crianças.

Quando surge a tricomoníase, a indicação é uma dose única de dois comprimidos de 1.000 mg e a mesma dose é recomendada para o cônjuge. Isso porque é transmitido por meio de relações sexuais ou contato íntimo com secreções.

Em casos de amebíase hepática, a indicação é de 1,5 g/dia a 2,0 g/dia durante cinco a sete dias. Não se deve partir ou mastigar os comprimidos.

Quais os efeitos colaterais do secnidazol?

Na maioria das vezes, o secnidazol é um medicamento muito bem tolerado se utilizado de forma correta, tanto para adultos quanto para crianças. As reações adversas mais comuns são gastrointestinais como náuseas e/ou vômitos. Mas também podem surgir:

  • Gosto metálico na boca;
  • Dor de cabeça;
  • Febre;
  • Vermelhidão e coceira na pele;
  • Dor no estômago;
  • Inchaço na pele (principalmente rosto, boca e língua);
  • Tonturas;
  • Erupções cutâneas;
  • Sensação de formigamento ou dormência.

Conheça as apresentações disponíveis

O medicamento é encontrado na forma de:

  • Comprimidos simples de 1.000 mg por dose;
  • Comprimidos revestidos de 1.000 mg por dose;
  • Pó para suspensão oral de 30 mg/mL.

Serve para tratar corrimento e candidíase?

O secnidazol é indicado para o tratamento da tricomoníase, que costuma ter como um dos sintomas um corrimento de odor desagradável.

No entanto, o medicamento não é indicado para o tratamento da candidíase, que é uma doença causada pelo fungo Candida albicans. Geralmente, nesses casos, surgem coceiras intensas, vermelhidão e corrimento esbranquiçado.

Para tratar a candidíase, é necessário medicamentos antifúngicos na forma de comprimidos ou pomadas.

É importante que a mulher com qualquer tipo de corrimento busque ajuda de um ginecologista para ter um diagnóstico correto e começar o tratamento adequado o quanto antes.

Para quem é contraindicado? Grávida pode tomar secnidazol?

De modo geral, o medicamento é considerado seguro, mas existem algumas contraindicações. Assim, o fármaco não deve ser usado por pessoas que sejam alérgicas ou hipersensíveis (ou tenham conhecimento de que alguém da família tenha tido reação semelhante) ao seu princípio ativo ou a qualquer outro componente de sua fórmula.

Além disso, não existem restrições em relação à faixa etária, ou seja, pode ser usado por idosos e crianças. O secnidazol é contraindicado para gestantes e lactantes, pois atravessa a barreira placentária e é excretado no leite.

Recomenda-se evitar a administração de secnidazol aos pacientes com antecedentes de discrasia sanguínea (quando o sangue não coagula direito) e distúrbios neurológicos.

Quais as vantagens e desvantagens de uso?

Por conta do extenso uso do antimicrobiano metronidazol, medicamento da mesma classe, e a possibilidade de desenvolvimento de resistência contra ele, o secnidazol representa uma boa opção de tratamento. Outra vantagem é que este medicamento já é eficaz com uma única dose.

Entre as desvantagens de uso, estão os efeitos colaterais como os distúrbios gastrointestinais e erupções cutâneas.

Qual a melhor hora para tomar o secnidazol?

Recomenda-se tomar preferencialmente à noite, após o jantar. No entanto, pode ser usado em qualquer hora do dia, desde que se respeite a prescrição médica. Sabe-se que o uso matinal (antes do café da manhã, por exemplo) causa maior intolerância gastrointestinal e mais efeitos adversos.

Interações medicamentosas e com álcool

É desaconselhável associar o uso do secnidazol com dissulfiram, pois há risco de surto delirante, estado confusional e reações psicóticas.

Além disso, não é recomendado usar secnidazol concomitante com anticoagulantes orais (como varfarina). Isso porque pode aumentar o efeito coagulante e o risco de sangramentos por diminuição do metabolismo do fígado.

Não se deve associar o uso do secnidazol com bebidas alcoólicas, pois acarreta calor, vermelhidão, vômito e taquicardia. Sendo assim, deve-se evitar a ingestão de bebidas alcoólicas durante o tratamento com secnidazol e por até quatro dias após o seu término.

Está disponível na Farmácia Popular?

O secnidazol não está disponível no programa Farmácia Popular. No Brasil, existem medicamentos similares e genéricos. Converse com seu médico sobre o assunto.

O que faço quando esqueço de tomar o secnidazol?

Nesses casos, a indicação é tomar o medicamento assim que se lembrar e reiniciar o esquema de uso normalmente. É desaconselhado dobrar a dose para compensar o que esqueceu. Se você sempre se esquece de tomar seus remédios, use algum tipo de alarme para evitar que isso se repita e comprometa a eficácia do tratamento.

Por quanto tempo usar o secnidazol?

Geralmente, para o tratamento de giardíase, amebíase intestinal e tricomoníase recomenda-se uma dose única. Já para o tratamento de amebíase hepática, o ideal é usar o medicamento de cinco a sete dias.

Há interferência em exames laboratoriais?

De forma geral, são desconhecidas interações com exames. No entanto, sabe-se que o uso do medicamento gera uma discreta leucopenia em exames de sangue, ou seja, redução do número de leucócitos. Portanto, o médico deve ser avisado sobre o uso do secnidazol.

Há riscos no uso prolongado?

Na maioria das vezes, esse medicamento é usado por um curto período de tempo, mas há situações médicas em que se indicam o uso prolongado. Nesses casos, o médico deve monitorar o paciente mais atentamente para prevenir e controlar possíveis manifestações de efeitos colaterais.

Fontes

Carlos Eduardo Coral de Oliveira, farmacêutico e professor do curso de Medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Nathalia Christino Diniz Silva, farmacêutica responsável pelo Departamento de Apoio Técnico e Educação Permanente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo) e Edyane Gomes, ginecologista do HU-UFMA (Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão).

Revisão técnica: Carlos Eduardo Coral de Oliveira

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