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Turbine seu cérebro

Dicas para usar melhor a sua mente


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Busca produtividade, mas fica cansado só de ouvir falar? Entenda por quê

Aproveitar melhor o tempo tem sido um desafio? Veja nossas dicas - Denis Freitas/VivaBem
Aproveitar melhor o tempo tem sido um desafio? Veja nossas dicas Imagem: Denis Freitas/VivaBem

Colaboração para VivaBem

20/08/2018 04h00

Você pode não ser o diretor de uma grande empresa, cujo desempenho determina o emprego de um monte de gente, mas é bem provável que, assim como esse executivo, você deita na cama toda noite com a sensação de ter matado um leão, ou, pior, ter deixado ele vivo depois de uma luta sangrenta.

Mesmo que você tenha o seu próprio negócio ou trabalhe em casa, é bem provável que esteja em busca de dicas de como organizar melhor a sua agenda, ter mais foco, equilibrar melhor seu tempo.

Não existe fórmula mágica para os anseios acima. Mas há quem dedique a vida a cada retalho dessa colcha. Assim como a ciência e a tecnologia têm ajudado a curar doenças, também têm se aplicado a melhorar o desempenho do cérebro, facilitar as tarefas domésticas e até conquistar a felicidade. Todo mundo precisa de ajuda e o objetivo desta seção é trazer um pouco desse conhecimento para o seu dia a dia.

Mas se você sentir que as exigências estão afetando a sua saúde, procure ajuda. "São pessoas que podem estar vivendo situações de ansiedade, depressão, estresse, separações, crises...Essas questões precisam ser acompanhadas por médicos e psicólogos”, avisa a psicóloga Ana Carolina Cardoso, especialista em desenvolvimento humano e coach no Rio de Janeiro.

Que leões são esses?

Antes de mais nada, vale a pena fazer uma reflexão sobre o que está acontecendo. De onde vem essa sensação crônica de sobrecarga, que atrapalha o sono, o rendimento, a capacidade de sentir prazer e até a saúde mental das pessoas?

  • Denis Freitas/VivaBem

    É preciso fazer mais com menos

    A crise econômica faz todo mundo ter de fazer mais com menos: seu departamento tem de entregar os mesmos resultados com menos gente. Ter dinheiro facilita bastante a vida, mas também pode trazer outras demandas, como o trabalho de administrar empregados domésticos ou prestadores de serviço sem o talento de um gestor de RH. As exigências, externas e internas (as piores), aumentaram por razões que envolvem a cultura e a tecnologia.

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    É preciso fazer melhor (também com menos)

    Ter metas concretas, como corredores que precisam diminuir o tempo gasto no percurso, pode ser útil para quem precisa entregar um projeto, emagrecer 10 kg, tirar os filhos do tablet e assim por diante. Mas as dificuldades tendem a aumentar, como nas fases de um videogame. "Quanto maior é o objetivo, maior deve ser o empenho", explica a psicóloga e master coach Liamar Fernandes. Ela acrescenta que isso muitas envolve a resiliência, de aguentar a dor durante uma maratona, por exemplo.

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    Informação demais só atrapalha

    O cansaço mental também prejudica o nosso desempenho. A internet produz uma sobrecarga de informação difícil de ser assimilada por um cérebro que, até outro dia, lidava com volumes bem menores de dados. Alguns estudiosos já tentaram até quantificar essa diferença, como o pesquisador norte-americano Martin Hilbert. Em um estudo publicado na Science, ele revelou que, em 1986, seus conterrâneos recebiam, por dia, o equivalente a 40 jornais inteiros (de 85 páginas) de informação por dia. Em 2007, a carga aumentou para 174. E quanto o nosso cérebro consegue absorver disso tudo? Se o tempo for curto e houver muitas distrações, praticamente nada.

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    Cérebro tem que ser multitarefa

    Segundo o psicólogo húngaro-americano Mihaly Csikszentmihalyi, da Universidade de Chicago, a gente só processa 110 bits de informação por segundo. Só para ouvir alguém falar são necessários cerca de 60 bits por segundo. Então, você pode concluir que sua memória de trabalho, ou seja, aquela que você usa para fazer atividades simples, como marcar o médico, pagar as contas e responder e-mails, está sobrecarregada. "Nossa capacidade de concentração depende de um grupo de funções chamadas executivas. Após um certo tempo de uso, a eficiência desses sistemas atencionais cai muito e ocorre dificuldade em manter a atenção", explica o neurologista Fabio Porto, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

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    Saber lidar com emoções

    Para piorar tudo, não estamos falando apenas de informações neutras, mas de emoções também, que, segundo o neurologista, recrutam mais regiões cerebrais ainda e só aumentam o cansaço. De acordo com o psiquiatra Luiz Scoca, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em São Paulo, ser bombardeado o tempo todo por notícias trágicas também faz o corpo a liberar mais cortisol, o hormônio do estresse.

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    Comparação demais também faz mal

    As novas tecnologias ajudam as pessoas a se sentirem mais conectadas umas com as outras, mas elas também levam a comparações desnecessárias. Conseguimos comparar o nosso modo de vida com pessoas que vivem em realidades completamente diferentes, o que pode nos tornar vulneráveis. "As pessoas se comparam e enxergam só as próprias dificuldades, porque ninguém compartilha o cansaço e a perda de qualidade de vida", diz o psicólogo Esequias Caetano, especialista em terapia comportamental em Minas Gerais.

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    Vida pessoal e profissional

    "No trabalho, você tem que ser o melhor, e se você é do tipo que prioriza a família ou outras coisas, as pessoas dizem que você não vai longe", observa Caetano. Se o espírito de competição dá um certo barato para as pessoas funcionarem melhor e progredirem, às vezes é difícil controlar o impulso de "fazer tudo ao mesmo tempo" para se destacar. Algumas pessoas conseguem trabalhar muito e se cuidar bem, enquanto outras têm mais dificuldade. Sem descansar direito e cuidar de outros aspectos da vida, a bateria acaba. "O rendimento começa a cair e as palestras motivacionais só aumentam o estresse."

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    Relações mais frias

    "O mundo está mais conectado, com tecnologias avançadas, mas ainda assim muitas pessoas vivem infelizes, pois sentimos falta daquilo que nos faz ser humanos, nossa essência, ou seja, amor, amizade, gentileza, gratidão, reconhecimento, afeto etc", avalia o neurologista Rafael Higashi, também do Rio, especialista em biofeedback, uma técnica que ajuda a tratar sintomas de ansiedade e estresse. Ele cita a frase do filósofo indiano Krishnamurt para chamar atenção para o limite tênue entre normal e patológico hoje em dia: "Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente".

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