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Entenda o que é o IFA, insumo fundamental para a produção das vacinas

Governo do Rio Grande do Sul/Divulgação
Imagem: Governo do Rio Grande do Sul/Divulgação

25/01/2021 11h48

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou no dia 17 de janeiro o uso emergencial de 6 milhões de doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e de 2 milhões de doses da vacina de Oxford, desenvolvida pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz.

Mas as doses do imunizante só chegaram ao Brasil na sexta-feira (22), e está sendo feita a distribuição pelos estados. A Anvisa também aprovou o uso emergencial de 4,1 milhões de doses da CoronaVac envasadas pelo Butantan.

No entanto, muito falou-se nos últimos dias sobre o IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) necessário para produzir os imunizantes e que dependem de importação. Veja abaixo perguntas e respostas sobre o assunto:

Mais doses da CoronaVac podem ser produzidas e distribuídas em breve?

O Instituto Butantan obteve a aprovação de mais 4,1 milhões de doses para uso emergencial. A decisão se estende às doses que ainda terão a produção finalizada nos próximos meses. Novas produções, porém, dependem da chegada de novas remessas do chamado Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), o princípio ativo da vacina, que é importado da China. E ainda não há previsão para a chegada de novas remessas.

Por contrato, o governo do estado de São Paulo deve receber da China, até abril, insumo para mais 46 milhões de doses da Coronavac. Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, até há a possibilidade de uma remessa extra de material para 54 milhões de doses, mas esse repasse está condicionado a um pedido de compra do Ministério da Saúde, que até agora não foi feito.

O que são esses insumos, o IFA?

O chamado Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) é o cerne das vacinas, o insumo principal de todo medicamento. A substância confere a atividade farmacológica à vacina ou a qualquer outro medicamento. No caso da CoronaVac, é o próprio vírus inativado. No caso da vacina de Oxford, é um adenovírus modificado geneticamente para carregar com uma sequência genética do Sars-CoV-2. São eles que vão "enganar" o nosso corpo para produzir os anticorpos, que vão reagir se e quando o corpo for realmente contaminado. Os outros componentes presentes na vacina são chamados excipientes e, apesar de não serem responsáveis pela atividade farmacológica, são importantes para seu perfeito funcionamento até o final do prazo de validade.

Quem são os principais fornecedores da matéria-prima?

O Brasil é totalmente dependente da China e da Índia, especialmente, na fabricação de insumos. No Brasil, não há uma política governamental para incentivar a produção dos insumos farmacêuticos ativos.

Quais os acordos para a importação?

Os insumos devem ser enviados dentro do que foi acordado entre os governos e o Butantan e a Fiocruz. Os dois institutos têm tecnologia para transformar esse insumo em vacinas, mas sem a substância não poderão fazer nada.

Quais os impactos na vacinação da covid-19?

O Brasil depende da chegada do insumo para que sejam produzidas as vacinas de Oxford e CoronaVac no país. Com a demora na entrega, a campanha de imunização também sofre com atrasos.

Por que o Brasil já não faz o insumo?

No caso das vacinas do Butantan e da Fiocruz, os IFAs são o vírus inativado e o adenovírus, respectivamente, que serão os responsáveis por gerar a resposta imunológica. A tecnologia de fabricação do IFA é das empresas estrangeiras e ainda não foi transferida para o Brasil.

O Brasil teria condições de produzir esses insumos, pois tem tecnologia e pesquisadores aptos para isso, mas é necessário investimento. As empresas estrangeiras investiram pesado para ter uma vacina tão rapidamente.

Qual a capacidade de produção da CoronaVac no Brasil?

O Instituto Butantan tem capacidade para fabricar um milhão de doses por dia, de acordo com presidente do órgão, Dimas Covas. Mas, para isso, ainda depende de insumos feitos pelo laboratório chinês Sinovac, que precisam ser importados. A instituição estima que ainda demore dez meses para ter capacidade de produzir a vacina sem depender de insumos importados.

O Butantan está construindo uma nova fábrica que seria capaz de produzir todos os insumos necessários para a fabricação de uma vacina 100% nacional: as obras foram iniciadas em novembro e devem ficar prontas até 30 de setembro.

A vacina de Oxford já está sendo produzida no Brasil?

Ainda não. A Fiocruz será a responsável pela produção da vacina de Oxford/AstraZeneca, mas não recebeu nenhuma remessa do IFA, o princípio ativo da vacina, para a produção. O produto ainda tem de vir da China. Com o atraso na chegada desses insumos, a Fiocruz adiou de fevereiro para março a previsão de entrega das primeiras doses da vacina que serão produzidas no Brasil. A previsão da Fiocruz, quando estiver de posse do IFA, é fabricar 100 milhões de doses.