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AstraZeneca pode ter incluído dados "desatualizados" em testes nos EUA, diz agência

Grupo expressou "preocupação com o fato de que a AstraZeneca pode ter incluído informações desatualizadas no teste" -  Matthew Horwood Colaborador Getty Images
Grupo expressou "preocupação com o fato de que a AstraZeneca pode ter incluído informações desatualizadas no teste" Imagem: Matthew Horwood Colaborador Getty Images

Em Washington

23/03/2021 06h27Atualizada em 23/03/2021 09h55

Washington, 23 Mar 2021 (AFP) - Uma agência reguladora dos Estados Unidos expressou "preocupação" com a possibilidade do laboratório AstraZeneca ter incluído dados "desatualizados" nos testes clínicos neste país de sua vacina contra a covid-19, o que renova as dúvidas sobre a eficácia e segurança do fármaco.

As suspeitas citadas nos Estados Unidos sobre uma das vacinas mais usadas no mundo acontece em um momento de agravamento da pandemia na a Europa e América Latina, com novas restrições anunciadas para a Semana Santa em países como Alemanha e Brasil.

A AstraZeneca anunciou ontem que testes em mais de 32 mil pessoas nos Estados Unidos mostraram que a vacina tem eficácia de 79% para prevenir a covid-19 sintomática e de 100% para evitar as formas graves da doença e a hospitalização, além de garantir que não aumenta o risco de coágulos no sangue.

Mas em um comunicado divulgado ontem à noite, o NIAID (Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas) americano expressou "preocupação com o fato de que a AstraZeneca pode ter incluído informações desatualizadas no teste, o que pode ter fornecido uma visão incompleta dos dados de eficácia".

"Nós instamos a empresa a trabalhar com o DSMB (Conselho de Monitoramento de Dados e Segurança, um grupo de especialistas independentes que revisa os testes clínicos) para revisar os dados de eficácia e garantir que dados mais precisos e atualizados serão tornados públicos o mais rápido possível", completa a nota.

O laboratório anglo-sueco anunciou hoje que publicará "em 48 horas" mais dados sobre os testes clínicos nos Estados Unidos de sua vacina contra a covid-19.

A empresa farmacêutica afirma em um comunicado que utilizou dados anteriores a 17 de fevereiro para os resultados publicados ontem dos testes clínicos nos Estados Unidos e indicou que deseja entrar em contato "imediatamente" com as autoridades de saúde para entregar em 48 horas uma "análise com os dados de eficácia mais atualizados possíveis".

A vacina da AstraZeneca contra o coronavírus é mais barata e fácil de armazenar que outras, mas vários países suspenderam temporariamente na semana passada a aplicação do fármaco devido aos casos isolados de coágulos sanguíneos registrados em algumas pessoas que receberam a vacina.

A EMA (Agência Europeia de Medicamentos) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) a consideram segura e eficaz. A vacina voltou a ser administrada em vários países.

Mas a desconfiança persiste e uma pesquisa do instituto YouGov, realizada entre 12 e 18 de março, mostrou que a maioria dos entrevistados nos principais países europeus tem dúvidas sobre a segurança da vacina da AstraZeneca.

Além disso, as autoridades europeias expressaram irritação porque o laboratório anglo-sueco cumpriu os prazos de entrega prometidos ao Reino Unido, mas não com a União Europeia.