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Dá para ser mais simples? 6 dicas para simplificar ideias e problemas

Denis Freitas/VivaBem
Imagem: Denis Freitas/VivaBem

Colaboração para o VivaBem

04/11/2019 04h00

Problemas se manifestam em qualquer área da vida —desde a pessoal até no trabalho— e geralmente é causa de mal-estar. Pouco importa se o conflito é claro ou ambíguo. A primeira reação, em geral, é ruminar, sentir-se bloqueado, procrastinar. A explicação para o sofrimento e a ansiedade consequentes é que os seres humanos são avessos ao desconhecido. Afinal, fomos moldados para nos proteger de situações de risco.

Mas não precisa ser assim. Psicólogos da Canterbury Christ Church University, na Inglaterra, garantem que é possível simplificar a vida, especialmente quando se compreende como funcionam as operações cognitivas que levam a soluções de problemas, a começar pelas funções executivas.

A parte do nosso cérebro incumbida por elas é o córtex pré-frontal, cuja maturação alcança seu ápice aos 30 anos de idade. É a partir dele que somos capazes de julgar, tomar decisões, planejar e analisar.

Apesar dessa habilidade ser inata, algumas pessoas terão maior capacidade de simplificar esses processos porque isso depende de características pessoais, ou seja, o conhecimento individual, a memória, o desempenho cognitivo satisfatório e a motivação, bem como fatores ambientais.

Para aproveitar ao máximo cada uma dessas condições, sugere-se o uso de técnicas de solução de problemas utilizadas por psicólogos. Essas estratégias são usadas com frequência no âmbito empresarial, mas podem ser úteis na vida cotidiana.

Em busca de respostas positivas

O segredo dessas práticas é que elas nos ajudam a estruturar o problema, promovem maior compreensão sobre ele e ainda nos mantêm focados. "Essas alternativas reduzem o esforço cognitivo e são menos exaustivas, pois consideram a nossa capacidade limitada de processamento de informações", explica Keitiline Viacava, neurocientista fundadora da Decision Making Lab.

Veja, a seguir, as dicas dos especialistas para simplificar, olhar os problemas de forma mais objetiva e facilitar o aparecimento de soluções criativas:

  • Denis Freitas/VivaBem

    Reconheça o problema

    Este é o momento no qual o obstáculo é identificado e o desejo de enfrentá-lo se estabelece. Quanto mais cedo esse passo se concretiza, mais fácil será a resolução buscada. Quando isso acontece, a pessoa se coloca à frente do problema com proatividade, o que gera autoconfiança, uma reconhecida atitude das pessoas que desejam ser eficazes. Acreditar na capacidade de enfrentamento da situação pode ser desafiador para alguns indivíduos --que terão de enfrentar as próprias inseguranças e medos.

    "Uma ajuda profissional pode ser útil nesses casos, porque, o que atrapalha, muitas vezes, são questões emocionais que não permitem que a pessoa se reconheça como um ator capaz de enfrentar a situação. Submeter-se a uma terapia pode ser uma boa alternativa para pensar 'fora da caixa' e enxergar novas perspectivas", fala Lidiane Klein, psicóloga clínica e professora de psicologia da UFSCPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre).

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    Defina o que realmente está acontecendo

    Muitas vezes o que se pensa ser um problema, na verdade, é um sintoma. Por exemplo, uma pessoa entende que o maior obstáculo da sua vida é a incapacidade para deixar de jogar jogos digitais por horas seguidas. O objetivo é encontrar soluções para isso.

    Contudo, tal comportamento pode ser apenas a ponta de um iceberg. Por trás dessa compulsão pode se esconder uma depressão que ainda não foi descoberta. Saber exatamente com o que se está lidando aumenta as chances de deixar de lado o que não importa e focar na raiz do problema.

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    Organize as informações

    A partir do momento em que se define a questão a ser solucionada, pode-se pensar em organizar uma lista com as possíveis soluções. A ordem é descrever os pontos positivos e negativos e suas respectivas consequências. Nessa fase, as ideias podem até parecer inadequadas, mas, mesmo assim, elas servirão de apoio para a decisão final.

    Esse exercício, muitas vezes, acontece apenas no nível mental (ruminação), sem que tenhamos uma estrutura para visualizá-los. Ao anotarmos esses pensamentos no papel, eles se tornam objetivos. A estratégia é adotada com frequência nos consultórios dos psicólogos: alguns indivíduos precisam de ajuda para estruturar essa lista, já que não conseguem visualizar, sozinhos, quais seriam as atitudes possíveis, suas vantagens e desvantagens, nem conseguem reconhecer aquelas que representam maior equilíbrio.

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    Estabeleça as prioridades

    Uma vez superadas as etapas anteriores, tem-se em mãos o maior número de informações possível, o que promoverá maior compreensão e mais foco nas ações que devem ser colocadas em prática. É esta a hora de pensar na seleção e refinamento das opções eleitas para, depois, decidir o que pode ser útil ou não. O passo seguinte é saber por onde começar. A dica dos psicólogos é que as medidas sejam classificadas por ordem de urgência. Definidas as prioridades, a ação começa.

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    Aceite as mudanças, monitore o progresso e avalie resultados

    No meio desse processo todo, as condições do problema e as circunstâncias pessoais podem mudar. Ou pode ser que, na vida real, as estratégias funcionem só por um tempo e, nesse caso, é preciso fazer adaptações. O importante é que se registre por escrito tais fatos para que se tenha uma visão clara do que funciona ou não e, a partir daí, tomar novas providências para que o objetivo seja alcançado.

    Isso requer tempo, mas este será menor do que o tempo que se gastaria com um problema mal resolvido. Considere essas etapas como um exercício não linear. Isso significa que, talvez, seja até preciso retroceder. O automonitoramento e a tomada de decisão são cruciais para alcançar o melhor resultado. "Você planeja, faz, verifica e analisa se está no caminho certo para, então, tomar uma decisão e agir novamente. Nem sempre as coisas sairão da forma que planejamos e será preciso conceber e pesar novas alternativas", explica Camila Maia de Oliveira Borges Paraná, coordenadora do curso de psicologia da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

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    Dê-se um tempo

    Há evidências científicas de que quando a mente entra em um estado de relaxamento, seja por meio da prática de atividades físicas, meditativas e até mesmo o sono, ou até durante o banho, o inconsciente aproveita para fazer todo o trabalho de organização das ideias. A surpresa é que a solução do problema pode aparecer de repente. O conselho dos especialistas é que se coloque a questão de lado por um tempo, deixando-a encubar.

    A meta é que você pare de pensar conscientemente sobre ela, permitindo que o subconsciente a processe. O benefício desse tempo de espera pode estar relacionado ao espaço conferido aos pensamentos para que eles fluam sem pressão ou ansiedade. "Em geral, isso nos leva a melhores soluções", conclui Marco Callegari, psicólogo e diretor do Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (ICTC).

Fonte: Fontes: Camila Maia de Oliveira Borges Paraná, coordenadora do curso de psicologia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Keitiline Viacava, fundadora e diretora da empresa Decision Making Lab, doutora em psicologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e pós-doutora em Neurociência Cognitiva pelo Departamento de Neurologia Universidade de Georgetown (Estados Unidos); Lidiane Klein, psicóloga clínica especializada em neuropsicologia pela UFRGS, doutoranda em Ciências da Reabilitação pela UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre) e professora de Psicologia da mesma instituição; Marco Callegaro, psicólogo, mestre em neurociências e comportamento, diretor do Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (ICTC) e do Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC). Revisão técnica: Lidiane Klein. Referências: Vernon, D., Hocking, I. and Tyler, T. C. (2016) An evidence-based review of creative problem solving tools: a practitioner?s resource. Human Resource Development Review; Vasanth Sarathy. Real World Problem-Solving. Front. Hum. Neurosci., 26 June 2018.

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