Gorduras, carnes e até chimarrão: quais alimentos são ligados ao câncer
Do VivaBem
05/03/2018 04h15
O câncer é uma doença que costuma ser ligada a certos hábitos, principalmente ao tabagismo e à exposição ao sol. Mas alguns alimentos também podem aumentar as chances de desenvolver a doença, principalmente os tumores que têm origem no sistema digestório ou endócrino --como o de mama, próstata, cólon e estômago.
Claro que o problema não está nas frutas, verduras e legumes (dependendo da quantidade de agrotóxicos, claro), mas, sim, na forma como preparamos os alimentos e no consumo de produtos industrializados em larga escala.
Leia também:
- Picar, esperar e saltear: preparo potencializa nutrientes do brócolis
- Quem é vegetariano corre menos risco de ter câncer?
- Alimentos integrais e exercícios diminuem o risco de câncer colorretal
De uma forma geral, recomenda-se evitar o consumo de carnes processadas, como os embutidos, restringir o de gorduras saturadas e excluir as gorduras trans (presentes apenas nos produtos industrializados prontos para consumo), além de fugir de refrigerantes e alimentos ultraprocessados.
“Portanto, o ideal é que a base da alimentação seja de alimentos in natura, como frutas, legumes e verduras”, diz Ana Adélia Hordonho, diretora da Asbran (Associação Brasileira de Nutrição). “Pelo menos 250 estudos epidemiológicos apontam que 35% das mortes por câncer podem ser prevenidas por modificações alimentares.”
E quanto mais variado o cardápio, melhor. “Cada alimento é uma fonte de nutrientes”, explica Thais Manfrinato Milla, coordenadora de nutrição clínica do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo. “As frutas, legumes e verduras contêm betacaroteno, que em quantidades ideais (até 20 mg/dia) é fator protetor do câncer; vitaminas que atuam como antioxidantes; fibras e grãos integrais que mantêm o intestino mais regulado; e ômega-3, que tem relação com a redução de câncer de mama, intestino e pulmão.”
Segundo as especialistas, uma alimentação equilibrada é a chave para manter diminuir o risco. E para isso, é preciso evitar o excesso desses “vilões” da alimentação apresentados a seguir.
Fontes: Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Thais Manfrinato Milla, coordenadora de nutrição clínica do A.C.Camargo Cancer Center; Ana Adélia Hordonho, diretora da Asbran (Associação Brasileira de Nutrição).
-
Imagem: iStock Imagem: iStock Refrigerantes
Os refrigerantes, considerados produtos ultraprocessados, associam-se ao câncer não apenas por sua grande quantidade de açúcar, mas também porque a maioria dessas bebidas contém a substância 4-MI (4-metil-imidazol), classificada como possivelmente cancerígena pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, da Organização Mundial da Saúde. O composto estaria presente no corante caramelo, que é utilizado em muitas dessas bebidas açucaradas. Além disso, os refrigerantes aumentam o risco de obesidade, doença que também eleva as chances de ter a doença.
-
Imagem: iStock Imagem: iStock Alimentos grelhados ou assados
Temperaturas muito elevadas utilizadas para preparar as carnes de forma frita ou grelhada, assim como a fumaça do churrasco, formam compostos químicos (como as aminas heterocíclicas e os hidrocarbonetos policlícos aromáticos) cancerígenos que podem aderir à superfície do alimento. Além disso, a carne vermelha contém grandes quantidades de ferro heme, nutriente essencial ao corpo, mas que, em excesso, pode ter efeito tóxico nas células do corpo. Porém, ela seu consumo é seguro se não passar de 500g por semana (cerca de cinco bifes).
-
Imagem: iStock Imagem: iStock Enlatados e carnes processadas
O Departamento de Saúde dos Estados Unidos aponta que existe uma associação de risco moderado consistente entre o consumo de carnes processadas e câncer no trato gastrointestinal. As substâncias presentes na fumaça do processo de defumação, os conservantes (como os nitritos e nitratos) e o sal podem provocar o surgimento de cânceres de estômago e intestino (cólon e reto). É importante ressaltar aqui que o peito de peru, mesmo sendo menos calórico, entra nessa lista. Quanto menos consumir, melhor.
-
Imagem: iStock Imagem: iStock Gorduras
O consumo de gorduras, principalmente as saturadas (carnes vermelhas e brancas, leite e derivados integrais e azeite de dendê), tem relação direta com o câncer de próstata e promove sua metástase, segundo um estudo divulgado em janeiro na Nature Comunications. Além disso, a ingestão elevada de alimentos gordurosos promove aumento na produção de ácidos biliares, que são mutagênicos e citotóxicos. Da mesma forma, o alto consumo de carnes vermelhas, ricas em gordura, também está associado ao maior risco de câncer de cólon e reto. Além disso, a gordura também pode causar o câncer de forma indireta, já que eleva o risco de obesidade --o excesso de peso está relacionado a, ao menos, 11 tipos de câncer.
-
Imagem: iStock Imagem: iStock Ultraprocessados
Salgadinhos, barras de chocolate, macarrão instantâneo, bolachas recheadas, suco em pó, embutidos, produtos congelados, sopa em pó e bebidas açucaradas têm sido apontados como alimentos que aumentam o risco de câncer. São produtos que ultrapassam de cinco ingredientes e ainda contam com a presença de nomes poucos familiares no rótulo. Diversos estudos apontam reações adversas aos aditivos, incluindo o aumento do risco de câncer, quando consumidos a longo prazo. No geral, os ultraprocessados aumentam o risco da doença por diversas linhas, já que incluem alimentos que têm como base farinha, gorduras (sobretudo as trans) e açúcares, além de serem bastante calóricos, favorecendo o ganho de peso, condição esta já reconhecida como fator de risco para o câncer. Embora sejam necessários mais estudos de larga escala para revelar o que está por trás dessa relação, as pesquisas mostram que quando o consumo desses produtos aumenta em 10%, o número de casos de câncer aumenta em 12%.
-
Imagem: iStock Imagem: iStock Chimarrão
Estudos já mostraram que bebidas muito quentes têm relação com o aumento do câncer de esôfago, já que danificam a parede desse órgão. Entretanto, as chances de desenvolvimento da doença são ainda maiores quando a água quente é misturada à erva mate, segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer. Apesar de não existirem estudos suficientes, parece que a erva libera substâncias carcinogênicas no corpo. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a maior estimativa de câncer de esôfago no país está no Rio Grande do Sul, estado que toma muito chimarrão, segundo o Inca. Se for tomar a bebida, o ideal é que ela esteja em temperaturas abaixo de 65°C.