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Topiramato ajuda contra enxaqueca; saiba como tomar o remédio

Topiramato age contra epilepsia também; saiba como tomar e contraindicações - iStock
Topiramato age contra epilepsia também; saiba como tomar e contraindicações Imagem: iStock

Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

16/04/2023 04h00

Desenvolvido nos EUA em 1979, o topiramato é um anticonvulsivo eficaz na prevenção de enxaqueca e crises de epilepsia. No entanto, também já foi usado para controlar os sintomas de ansiedade e por quem deseja emagrecer.

A seguir, veja detalhes sobre o uso de topiramato e principais indicações.

Topiramato: para que serve, efeitos e como tomar

Para que serve o topiramato?

O topiramato é um anticonvulsivo e costuma ser indicado para alguns tipos de epilepsia. É um medicamento usado para tratar convulsões em adultos e crianças com, no mínimo, dois anos.

Também é utilizado para prevenção de enxaqueca, mas não é eficaz para o tratamento de dor de cabeça.

Como tomar o topiramato?

O ideal é seguir as recomendações do médico sobre a melhor forma de uso. A dose mínima diária é de 200 mg, podendo chegar ao máximo de 1.600 mg/dia, dependendo do caso.

Em geral, o topiramato deve ser tomado duas vezes ao dia (de manhã e à noite). Porém, o médico poderá recomendar que se tome o medicamento uma vez ao dia, em doses maiores ou menores.

Pode ser ingerido com ou sem alimentos e não deve ser fracionado (quebrado). A dose para crianças é menor, de acordo com o peso corporal.

Os comprimidos de liberação imediata podem ser diluídos em água, mas o gosto costuma ser bastante amargo.

É comum que o tratamento seja iniciado com uma dose mais baixa, que vai aumentando gradativamente, até atingir a dose adequada para controle da epilepsia ou enxaqueca.

Por quanto tempo tomar topiramato?

O tempo de tratamento com topiramato varia de acordo com a doença a ser tratada.

Na prevenção das crises epilépticas, geralmente, o uso se estende por vários anos. De forma geral, a duração do tratamento é definida caso a caso.

Quais os efeitos colaterais do topiramato?

Entre os principais efeitos colaterais de topiramato estão:

  • Alterações na coordenação motora;
  • Perda de cabelo;
  • Dificuldade de concentração;
  • Lentidão de pensamento e confusão mental;
  • Sonolência;
  • Diminuição do apetite;
  • Tontura;
  • Náuseas;
  • Diarreia;
  • Dor de estômago;
  • Formigamento;
  • Cansaço.

Também costumam ocorrer com menos frequência:

  • Distúrbios da fala;
  • Sintomas depressivos e alteração do humor;
  • Erupção cutânea;
  • Visão turva;
  • Febre;
  • Sudorese;
  • Desidratação;
  • Sintomas de resfriado, como nariz entupido, espirros ou dor de garganta;
  • Pensamentos suicidas;
  • Formação de cálculos renais (pedra nos rins).

Quais as contraindicações do topiramato?

O topiramato é contraindicado para grávidas e lactantes. Ainda faltam evidências científicas que comprovem que o medicamento é seguro para esse grupo de pessoas. Portanto, não é recomendado.

Também pode aumentar o risco de lábio leporino e/ou fenda palatina, um defeito congênito que se desenvolve no início da gravidez.

Não deve ser usado por aqueles com alergia ou sensibilidade a algum componente do medicamento.

Por fim, idosos também devem se atentar ao uso de topiramato: não há pesquisas que relatem os efeitos deste medicamento na população geriátrica. Por isso, o uso não é contraindicado, mas merece cautela e ajuste na dose para evitar efeitos colaterais.

Topiramato ajuda a emagrecer?

Em alguns casos, o uso de topiramato contribui com a perda de peso corporal. Algumas pessoas relatam perda de apetite ou mudanças no paladar após tomar o medicamento, o que contribui com o emagrecimento.

Vale destacar que o topiramato não é aprovado pela FDA, agência responsável pelo controle de medicamentos nos EUA, para promover a perda de peso. Mas é usado de forma off label para essa condição, ou seja, não consta na bula.

Qual o nome comercial do topiramato?

O topiramato está disponível em comprimidos revestidos de 25, 50 e 100 mg. É encontrado em farmácias com o nome comercial Topamax®.

Outros nomes similares para o medicamento são: Amato®, Égide®, Vidmax® e Têmpora®.

Topiramato é indicado para controlar a ansiedade?

Não. Embora alguns indivíduos tenham usado o fármaco para o tratamento de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e transtorno afetivo bipolar, o topiramato não é indicado para tratar a ansiedade ou essas condições de saúde.

Há outros medicamentos mais eficazes para os transtornos de humor, como é o caso dos antidepressivos e ansiolíticos. É importante procurar um psiquiatra para saber qual medicamento é mais indicado para cada indivíduo.

Sabe-se que o topiramato pode provocar aumento de ideação suicida, piorar a ansiedade, alterar o humor e acarretar confusão mental quando usado inadequadamente. Nessas situações, o médico deverá ser comunicado para definir se há necessidade de descontinuar o tratamento.

Como o topiramato age no organismo?

O topiramato atua com diferentes mecanismos de ação no cérebro. Seu uso influencia vários processos químicos cerebrais: reduz a ação excessiva de algumas células nervosas, que provocam crises epilépticas e de enxaqueca.

Pode ainda inibir enzimas cerebrais, o que tem efeito positivo contra as crises epiléticas.

Quais são as vantagens e desvantagens desse medicamento?

De acordo com os especialistas consultados, entre as vantagens destacam-se a sua eficácia para controlar as crises de epilepsia e prevenir a enxaqueca.

Entre as desvantagens, estão os efeitos colaterais que atrapalham o dia a dia do indivíduo: sonolência, alterações na coordenação motora, cansaço e dificuldades de concentração entram na lista.

Precisa de receita para comprar topiramato?

Sim. A prescrição médica e a retenção da receita são obrigatórios para o uso deste medicamento.

Topiramato altera os resultados de exames laboratoriais?

Sim. O uso do topiramato está associado com a diminuição dos níveis de bicarbonato no sangue. Também há o risco de alterar os níveis de fosfato, potássio e algumas enzimas.

O que fazer se eu esquecer de tomar o topiramato?

Tome o remédio assim que se lembrar. Não é recomendado tomar duas doses de uma vez.

No entanto, ignore uma dose esquecida de topiramato se a próxima estiver prevista para menos de 6 horas. Entre em contato com o médico caso tenha esquecido de tomar por vários dias.

Para evitar esquecimentos, tente ingerir seus medicamentos no mesmo horário todos os dias, e use um alarme.

Quais são os riscos de parar o medicamento por conta própria?

Vale ressaltar que a interrupção do tratamento com topiramato deve ser cautelosa e o medicamento deve ser gradativamente descontinuado (desmame). Isso minimiza a possibilidade de crises epilépticas ou aumento da frequência de quadros de enxaqueca.

Por outro lado, por se tratar de um medicamento depressor do sistema nervoso central, o uso por conta própria pode causar transtornos neurológicos significativos, comprometendo as atividades diárias do indivíduo.

O que devo evitar fazer enquanto estiver tomando topiramato?

Quem está usando o topiramato não deve ingerir bebidas alcoólicas. Isso porque o álcool compromete a eficácia do fármaco.

Algumas pessoas apresentam problemas de coordenação motora principalmente no início do tratamento. Portanto, a recomendação é evitar dirigir ou operar máquinas neste período.

Interações medicamentosas

O uso de topiramato com outros medicamentos que causam sonolência tende a piorar esse sintoma. Portanto, é importante se atentar para as interações se também utilizar remédios para dormir, relaxantes musculares ou fármacos para depressão e ansiedade.

Além disso, o topiramato também interage com os seguintes medicamentos:

  • Pílulas anticoncepcionais;
  • Outros anticonvulsivantes, como zonisamida e divalproato de sódio.

Os especialistas reforçam que é importante informar ao médico sobre o uso de fitoterápicos, suplementos e vitaminas. A utilização desses itens, principalmente sem receita, acompanhado do topiramato, pode causar reações adversas.

Interações alimentares

Até o momento não foram relatadas interações do medicamento com algum tipo de alimento.

Fontes

Marcelo Polacow, presidente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo); Carlos Eduardo Coral de Oliveira, farmacêutico e professor da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e Maria Fernanda Barros de Oliveira Brandão, farmacêutica do Centro de Informação sobre Medicamento do CRF-BA (Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia).