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Quando a dieta detox é um risco? Métodos estimulam diarreia e vômitos

jejum Imagem: Getty Images

do UOL, em São Paulo

16/05/2017 04h00

Andou comendo ou bebendo demais, ganhou uns quilos? Para muita gente, fazer uma dieta detox é uma saída para "limpar" o organismo. Mas alerta: nem sempre elas têm resultado e, ainda por cima, podem até fazer mal.

"Alguns órgãos no nosso corpo, como o fígado e rins, que são responsáveis por livrar o corpo de toxinas. E existem alimentos que podem ajudar o metabolismo e esses órgãos a funcionar melhor, mas as chamadas dietas detox vão no caminho contrário e podem trazer riscos à saúde pois são extremamente restritivas, levando à perda de massa muscular e nutrientes importantes", explica a nutricionista Lara Natacci, membro da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.

Ela e a médica nutróloga do hospital Albert Einstein, Andrea Pereira, analisaram alguns dos detox mais populares e os prejuízos que eles podem trazer à saúde. Confira:

  • Detox com efeito laxante

    O detox da limpeza da vesícula e do fígado é baseado em um livro de um médico alemão, prometendo eliminar de forma natural as pedras da vesícula. O procedimento dura uma semana, envolvendo cinco dias de alimentação sem produtos de origem animal e com consumo de suco de maçã, seguidos de jejum nos dois últimos dia e apenas a ingestão de sulfato de magnésio combinado com altas quantidades de azeite e limão para provocar diarreias. Para ambas as especialistas, usar substâncias laxativas por conta é algo extremamente perigoso. "Isso irrita a mucosa intestinal e provoca inflamação, aumentando os riscos de câncer", diz Andrea Pereira. Ela completa: "Além disso, pode levar à desidratação, que é muito nociva". O uso indiscriminado de laxantes também altera a microbiota intestinal, e como resultado, desregula o funcionamento do intestino.

  • Detox da Ayuverda com indução de vômito

    A Panchakarma, detox da Ayuverda, é um tratamento da medicina oriental que tem como objetivo eliminar toxinas e reestabelecer o equilíbrio do corpo. É baseado em cinco passos: vômitos, diarreia, enema (lavagem do intestino), limpeza nasal e limpeza do sangue (através da retirada de um pouco de sangue ou de chás). "Provocar vômito nunca é saudável, nosso esôfago e nossa boca não estão preparados para receber o ácido do estômago, além de poder estimular diversos distúrbios alimentares", diz Andrea sobre a prática. Ela também considera a diarreia arriscada, como explicado antes, e acredita que o enema não tem efeito de desintoxicação. "Quando você evacua, elimina tudo que está no intestino. Não ficam toxinas retidas ali".

  • Dieta a base de líquidos

    Passar um período, mesmo que poucos dias, ingerindo apenas sucos ou sopas pode levar à deficiência de nutrientes importantes para o corpo. "Além disso, a mastigação é importante, ela dá saciedade e estimula o intestino a funcionar", reforça Andrea. E uma pesquisa da Universidade Federal de Viçosa ainda mostrou que a dieta líquida pode fazer com que você coma ainda mais colorias depois, tendo o efeito contrário da desintoxicação.

  • Só limão e água por três dias

    Queridinho de quem está querendo se cuidar e emagrecer, o limão é benéfico para a saúde, pois tem vitamina C e fibras, mas passar vários dias ingerindo apenas ele é perigoso. "Ele não tem tudo que o corpo precisa, pode levar a perda de massa muscular" diz Lara, explicando que é comum que o corpo, após perder músculos, recupere o peso em forma de gordura e isso é prejudicial. Ela também lembra que o limão pode fazer mal para o estômago de algumas pessoas.

  • Fazer jejum por conta própria

    O resultado do jejum, durante um ou mais dias, pode ser exatamente o contrário. "O corpo precisa de alimentos para exercer suas funções. Se você não come, seu organismo vai tentar compensar e pode trabalhar até de forma mais lenta", diz Lara Natacci. Ela ainda reforça que o jejum pode levar à hipoglicemia, com mal-estar, tontura e desmaios. "Se for uma pessoa mais velha ou com alguma doença, pode levar ao coma", completa Andrea Pereira. Alguns médicos recomendam o método do jejum intermitente associado à uma alimentação equilibrada para alguns perfis de pacientes, como aqueles que tem resistência à insulina, mas nesse caso é o profissional de saúde que deve orientar o paciente.

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