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Vacinas são eficazes contra a variante delta? Tudo o que sabemos da mutação

Saiba o que é a variante delta da covid-19 e quais os riscos dela Imagem: effelle/Pixabay

Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

23/07/2021 09h29Atualizada em 17/05/2022 18h31

Presente em mais de 100 países, incluindo o Brasil, a variante delta preocupa por ser mais transmissível do que as outras cepas do vírus da covid-19. A mutação já está presente no Brasil e virou preponderante em muitos territórios que tinham a doença controlada, mas agora registram aumento de casos.

A variante delta é uma das chamadas "variantes preocupantes" classificadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) por terem a possibilidade de gerar reinfecção em quem já teve a doença ou de possivelmente escapar da cobertura vacinal —nos países com vacinação mais avançada, contudo, a grande maioria dos casos novos são em pessoas que ainda não se vacinaram completamente com as duas doses.

Mas quais os sintomas da variante delta? E a eficácia das vacinas? A seguir, tire as principais dúvidas.

Variante Delta: O Que É, Sintomas e Riscos

O que é a variante delta?

É uma das variantes do Sars-CoV-2 que apresenta mutações genéticas múltiplas que a tornam mais transmissível. É da linhagem B.1.617.2 do vírus da covid-19.

Para evitar a estigmatização contra os países de origem das variantes, a OMS passou a utilizar o alfabeto grego para nomear as respectivas mutações. A alfa foi identificada no Reino Unido; a beta, na África do Sul; a gama, no Brasil; e a delta, na Índia.

Onde e quando a variante delta surgiu pela primeira vez?

Ela foi identificada pela primeira vez na Índia em outubro de 2020, no estado de Maharashtra.

A variante delta está presente em quantos países?

Segundo a OMS, ela está presente em mais de 130 países, incluindo Estados Unidos, China, Reino Unido e Brasil, entre outros. No entanto, esse número deve ser maior dada a ausência de uma vigilância epidemiológica genômica, incluindo o sequenciamento genético do vírus, que deveria ir além da detecção do vírus para caracterizar as variantes circulantes.

Em quais regiões do Brasil a variante delta foi registrada?

O Brasil tem casos detectados até o meio de julho no Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás, São Paulo e Pernambuco. Provavelmente ela já circula em outros estados além dos mencionados.

Quais os principais sintomas da variante delta da covid-19?

Os principais sinais e sintomas são febre, dor de cabeça, coriza e dor de garganta. Com a variante delta, os casos têm menor ocorrência de tosse e perda de paladar e olfato.

Esse quadro pode ser confundido com um resfriado comum, o que acaba levando muitas pessoas a não procurar atendimento e à possibilidade de contaminar outras sem saber que estão com covid. É importante fazer os testes de detecção para estabelecer o diagnóstico correto.

Quais são as maiores preocupações em relação à variante delta?

Segundo alguns estudos preliminares, a variante delta pode ser de 50% a 100% mais transmissível do que as demais cepas do Sars-Cov-2. A preocupação é que ela faça voltar a alta incidência de casos e force uma nova onda da crise sanitária, aumentando, inclusive, o número de internações.

Além disso, preocupa o risco de a variante delta se tornar dominante no Brasil. Ela já é considerada predominante em alguns países, como Índia, Reino Unido, Israel, México, Bélgica e Estados Unidos.

Por que a variante delta é mais transmissível?

Um estudo apresentado pela OMS e pelo Imperial College, de Londres, mostrou que a variante delta é mais transmissível que as demais por possuir mutações na região do genoma responsável pela produção da proteína S (ou spike), localizada na superfície da membrana do Sars-CoV-2. Este é o local de aderência do vírus à célula humana.

Dessa forma, as mutações aumentam a capacidade viral de infectar células com adesão aos receptores celulares humanos, gerando maior transmissão e maior facilidade de escapar do sistema imune.

A variante delta provoca casos mais graves ou mais mortes?

Os cientistas ainda estudam essa possibilidade. Um estudo inicial do CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos) já indicou que a variante delta tende a causar casos mais graves entre não-vacinados, se comparada a outras variantes e à cepa original.

As vacinas têm eficácia contra a variante delta?

Sim, as vacinas são capazes de abrandar a força dessa nova variante, no mínimo parcialmente. Todas elas conseguem evitar o aumento do número de casos graves, frisando a necessidade de aplicação da segunda dose —com exceção da vacina da Janssen, que é dose única. As pessoas que já receberam o esquema completo de vacinação e venham a ser contaminadas pelo vírus terão sintomas mais leves. Por isso é fundamental acelerar o ritmo de vacinação.

Um estudo publicado no Reino Unido em julho apontou que a eficácia das vacinas de Pfizer e AstraZeneca com apenas uma dose cai sensivelmente para a variante Delta, ficando próximo aos 30%. Já com as duas doses a eficácia se assemelha à vista nos estudos com a cepa original.

Já o CDC apontou que os vacinados podem espalhar a variante delta quase na mesma proporção que os não-vacinados por terem níveis altos de cargo viral. A diferença é que os casos entre vacinados são leves em comparação com quem não tomou vacina.

Um estudo do Centro de Controle de Doenças da China, ainda não revisado por outros cientistas, apontou que vacinas como a CoronaVac têm eficácia de até 77% contra casos graves da variante delta.

A variante delta pode aumentar o risco de reinfecções da covid-19?

Um estudo da Fiocruz de 2021 sugere que há maior risco de reinfecção pela variante delta, com maior ocorrência em indivíduos infectados pela variante gama e beta. Já o CDC apontou que esse risco aumenta se a infecção foi há mais de 180 dias.

É importante ressaltar que o contexto de vacinação incompleta —só uma dose, demora na vacinação e baixa cobertura vacinal— também favorece o risco de reinfecções.

Como se proteger da variante delta?

Os cuidados são os mesmos em relação às demais variantes do Sars-Cov-2. Usar máscara, lavar as mãos, passar álcool em gel, manter o distanciamento social e tomar a vacina de acordo com calendário, sem escolher fabricante.

Fontes

Helena Brígido, médica infectologista, membro da Diretoria da Sociedade Paraense de Infectologia e docente da UFPA (Universidade Federal do Pará); Renato Grinbaum, médico infectologista, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia); e Ricardo Kuchenbecker, professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

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