O que é síndrome de Reiter, dolorosa doença que levou ator pornô a abandonar carreira
Cansado de ouvir rumores sobre a sua saúde, ator pornô espanhol Nacho Vidal decidiu romper o silêncio; ele disse ter a síndrome de Reiter ou artrite reativa, doença que, segundo ele, o impede de exercer qualquer trabalho.
"Eu tinha a doença de Reiter, não Aids. A síndrome de Reiter em relação à Aids é como comparar uma Ferrari a um Lada (carro de fabricação russa). O Lada seria a Aids e o Reiter, a Ferrari da dor."
Foram essas palavras que Nacho Vidal, um dos atores pornôs mais famosos do mundo, escolheu para descrever a doença que o levou a renunciar à carreira.
Vidal costuma chamar a síndrome de que sofre de Reiter, mas a comunidade científica prefere o termo "artrite reativa".
O objetivo desse outro nome é evitar uma homenagem a Hans Reiter, um dos primeiros médicos a descobrir a doença, mas também liderança nazista que fez experimentos com prisioneiros do campo de concentração de Buchenwald, na Alemanha.
O ator espanhol estava havia sete meses no centro de uma série de rumores e especulações sobre sua saúde, depois que foi divulgado que ele teria HIV.
Mas o exame que ele havia feito produziu um falso positivo. Segundo o ator, o erro ocorreu devido aos sintomas da artrite reativa.
Os efeitos dessa síndrome são tão perversos que Vidal chegou a dizer aos médicos: "Vou me suicidar de dor".
Após o primeiro diagnóstico errado, um médico finalmente conseguiu identificar que o ator sofria, na realidade, de artrite reativa.
Reação a uma infecção
"Eu contraí uma doença há sete meses que se chama síndrome de Reiter. É uma síndrome que adquiri sem perceber, há muito tempo, ao longo de toda a minha história na indústria pornô, ao contrair gonorreias e clamídias", afirmou Vidal.
Uma em cada 30 mil pessoas padece de artrite reativa, um mal que afeta sobretudo homens entre 15 e 35 anos, segundo a Federação Espanhola de Doenças Raras.
A síndrome surge como uma reação a uma infecção e não é, em si, contagiosa. No entanto, algumas das bactérias que podem provocar essa reação são transmitidas durante relações sexuais ou com a ingestão de alimentos contaminados, conforme explica o site na internet da Clínica Mayo, centro médico localizado em Rochester, nos Estados Unidos.
É o caso das bactérias da clamídia e da salmonela, que, na opinião de Vidal, podem ter sido a origem de sua artrite reativa.
"A gonorreia e a clamídia são doenças que você pega, toma um remédio e, no dia seguinte, já está bem. Eu peguei gonorreia umas 50 vezes e a clamídia 50 vezes também", diz.
"O que aconteceu é que o vírus Reiter apareceu no sangue com as gonorreias e as clamídias. Ele esteve adormecido por muito anos, não sei quantos. Eu tinha e não sabia."
A explicação de Vidal não é precisa, já que a síndrome de Reiter ou artrite reativa não é um vírus, mas sim uma reação imunológica. E é importante destacar que a maioria das pessoas expostas a bactérias que causam a artrite reativa não chegam a desenvolver a doença.
E que sintomas ela provoca?
Os primeiros sintomas costumam ser inchaço e dor muscular, além de dor nos intestinos, nas genitálias e nas vias urinárias, conforme explica a Clínica Mayo.
Joelhos e pés costumam ser os mais afetados pela dor e o inchaço. Também é comum que esses sintomas cheguem acompanhados de conjuntivite, problemas de pele e inchaço nos dedos das mãos e dos pés.
"Eu tive uma febre muito forte. Comprei remédios e pensava que era uma gripe estomacal, porque precisava ir com frequência ao banheiro. Me enchi de remédios e a febre não baixava", contou Vidal.
"De repente, tive uma inflamação na próstata. Você nem imagina a dor."
Mas as dores não pararam por aí. "Começou, então, a doer minha mão direita. No dia seguinte, me levantei e a mão estava inflada, inchada. Era como se fosse um coração batendo: Tum, tum, tum, tum."
Segundo a Federação Espanhola de Doenças Raras, a síndrome surge entre uma e três semanas depois de uma infecção urogenital ou gastrointestinal. E o primeiro sinal costuma ser dificuldade para urinar.
'Pedia para morrer'
Vidal conta que passou a tomar opioides durante o dia e injeções de morfina à noite, para aguentar a dor. Essas substâncias analgésicas eram administradas, segundo ele, conforme instruções médicas.
O ator disse que ficou, por três meses, prostrado na cama, com a mão inchada e doendo. Logo ocorreu o mesmo com o tornozelo e com um joelho, de onde eram retiradas "três seringas de líquido amarelado por dia".
"Sempre pensei que era como um viking, que aguentava de tudo", diz. "Mas foi doloroso."
De noite, ele se arrastava pelo chão até o banheiro, porque não conseguia caminhar devido a um inchaço na perda. Da mesma maneira, voltava à cama úmida, já que não parava de suar.
Segundo instituições médicas como a Clínica Mayo e a Escola Americana de Reumatologia, a síndrome pode se tornar crônica, mas não necessariamente. Em geral, a remissão começa após ano.
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