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Ilha de Paquetá, no Rio, vive corrida por vacina e Carnaval

Profissionais fazem teste para a covid-19 na população da Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, antes da vacinação em massa - Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro
Profissionais fazem teste para a covid-19 na população da Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, antes da vacinação em massa Imagem: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro

Marcio Dolzan

Rio de Janeiro

19/06/2021 12h44Atualizada em 19/06/2021 12h44

A bucólica Ilha de Paquetá, no nordeste da Baía de Guanabara, vive duas expectativas. Uma, aprovada quase que sem ressalvas pela maior parte de seus moradores, é a de se tornar a primeira região carioca com 100% de adultos vacinados contra a covid-19. A segunda, vista como temerária por muita gente, é a de voltar a ser a sede de uma festa de Carnaval —que, pelos planos, ocorrerá provavelmente em setembro, naquilo que o prefeito Eduardo Paes (PSD) vem chamando de "evento teste".

Amanhã, a ilha será palco do projeto PaqueTá Vacinado. A intenção dos organizadores é imunizar todos os adultos com mais de 18 anos como parte de um estudo coordenado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

O estudo tem por objetivo monitorar a eficácia da vacinação em massa já a partir da primeira dose, e saber como será a resposta imunológica considerando que os menores de idade não serão vacinados neste momento - experiência semelhantes de imunização em massa já ocorreram em Serrana e em Botucatu (SP).

Um dos que serão beneficiados pela campanha é o ecotaxista Vágner Luís, de 37 anos. Há dez anos ele percorre as estreitas ruas de chão batido da cidade, pilotando sua bicicleta e levando moradores de um lado a outro da ilha. Sua única reclamação é pela demora na iniciativa.

"Acho que isso deveria ter rolado já há muito tempo. Somos uma ilha com 5 mil habitantes, é fácil de vacinar e rápido. Pra mim esse projeto deveria ter acontecido bem antes", disse ele na quarta-feira (16), ao "Estadão".

Segundo dados da SMS (Secretaria Municipal da Saúde), até o fim de maio 1.853 moradores da ilha já haviam tomado a primeira dose da vacina contra covid-19. O número representa pouco mais da metade dos 3.530 com mais de 18 anos que estão cadastrados na Estratégia de Saúde da Família local. Pelos números da prefeitura, na Ilha de Paquetá vivem atualmente 4.180 moradores.

Carnaval

Na segunda-feira (14), o prefeito carioca Eduardo Paes publicou em seu perfil no Twitter que "se tudo der certo, já temos o nosso primeiro evento teste marcado" —citando uma nota do jornal "O Globo" que informava sobre um "Carnaval" em Paquetá.

Nesse mesmo dia, pousadas da ilha começaram a receber sondagens de turistas para saber se "já havia a tabela de setembro". Alguns queriam saber inclusive se já estava definida a data do tal carnaval.

E é justamente por causa dessa animação que moradores de Paquetá ficaram com um pé atrás, desconfiados d essa história.

"Acho temerário. Defendi um pouco a ideia do prefeito, porque acho que não vai ser um carnaval de verdade, vai ser um teste com aqueles que participaram (da campanha de vacinação). Foi o que eu acreditei, li e entendi. Mas o pessoal não está entendendo assim. Tem gente falando que os blocos de carnaval do Rio estão querendo vir, e isso é uma orla onde aporta barco de tudo quanto é lugar, sem fiscalização. Então vai ser muito ruim para a gente. Não acho legal, não", considerou a aposentada Denise Gomes de Maia, de 67 anos.

"Quando houve a reabertura, isto aqui ficou lotado, parecia carnaval. Contaminou muito, teve muitos casos aqui em Paquetá, porque o pessoal vem para cá sem máscara, acha que é tudo um oba-oba, não respeitam mesmo", recordou Denise.

Também moradora da ilha, Maria Auxiliadora da Silva, de 62 anos, disse que não se importa com o eventual carnaval fora de época. "Se estiver todo mundo vacinado, acho até que é bom", considerou. "Mas tem de prevenir bastante!"

A prefeitura do Rio não deu qualquer detalhes sobre o "evento teste" mencionado pelo prefeito Eduardo Paes, limitando-se a dizer que as informações "serão divulgadas oportunamente".

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".