Anticorpos de Eli Lilly e Regeneron têm resultados promissores para tratar a covid-19
As farmacêuticas americanas Eli Lilly e Regeneron Pharmaceuticals reportaram nesta terça-feira (26) resultados promissores do uso combinado de anticorpos para tratar a covid-19.
A Eli Lilly disse que sua combinação de anticorpos sintéticos contra o novo coronavírus diminuiu em 70% as hospitalizações e as mortes em pacientes de alto risco que recentemente testaram positivo para a doença.
Stephen Evans, professor de farmacoepidemiologia na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, qualificou os resultados de "muito animadores".
"São os primeiros medicamentos antivirais que funcionam de forma demonstrável na primeira fase da doença, logo depois que o vírus infectou alguém, mas antes que tenha tido tempo de causar muitos danos", disse.
A Regeneron Pharmaceuticals anunciou, por sua vez, resultados provisórios positivos de seu estudo de fase 3 do REGEN-COV, uma combinação de dois anticorpos para uso preventivo, ou seja, antes que ocorra a infecção pelo vírus.
Os anticorpos monoclonais são versões fabricadas em laboratório das defesas naturais do corpo para combater infecções.
Dar às pessoas anticorpos já preparados pode ajudar quem corre alto risco de adoecer com gravidade, devido a uma imunidade frágil ou a condições subjacentes.
- Grande potencial -Os resultados do tratamento da Eli Lilly mostram que o ensaio de fase 3, do qual participaram 1.035 pessoas, alcançou seu objetivo principal.
O estudo também cumpriu os objetivos secundários de reduzir a carga viral dos pacientes e seu tempo de recuperação.
Os pacientes receberam um placebo ou a combinação de bamlanivimab-etesevimab, os dois anticorpos, à razão de 2,8 gramas cada um.
Entre os pacientes que receberam o tratamento, houve 11 mortes ou hospitalizações, 2,1% deste grupo. No caso dos do placebo, houve 36 mortes ou hospitalizações, 7% do grupo.
A terapia representou, portanto, uma redução de 70% dos riscos. O resultado foi estatisticamente significativo, o que significa ser pouco provável que tenha ocorrido por acaso.
Houve 10 mortes no total, todas entre pacientes que tomaram placebo e nenhuma no grupo do tratamento.
"O Bamlanivimab e o etesevimab, juntos, têm o potencial de ser um tratamento importante que reduz significativamente as hospitalizações e a morte de pacientes com covid de alto risco", disse o cientista chefe do Eli Lilly, Daniel Skovronsky.
A companhia disse que continuará estudando o medicamento em outro ensaio para examinar se doses mais baixas produziriam o mesmo impacto.
Ainda se espera um artigo de revisão por pares sobre as descobertas.
- Dificuldades logísticas -No caso da Regeneron Pharmaceuticals, os dados analisados se referem a 400 pacientes, metade dos quais recebeu 1,2 grama do tratamento mediante injeção subcutânea e a outra metade, um placebo.
Dos 223 pacientes que receberam o placebo, outros oito se infectaram posteriormente com a covid-19 enquanto apresentavam os sintomas, o que não foi o caso de nenhuma das 186 pessoas que receberam REGEN-COV, uma redução de 100% das infecções sintomáticas.
O tratamento também reduziu a taxa geral de infecção, com ou sem sintomas, em 50%.
"Estes dados sobre o uso de REGEN-COV como vacina passiva sugerem que pode reduzir a transmissão do vírus e reduzir a carga viral e a carga da doença naqueles que ainda estiverem infectados", disse George Yancopoulos, presidente da Regeneron Pharmaceuticals.
Os resultados finais do estudo são aguardados para o segundo trimestre.
Vários cientistas elogiaram o potencial dos anticorpos contra a covid-19, e a Eli Lilly e a Regeneron Pharmaceuticals receberam autorizações de uso emergencial para seus tratamentos.
Mas a aceitação destes tratamentos foi limitada nos Estados Unidos por vários fatores, inclusive a falta de interesse dos pacientes, assim como a falta de pessoal e capacidade logística dos hospitais para administrá-los.
Em seu comunicado de imprensa, a Eli Lilly admitiu algumas destas dificuldades.
"A Lilly recebeu comentários de enfermeiras e médicos (...) com relação à complexidade e o tempo requerido para preparar e administrar" o tratamento, disse a empresa.
A fonte acrescentou que está trabalhando com a autoridade sanitária americana FDA para reduzir potencialmente o tempo de administração intravenosa de 60 a apenas 16 minutos.
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