Soro de cavalo é testado em pacientes com covid-19 de 18 centros de saúde argentinos
Um ensaio clínico de um soro equino hiperimune para o combate à covid-19 está sendo realizado em pacientes de 18 centros médicos na Argentina, informou uma porta-voz da pesquisa à AFP hoje.
A fase de avaliação clínica conta com a participação voluntária de 242 pacientes e tem o término previsto para o mês de outubro, segundo a fonte.
A Argentina registra mais de 577 mil casos do novo coronavírus com quase 12 mil mortes, uma taxa de mortalidade que, no entanto, não está entre as maiores para a região.
A experimentação "é baseada em anticorpos policlonais equinos, obtidos pela injeção de uma proteína recombinante do SARS-CoV-2 nestes animais, inofensiva para eles, o que faz com que eles gerem uma grande quantidade de anticorpos neutralizantes", explicou a assessora de imprensa, Silvina Berta.
O projeto está sendo executado pela empresa de biotecnologia Inmunova, em cooperação com a Universidade estadual de San Martín, entre outras organizações.
Iniciado em julho por pesquisadores argentinos, "até agora 53% do estudo clínico foi concluído", disse a porta-voz.
O soro "foi desenvolvido para imunização passiva, o que significa que o paciente recebe anticorpos contra o agente infeccioso para bloqueá-lo e evitar que se espalhe pelo corpo", acrescentou.
A fase 2/3 do estudo avalia a segurança e eficácia do soro em pacientes adultos com doença moderada a grave, dentro de dez dias do início dos sintomas e precisando de hospitalização.
Após a extração do plasma (de cavalos), processo semelhante ao usado quando é extraído de pessoas, "os anticorpos são purificados e processados, por meio de um processo biotecnológico", ressaltou a porta-voz.
"Testes de laboratório in vitro mostraram a capacidade de neutralizar o vírus, com uma potência cerca de 50 vezes maior que a média do plasma convalescente", acrescentou.
Os resultados dos testes foram publicados na revista especializada Medicina.
Outros quatro postos de saúde públicos e privados serão incorporados ao programa até que 22 sejam concluídos.
"O laboratório, independentemente do resultado final, já começou a produzir o soro para disponibilizá-lo rapidamente se for eficaz e autorizado", acrescentou a fonte.
Na semana passada, a Costa Rica começou a testar um tratamento semelhante em humanos, do qual se espera obter os primeiros resultados em algumas semanas, de acordo com as autoridades.
No Brasil, o Instituto Vital Brazil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) estão se preparando para iniciar seu ensaio com plasma equino em pacientes da covid-19.
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