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Covid: MG muda modo de distribuição de vacinas após queixas de prefeitos

A secretaria de saúde de MG afirmou que "não deve vacinas" contra covid-19 aos municípios - Foto: GUILHERME DIONíZIO/ESTADÃO CONTEÚDO
A secretaria de saúde de MG afirmou que "não deve vacinas" contra covid-19 aos municípios Imagem: Foto: GUILHERME DIONíZIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Aline Reskalla

Do Estadão Conteúdo, em Belo Horizonte*

25/06/2021 13h33Atualizada em 25/06/2021 13h36

Pressionado por municípios insatisfeitos com o número de vacinas recebidas nos últimos meses, o governo de Minas Gerais alterou o critério de distribuição dos imunizantes contra a covid-19 no estado. Até a semana passada, o modelo era o seguinte: 86% das doses recebidas do Ministério da Saúde eram destinadas de acordo com as campanhas de vacinação contra a gripe dos últimos três anos. Os demais 14% seguiam o critério de população.

Isso, segundo os prefeitos, gerou distorções por causa das diferenças socioeconômicas e até climáticas -- como é o caso de municípios do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, onde a contaminação por influenza seria bem menor. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Saúde, a nova metodologia de cálculo agora está ligada à base de projeção populacional de 18 a 59 anos do IBGE/Fundação João Pinheiro.

Após cair para a penúltima posição entre as capitais no ranking de vacinação, Belo Horizonte foi uma das cidades que protestou - o município atualmente imuniza população de 56 anos. O prefeito da cidade, Alexandre Kalil, chegou a fazer duras críticas ao Executivo, mas amenizou o tom após ter acertado, com o governo do Estado, que a capital receberá a partir de agora 13% das doses que chegarem a Minas.

"É o percentual da população. O governo estava fazendo errado e agora consertou", disse Kalil ao Estadão. O prefeito afirmou também que espera recompor as cerca de 70 mil doses que o município deveria, segundo ele, ter recebido do Executivo. "Estamos negociando um acordo para que isso seja reposto, mesmo que parceladamente", afirmou.

Outro prefeito que se diz prejudicado é Vittorio Medioli, de Betim, na Grande Belo Horizonte. Ele afirma ter recebido 90 mil doses a menos do que deveria. "Eu até entendo esse critério no início, pois tudo estava sendo formatado. Mas seguir nesse erro por cinco meses?", critica Medioli.

"Agora estão tentando consertar", afirmou ele, que foi até o governador Romeu Zema (Novo) para "tentar entender como estava sendo planejada a distribuição". Ele relaciona o aumento de mortes por covid na cidade ao que considera "erro" do Estado. Atualmente, Betim está vacinando população de 56 anos.

A Prefeitura de Ribeirão das Neves, também na região metropolitana, alega que outros municípios com população menor estariam recebendo mais doses proporcionalmente do que a cidade. O secretário de Saúde, Rodrigo Augusto Rocha Vieira, diz que Uberaba, que tem mil habitantes a menos, teria sido contemplada com 44% mais vacinas que Neves.

Após se reunir com representantes da Secretaria de Estado, a prefeitura conseguiu pela primeira vez, esta semana, um lote de 21 mil doses de vacina contra covid-19. "Estávamos recebendo 4 mil a 5 mil por semana", diz o secretário.

O município também reclama da falta de resposta para o pedido de lote extra para vacinar a população carcerária da cidade, que concentra sete unidades prisionais e 9 mil detentos. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou que essa demanda será atendida assim que Minas Gerais receber doses extras do Ministério para esse fim.

Na nota, a secretaria admite que o critério anterior, baseado na vacinação por Influenza, "causou uma diferença na distribuição de doses entre os municípios, fazendo com que as cidades que nas campanhas de vacinação contra a Influenza vacinaram mais pessoas, provavelmente, tenham recebido mais vacinas contra a covid-19".

A secretaria informou também que, "em cada remessa de vacinas recebida por Minas Gerais, o Ministério da Saúde envia um Informe Técnico com a quantidade de imunizantes disponibilizados para o Estado, as estimativas populacionais das cidades e o percentual do grupo prioritário que será atendido. Paralelamente a isso, a SES-MG envia aos municípios os formulários para que adequem as estimativas de cada população priorizada na etapa de vacinação, com o objetivo de obter dados que se aproximem ao máximo possível da realidade de cada município".

A secretaria afirmou, no entanto, que "não deve vacinas" aos municípios, uma vez que todas as doses recebidas são devidamente distribuídas.

*Especial para o Estadão