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Estudo mostra danos cognitivos para 50% dos 'curados' da covid-19

Voluntários foram submetidos a uma extensa avaliação neuropsicológica e a uma ressonância magnética - Reprodução
Voluntários foram submetidos a uma extensa avaliação neuropsicológica e a uma ressonância magnética Imagem: Reprodução

Em Roma (Itália)

21/06/2021 12h48Atualizada em 21/06/2021 13h09

Um estudo realizado na Itália mostrou que uma a cada duas pessoas que contraíram a covid-19 e foram hospitalizadas, mesmo que com casos leves ou moderados, apresentaram problemas cognitivos ou distúrbios após se recuperarem da doença.

A pesquisa foi divulgada hoje pela EAN (Academia Europeia de Neurologia, na sigla em português).

O estudo foi liderado pelo diretor da Unidade de Neurologia do Hospital San Raffaele, de Milão (Itália), e professor da Universidade Vita-Salute San Raffaele (Itália), Massimo Filippi, e contou com a participação de 49 voluntários com diagnóstico positivo para o coronavírus Sars-CoV-2.

"O nosso estudo confirmou problemas cognitivos significativos e psicopatológicos associados à infecção por covid-19 que persistiram por diversos meses após a remissão da doença", disse Filippi ao apresentar a pesquisa.

Cada voluntário foi submetido a uma extensa avaliação neuropsicológica e a uma ressonância magnética dois meses após a remissão, ou seja, quando a doença está sob controle e não apresenta mais sintomas.

Os pesquisadores mostraram que:

  • quase um paciente em cada cinco (18%) apresentou distúrbio de estresse pós-traumático;
  • 16% tiveram distúrbios depressivos;
  • 16% apresentaram problemas de funções executivas, como problemas de planejamento e velocidade de elaboração de informações;
  • 6% tiveram problemas de memória de longo prazo;
  • e outros 6% tiveram problemas de natureza visual-espacial.

Cada pessoa pode ter mais de um sintoma.

"Uma descoberta inesperada é que as mudanças nas funções executivas por nós analisadas, que podem fazer com que seja difícil se concentrar, planejar, pensar ou lembrar, atingem até 3 pacientes em cada 4 na faixa etária entre 40 e 50 anos. Falamos de pacientes hospitalizados, mas muitos com casos moderados", acrescentou a pesquisadora Elisa Canu, que fez parte do estudo.

No entanto, os estudiosos não conseguiram determinar se as alterações neuropsicológicas estão diretamente ligadas à infecção ou são uma consequência indireta dela, assim como falta entender se esses danos serão permanentes.