Ômicron parece ter taxa de reinfecção maior, mas sintomas leves, diz OMS
A variante ômicron do coronavírus parece ter uma taxa de reinfecção maior, provocando, porém, sintomas mais leves, afirmou nesta quarta-feira (8) a OMS (Organização Mundial da Saúde), enquanto a Pfizer e a BioNTech asseguraram que sua vacina anticovid é "eficaz" contra essa cepa após três doses do imunizante.
"Os dados preliminares da África do Sul sugerem um risco maior de reinfecção pela ômicron, mas são necessários mais dados para tirar conclusões mais sólidas", declarou com prudência Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante encontro com a imprensa em Genebra.
"Também há indícios que sugerem que a ômicron provoca sintomas menos graves do que a delta [a variante mais dominante atualmente], mas ainda é cedo demais para termos certeza", acrescentou.
Os laboratórios Pfizer e BioNTech, por sua vez, insistiram na eficácia de sua vacina atual contra a variante ômicron.
Estes anúncios foram antecedidos pelos dos cientistas de alto nível da ONU e da Casa Branca, que apontam a que as vacinas anticovid existentes a priori continuam sendo pertinentes contra a ômicron, cuja descoberta recente na África do Sul gerou uma onda de pânico.
A virologista americana Angela Rasmussen considerou que os primeiros dados publicados pela Pfizer e outros estudos independentes são "pelo menos animadores".
"Uma terceira dose reduzirá o risco de infecção em pessoas vacinadas", declarou à AFP.
Mesmo assim, pediu prudência, destacando que os níveis de anticorpos - o único que foi medido até o momento - não constituem a única forma de fazer frente à doença.
Dúvidas sobre a eficácia
Os primeiros resultados, muito parciais, de um estudo não geraram muito otimismo.
Segundo o AHRI (Africa Health Research Institute), organismo sul-africano que patrocinou um dos primeiros estudos sobre a resistência da ômicron às vacinas, esta variante "escapa em parte à imunidade dada pela vacina da Pfizer".
Michael Ryan, encarregado de emergências da OMS, destacou que os estudos desta variante ainda são incipientes.
A ômicron foi detectada em 24 de novembro pelas autoridades sul-africanas e, desde então, sua presença foi confirmada em dezenas de países.
"O padrão geral que estamos vendo até agora não mostra um aumento da gravidade. De fato, em alguns locais do sul da África, são registrados sintomas mais leves", disse o médico, em linha com o que tinha dito à AFP Anthony Fauci, conselheiro científico da Casa Branca.
No entanto, a ômicron é "claramente muito transmissível", provavelmente mais do que a delta, acrescentou Fauci.
Pfizer e BioNTech advertiram que "provavelmente (a nova variante) não seja suficientemente neutralizada depois de duas doses".
Mas, "a vacina continua sendo eficaz contra o coronavírus, inclusive a variante ômicron, se forem administradas três doses", destacaram, baseando-se em estudos não publicados.
Contudo, os dois laboratórios informaram que vão continuar trabalhando na "preparação de uma vacina específica" contra a ômicron, com a esperança de que "esteja disponível em março, se for necessária uma adaptação".
ONU contra a vacinação obrigatória
De qualquer forma, a vacinação obrigatória não é aceitável em nenhuma hipótese, alertou nesta quarta-feira a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos.
"Em nenhuma circunstância as pessoas têm que ser vacinadas à força, embora se uma pessoa se negar a cumprir a obrigação de se vacinar, pode sofrer consequências legais, como por exemplo uma multa apropriada", declarou Michelle Bachelet em mensagem de vídeo.
Isso, apesar de na Europa haver uma preocupação, em meio a uma quinta onda provocada pela variante delta.
Frente ao número de casos no continente, a OMS recomendou proteger melhor as crianças, atualmente a faixa mais afetada, e deixar a vacinação obrigatória como "último recurso".
Para evitar novos fechamentos de escolas e a volta da educação à distância, o braço europeu da OMS aconselha reforçar as testagens nas escolas e contemplar a vacinação das crianças escolarizadas.
No Reino Unido, o primeiro-ministro, Boris Johnson, anunciou um endurecimento das restrições, com o teletrabalho generalizado a partir da segunda-feira e a obrigação de apresentação do passaporte sanitário em alguns locais.
A Noruega também anunciou medidas, como a limitação, a partir da quinta-feira, do número de pessoas em reuniões.
O governo dinamarquês decidiu, por sua vez, prolongar o recesso escolar de Natal em quatro dias e impôs a generalização do teletrabalho desde que seja possível a partir de 10 de dezembro. Além disso, os bares e restaurantes deverão fechar à meia-noite.
Na Áustria, enquanto isso, o célebre baile da Ópera, previsto para 24 de fevereiro em Viena, foi cancelado pelo segundo ano consecutivo por causa da pandemia.
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