Abdominal não faz perder barriga! E gordura? Veja os mitos e verdades
Do UOL
17/12/2016 06h10
Ter uma barriga chapada, como as das celebridades que estampam as capas de revistas, é o sonho de muita gente. Para alcançar esse objetivo, além de uma boa alimentação, é preciso se dedicar aos treinos. Mas, afinal, qual a função dos abdominais para quem quer ter um abdome sequinho? Eles fazem perder barriga? Podem ser feitos todos os dias? O UOL conversou com especialistas para descobrir o que é mito e o que é verdade sobre os abdominais.
-
Exercício abdominal faz perder barriga?
MITO. Incluir o abdominal no treino com objetivo de reduzir medidas na região é uma cilada. Esse tipo de exercício é útil para fortalecer a parede abdominal. "Um dos fatores que faz com que a barriga apareça é a falta de força da musculatura abdominal, que faz com que o abdome e todas as vísceras fiquem mais protusas [deslocadas para frente]. Ou seja, o abdominal não faz perder barriga, apenas a coloca na posição correta", explica Paulo Roberto Correia, fisiologista do exercício da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
-
O abdominal melhora a aparência da barriga?
VERDADE. Cacá Ferreira, gerente técnico corporativo da Cia Athletica, explica que ao realizar exercícios localizados para o abdome haverá uma certa hipertrofia dos músculos, dando a eles uma melhor forma. "A definição muscular depende, principalmente, da relação entre massa muscular e de gordura corporal, portanto, quanto menor for a quantidade de gordura no corpo, melhor será a aparência do abdome", fala.
-
Fazer abdominal queima gordura localizada?
MITO. De acordo com Guilherme Leme, professor da Bio Ritmo, nenhum exercício é capaz de queimar gordura de regiões específicas do corpo. "Nosso organismo utiliza a gordura como substrato energético para a execuçãoo das atividades, mas ele busca esse 'combustível' no corpo todo, não em regiões específicas", explica. Ainda que os abdominais não tenham a capacidade de remover a gordura que está localizada, Correia explica que, ao fazer esses exercícios, a taxa metabólica na região aumenta e permite que, no futuro, os adipócitos [células de gordura] não se acumulem mais no local. "Os adipócitos se formam em regiões onde a taxa metabólica é menor, na região do organismo que o corpo menos trabalha. Ao aumentar a taxa nessa região, a chance de acumular gordura é menor", fala o fisiologista.
-
Abdominal pode ser feito todo dia?
MITO. O exercício exacerbado machuca a musculatura, portanto, é preciso dar o devido tempo de descanso. Segundo Leme, a indicação varia de acordo com a intensidade da sessão de treinamento, podendo ser de 12 horas até dois dias.
-
Abdominal na máquina é melhor do que exercícios livres?
MITO. "Seus músculos não são capazes de identificar onde você está se exercitando, mas, sim, se os estímulos são bons o bastante para gerar resultados. Treinando com intensidade, técnica e quantidade de séries e repetições adequadas, tanto as máquinas como os exercícios livres trarão bons resultados", explica o professor da Bio Ritmo.
-
Quanto mais repetições, melhor é o fortalecimento do abdome?
MITO. Segundo Leme, nossos músculos precisam de exercícios na intensidade correta e não de quantidade. "Realizar um número exagerado de repetições não só não trará mais resultados, mas também poderá gerar dores e lesões na região lombar", diz.
-
Abdominal é fundamental para a estabilização do tronco?
VERDADE. Segundo Ferreira, o abdome é a principal musculatura que dá suporte para fixar as pernas e braços, assim ter a região fortalecida, além da estética, permitirá que a pessoa tenha mais força e velocidade para a execução dos movimentos do dia a dia e dos exercícios.
-
Fortalecer o abdome previne dores nas costas?
VERDADE. "Os músculos do abdome ajudam a manter as curvaturas da coluna alinhadas, fazendo com que as cargas depositadas na região sejam distribuídas de forma mais equilibrada, evitando hérnias e/ou estiramentos musculares, ligamentares e nos tendões", explica o gerente técnico corporativo da Cia Athletica.
-
É positivo manter a barriga sempre contraída?
MITO. "A musculatura abdominal, como toda musculatura, possui um estado natural de tônus comandado pelo sistema nervoso que a mantém sempre levemente contraída para sustentar nossa postura. Assim, treinar esta musculatura é a melhor forma de manter uma boa postura e não ficar apenas contraindo o tempo todo, pois ela irá fadigar precocemente", explica Ferreira. Ao realizar movimentos do dia-a-dia [empurrar, agachar, levantar e etc.], o gerente técnico corporativo da Cia Athletica indica executá-los com a musculatura contraída, pois, assim, o movimento é feito de forma mais segura e eficaz.
-
Dá para ficar com a barriga chapada em um mês?
MITO. Os resultados do treino dependem de regularidade. "É possível melhorar o aspecto visual da barriga em um mês, porém ninguém constrói resultados consistentes em 30 dias. É preciso ter um corpo bem treinado e, principalmente, manter uma disciplina alimentar para obter um abdome com bom desenvolvimento muscular e baixo nível de gordura subcutânea", explica o professor da Bio Ritmo.
-
Os abdominais devem ser os últimos exercícios da sessão de musculação?
MITO. Nem sempre os abdominais precisam ser deixados para o fim das atividades. Segundo Leme, quando, no treino, não tiverem exercícios que exigem grande estabilização do tronco, como agachamentos, remadas curvadas, levantamentos, entre outros exercícios livres, os abdominais podem ser feitos no início.
-
Os resultados dos abdominais são iguais para homens e mulheres?
MITO. Além de o resultado variar de indivíduo para indivíduo, Ferreira explica que, devido aos hormônios masculinos em maior quantidade, os homens têm mais facilidade de aumentar a musculatura, conseguindo um abdome mais definido em menos tempo que as mulheres. "Ainda que os homens tenham a tendência de acumular mais gordura na região abdominal, a maior quantidade de testosterona facilita a perda de gordura. Já as mulheres acumulam mais gordura no quadril e nas coxas, só que em compensação tem maior dificuldade para perder gordura pela ação dos hormônios femininos", explica Leme.