Ômicron gera pessimismo sobre eficácia das vacinas, mas é preciso cautela
A variante ômicron poderia resistir às vacinas atuais contra o coronavírus, advertiu o chefe do laboratório Moderna nesta terça-feira (30), coincidindo com um aumento das restrições em vários países para tentar evitar a propagação desta mutação, que já estava na Holanda uma semana antes do que as autoridades pensavam.
Diante disso, o diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu "calma" aos Estados-membros, para que respondessem de maneira "racional" e "proporcional".
Tedros disse compreender "a preocupação de todos os países por proteger seus cidadãos", mas expressou preocupação com o fato de várias nações implantarem "medidas gerais e brutais que não são fundamentadas em evidências, nem são eficazes por conta própria, e que apenas agravarão as desigualdades".
Em uma entrevista ao jornal Financial Times, o presidente do laboratório americano Moderna, Stephan Bancel, assinalou que poderia acontecer uma "redução importante" da eficácia das vacinas atuais contra esta variante e que estes dados chegarão nas próximas duas semanas, mas os cientistas não estão otimistas.
"Todos os cientistas com quem conversei [...] sentem que 'isso não será bom'", declarou Bancel.
Vários laboratórios, como Moderna, Pfizer, AstraZeneca, Novavax e Johnson & Johnson (J&J) estão trabalhando em novas versões da vacina anticovid específicas contra a nova cepa.
Quando se chegar ao imunizante adaptado contra esta variante, a agência reguladora europeia de medicamentos (EMA, na sigla em inglês) poderia autorizá-lo em um prazo de três ou quatro meses, disse a diretora do órgão, Emer Cooke.
A OMS classificou a ômicron como "preocupante" e advertiu que representa "um risco muito elevado" para o mundo.
Até a data de hoje, a pandemia de covid-19 já deixou ao menos 5,2 milhões de mortos desde o seu surgimento na China no fim de 2019, segundo um balanço estabelecido pela AFP nesta terça-feira.
As máscaras retornam
A descoberta da nova variante, detectada inicialmente na África do Sul, foi notificada à OMS em 24 de novembro, mas, nesta terça-feira, as autoridades holandesas anunciaram que a ômicron já tinha chegado à Holanda em 19 de novembro, uma semana antes do que se pensava.
O Instituto de Saúde e Meio Ambiente da Holanda (RIVM, na sigla em holandês) "detectou a variante ômicron em dois testes realizados no país em 19 e em 23 de novembro", informou a autoridade sanitária em comunicado.
Até agora, pensava-se que os primeiros casos da ômicron na Holanda eram os 14 que testaram positivo e chegaram a Amsterdã em dois voos procedentes da África do Sul no dia 26 de novembro.
A cepa já foi detectada em numerosos países de todo o mundo e levou grande parte deles a restabelecer restrições de viagem, sobretudo com países da África Austral, mas também a reforçar medidas em nível doméstico.
Assim, a partir desta terça, os britânicos deverão usar máscara obrigatoriamente no transporte público e no comércio. Além disso, o Reino Unido, onde a covid-19 já deixou cerca de 145.000 mortos, endureceu as medidas para entrada no país.
Uma decisão semelhante foi tomada pelo Japão, que detectou nesta terça-feira o primeiro caso de ômicron em seu território, em um homem de entre 30 e 40 anos que veio da Namíbia. Na segunda-feira (29), o governo japonês anunciou restrições fronteiriças e vetou a entrada a todos os estrangeiros que não sejam residentes no país.
O governo da Espanha, por sua vez, anunciou nesta terça que suspenderá os voos procedentes de vários países da África Austral a partir de quinta-feira (2) até 15 de dezembro, para "limitar a propagação" da variante.
Na França, que detectou nesta terça o primeiro caso na ilha da Reunião, um departamento ultramarino situado no Oceano Índico, as autoridades sanitárias recomendaram a vacinação de crianças com entre 5 e 11 anos que apresentem risco de uma forma grave de covid-19.
Já na Alemanha, que enfrenta há algumas semanas uma virulenta onda de contágios, o Parlamento se pronunciará sobre a obrigatoriedade da vacina de agora até o fim do ano, anunciou o futuro chanceler Olaf Scholz, depois de se posicionar favoravelmente à medida.
Impacto na economia
Nenhuma variante da covid-19 havia provocado tanta preocupação desde o surgimento da delta, que atualmente é a dominante e é bastante contagiosa. Porém, a ômicron ainda não provocou nenhuma morte, pelo menos segundo os números oficiais.
No âmbito econômico, os especialistas destacaram que a ômicron supõe uma ameaça para a recuperação mundial, sobretudo pelas restrições às viagens.
Segundo Gregory Daco, economista da Oxford Economics, se a ômicron provocar "sintomas relativamente moderados" e as vacinas atuais forem "eficazes", o impacto econômico estimado para 2022 poderia ser de 0,25%, sobre o crescimento mundial, estimado em 4,9% pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Contudo, se a cepa for extremamente letal e obrigar a imposição de medidas de confinamento em larga grande escala, o crescimento previsto poderia ser de apenas 2,3%.
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