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Dicas para usar melhor a sua mente


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Está difícil continuar um projeto? Veja dicas para "desempacar"

Denis Freitas / UOL VivaBem
Imagem: Denis Freitas / UOL VivaBem

Colaboração para o UOL

17/06/2019 04h00

No início todo projeto é empolgante, seja ele concluir a faculdade ou perder 10 kg para voltar a caber no jeans predileto. Ao avistar a linha de chegada, também é mais fácil para um maratonista ignorar a sede e as dores nas pernas, afinal de contas o sofrimento está perto de acabar. Duro é enfrentar o meio do caminho, quando a excitação inicial já se apagou e ainda não há sinal de recompensa no horizonte.

A sensação de "empacar" no meio do caminho é tão frequente na rotina das pessoas que existem pesquisas sobre o tema em periódicos de psicologia social, economia, marketing e neurociências, só para citar algumas áreas. O escritor norte-americano Daniel Pink, autor do livro "Motivação 3.0" e "Quando", chega a comparar o fenômeno à tão amaldiçoada crise da meia-idade, que foi descrita em 1965 pelo psicanalista Elliot Jaques como a fase em que a morte deixa de ser uma realidade distante.

A noção de finitude, somada à descoberta de que as coisas são mais difíceis do que pareciam e o sonhado "auge" ainda está longe causa desânimo em muita gente, e diversos trabalhos em psicologia confirmam que a evolução do bem-estar ao longo da vida é um gráfico em forma de "U", com a meia-idade literalmente no fundo do poço.

Como reavivar a motivação? Para melhorar o ânimo de forma natural, algumas estratégias ajudam:

  • Denis Freitas / UOL VivaBem

    Divida a trajetória em pedaços

    Se a linha de chegada está longe demais, é preciso dividir a meta em partes pequenas e alcançáveis, para que o sucesso esteja sempre por perto. Cada pequena conquista é recebida pelo seu cérebro como uma recompensa, o que mantém a motivação em alta. Essa divisão também permite que você planeje esforços diários para conquistar seu objetivo lá na frente. Compromissos públicos com essas metas intermediárias te obrigam a perseverar no caminho, por isso dedicar seu trabalho a alguém que você ama é algo que funciona para muitos escritores, como sugere Daniel Pink. Mas é importante lançar a deixa para "os próximos capítulos", para não relaxar demais após cada vitória --estudos mostram que as pessoas tendem a se lembrar melhor de tarefas incompletas ou problemas que não foram solucionados.

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    Tente não "quebrar a corrente"

    Muitos coaches especializados em produtividade, nos EUA, citam a "estratégia Jerry Seinfeld" para se manter no trilho. O comediante uma vez comentou a um blogueiro que, antes de se tornar famoso, se obrigava a escrever uma piada todo dia, nem que fosse qualquer coisa, e marcava um grande "x" no calendário. Depois de um tempo, com vários dias marcados, dava pena de ?quebrar a corrente?. O conselho pode ser adaptado para qualquer missão: fazer exercício, comer salada, aprender uma palavra nova em outra língua e o que mais for necessário para completar a sua maratona pessoal.

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    Varie as recompensas

    Presentear-se com um chocolate, um banho relaxante ou algum tipo de prazer depois de cumprir suas horas pré-estabelecidas de estudo tem se mostrado algo positivo para o aprendizado, segundo o pesquisador da "ciência da motivação" Kou Murayama, professor da Universidade de Reading, no Reino Unido. Mas muitos estudos têm revelado que recompensas extrínsecas (ou seja, coisas materiais) podem minar a motivação intrínseca, que tem mais a ver com propósitos, como ajudar alguém, dominar um assunto ou ser o dono do próprio nariz. Murayama cita um estudo com ressonância magnética cerebral que revela --acredite se quiser, que jovens pagos para jogar videogame tinham um desempenho pior, depois de um tempo, do que os que jogavam por prazer.

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    Tente não ficar doente

    Uma equipe de psiquiatras da Faculdade de Ciências da Saúde de Emory, nos EUA, descobriu que a inflamação crônica pode afetar a motivação porque obriga o corpo a economizar energia. Os dados, publicados no periódico Trends in Cognitive Sciences em junho deste ano, reforçam o coro de um ramo da psiquiatria que acredita que a depressão tem raízes em respostas inflamatórias. Ainda que isso seja uma hipótese que precisa ser confirmada, especialistas chamam atenção para a importância de se cultivar hábitos saudáveis para não se perder no meio dos objetivos. "Praticar atividade é uma forma de estimular naturalmente os hormônios que geram prazer", reforça a neurologista Sara Casagrande, especialista em distúrbios do movimento. Gerenciar o estresse, ter uma alimentação saudável e dormir bem também são imprescindíveis para evitar a vontade de jogar a toalha antes da hora.

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    Imagine o prazer

    Uma equipe da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, desenvolveu uma terapia com uso de mentalizações que se mostrou eficaz para aumentar o sucesso de programas de emagrecimento. Em vez de pedir para os pacientes imaginarem o prazer de vestir a calça dos sonhos, por exemplo, o trabalho consiste em utilizar as próprias imagens mentais e sensações dos pacientes para estimular as estratégias que podem levar à perda de peso. "O objetivo é ajudar as pessoas a desenvolverem fissuras (desejos intensos) por atividades saudáveis, como se exercitar por prazer e não só para emagrecer", explica Jackie Andrade, uma das desenvolvedoras da técnica, batizada de FIT (Functional Imagery Training). Em um estudo publicado no International Journal of Obesity, quem usou a terapia perdeu cinco vezes mais peso do que o grupo controle.

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    Dê um tempo

    Às vezes sua tarefa empaca porque a tensão é a principal inimiga da criatividade. Nessas situações, não adianta dar murro em ponta de faca: sair para dar uma volta, dormir ou mesmo fazer uma atividade completamente diferente podem renovar a inspiração. Também há fases em que um problema pessoal ou uma nova meta surge no horizonte, fora do seu controle, e não sobra energia para concluir o que você estava fazendo. É aquele momento de trancar o curso ou fazer uma pausa na dieta, com o cuidado de não perder o que foi conquistado até então. "Tenho recebido muita gente que reclama ter perdido a produtividade, mas quando você vai ver, a pessoa tem uma lista de tarefas de três páginas e fica frustrada porque não consegue dar conta de tudo", comenta Casagrande. "É a memória que está faltando ou a exigência que aumentou?", questiona.

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    Exercite a autocompaixão

    Dar mais atenção aos erros do que aos acertos é uma tentação para quem é perfeccionista, mas especialistas alertam que essa tendência é uma armadilha para o sucesso. Sabe aquela história de enfiar o pé na jaca pelo resto da semana por ter comido o que não deveria na hora do almoço? Esse comportamento é perigoso para quem tenta emagrecer de forma saudável ou diminuir o consumo de álcool, segundo alguns estudos, e atrapalha até a concentração, segundo outros. Um experimento conduzido na Universidade da Califórnia mostrou que fazer um exercício simples para estimular a auto-aceitação, como escrever algo positivo para si mesmo, ajudava as pessoas a estudar por mais tempo para uma prova difícil depois de uma falha inicial. "É preciso aceitar que os erros fazem parte do caminho", recomenda a psiquiatra Lívia Basseres, assistente da enfermaria de controle de impulsos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Depois de um tropeço, saber levantar e seguir adiante.

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