Prepare-se para tomar boas decisões: cinco dicas para resolver problemas
Apesar de idealizarmos decisões que são tomadas apenas racionalmente, a verdade é que usamos emoções, sentimentos e memórias nesse processo de solução, e muitas vezes isso não é consciente.
Na hora de resolver algo, diferentes partes do cérebro inteiro assim como do corpo são envolvidas no processo. "A tomada de decisão não é mediada apenas por 'áreas nobres' (racionais), como as áreas anteriores do cérebro, mas inclui estruturas ligadas ao processamento de sinais corporais, emoções e sentimentos", explica Camile Correa, pesquisadora em neurociências na Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
Isso não é um problema. Na verdade, é uma de nossas grandes habilidades. O cérebro reúne informações obtidas por diferentes sentidos e dados guardados de experiências anteriores para resolver qualquer problema que lhe é proposto. O processo é bem completo e integrado, mas nós podemos melhorar as condições para tomar boas decisões e fugir das armadilhas que nos prejudicam.
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Cuide do seu corpo e mantenha hábitos saudáveis
Este parece um mantra de tão repetido que é, mas eis aqui novamente a recomendação sendo necessária. Se manter uma alimentação saudável e fazer exercícios melhoram sua saúde, isso também é verdade quando o tema são as condições para o cérebro.
É comum que em um momento de muito trabalho ou muitas tarefas em casa apelemos para comidas industrializadas, nos permitamos comer mais doces e alimentos gordurosos como "recompensas", deixemos de lado a academia ou o passeio nas ruas perto de casa. O problema é que tudo isso que abandonamos com a desculpa de manter o foco na tarefa que precisa ser terminada, na verdade, atrapalha nossa capacidade em tomar boas decisões.
Alimentos muito gordurosos, excessos de açúcar, falta de exercícios são vilões para o bom funcionamento do corpo e do cérebro, explica Patrícia Bado, pesquisadora do Instituto D'Or da área de neurociência e pós-doutoranda na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Um boa irrigação sanguínea e o bom funcionamento do coração são essenciais para nosso cérebro. Não é à toa que as comidas consideradas melhores para o cérebro são as que protegem a circulação sanguínea, como folhas verde-escuras, peixes gordurosos, castanhas e nozes, como aponta a página da Escola de Medicina da Universidade Harvard. Leia mais -
Crie rotinas para evitar o acúmulo de pequenas decisões
No cotidiano, temos inúmeras definições a tomar o tempo todo: o que vou comer no café da manhã, que roupa vou usar, qual o caminho farei para o trabalho. Para simplificar tantas decisões, muitas delas deixam de passar pela ponderação de todas as possibilidades e são condicionadas pelo hábito.
"Seria uma carga muito pesada deixar toda a decisão de forma mais complexa. As pequenas decisões são muito mais condicionadas pelo hábito e vão para uma alça mais automática, você não fica deliberando, você não pensa em todas as possibilidades. A ideia é que o hábito nos protege", define Bado.
Isso parece uma obviedade quando pensamos na escolha do café da manhã, no entanto, muitas vezes perdemos tempo e esforço precioso na hora de planejar o que faremos naquele dia do trabalho, por exemplo.
O momento de branco todos os dias tentando recapitular o que precisa ser feito e com qual prioridade, por exemplo, poderia ser resolvido com uma lista feita no dia anterior naquele momento que você decide o que será deixado para o dia seguinte ou com uma rotina estabelecida. -
Se a resposta é difícil, procure outros casos
Quando as alternativas são muitas ou as consequências da decisão muito importantes, escolher um caminho torna-se mais complexo e pode levar mais tempo. A recomendação das neurocientistas para garantir as melhores condições para esta decisão é buscar grande quantidade de informações possíveis sobre as alternativas e suas consequências.
Saber como se comportaram pessoas na mesma condição que você, ou quais os resultados obtidos por empresas que implantaram certo processo, ou o que dizem as pessoas que fizeram a cirurgia que te propõem ajuda a reunir dados primários para que você possa ponderar melhor sobre a decisão mais adequada.
Uma pesquisa sobre processos de decisão feitas por cientistas nos Estados Unidos e publicada na revista Nature Neurosciences mostra que a sugestão não só é uma boa ideia como é algo já feito por nossos primos macacos. O estudo realizado com animais mostrou que quanto mais complexas eram as escolhas a serem feitas e o número de alternativas, mais tempo os macacos levavam e mais evidências diferentes acumulavam antes de tomá-la. As decisões melhores (no caso do estudo, melhores para conseguir o objetivo) estavam relacionadas com o acúmulo de evidências. Leia mais -
Não tome decisões em momentos de estresse ou cansaço
O impulso muitas vezes nos faz tomar decisões só para acabar logo com algo, claramente esta não é a melhor maneira. O sistema de tomada de decisão do cérebro funciona melhor quando está tranquilo, sem ansiedade, sem cansaço. É a hora que procrastinar pode ser uma boa coisa. Deixe para amanhã a decisão que pode ser tomada depois de uma boa noite de sono.
"A importância do sono para restaurar este sistema é uma das coisas que temos as melhores evidências científicas neste processo", sublinha a pesquisadora Bado. "É por isso também que muitas vezes conseguimos resolver problemas no banho. E por que isso? É um momento que você está relaxado." -
Converse com outros sobre suas decisões
Mesmo quando o problema é pessoal, dividir a decisão com outros e debater sobre as razões da escolha, as dificuldades no processo e as opções ajudam a ajustar estratégias e evitar erros.
"Expor as decisões para outros traz vantagens, pois as falhas são mais fáceis de encontrar por outros que por nós mesmos", indica Correa.
Além disso, se a questão a ser solucionada é complexa e terá consequências em áreas muito diferentes, o melhor é fazer um grupo de discussão bastante diverso.
"Pesquisas apontam que consenso entre pequenos grupos que sejam diversos geram decisões mais precisas", afirma a pesquisadora da Universidade de Aarhus. "Eu diria que, para diminuir erros vindos de tendências e preconceitos individuais, recrutar pequenos grupos com pessoas diversas atingindo consenso pode ajudar." Leia mais
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