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Por que pesquisadores recomendam começar a acompanhar o colesterol aos 25 anos

Modelo de artérias mostra um gradual acúmulo de placas de colesterol - iStock
Modelo de artérias mostra um gradual acúmulo de placas de colesterol Imagem: iStock

Fergus Walsh

Correspondente de Medicina da BBC News

04/12/2019 18h17

A partir de qual idade é necessário ficar de olho nos níveis de colesterol? O ideal é fazer checagem desde os 25 anos, de acordo com pesquisadores.

Eles afirmam que é possível calcular, a partir dessa medida, o risco de problemas cardíacos e de acidentes vasculares cerebrais (AVC).

O estudo, publicado no periódico The Lancet, é o mais abrangente até agora a demonstrar riscos a longo prazo dos níveis altos de colesterol "ruim" ao longo de décadas.

Os cientistas destacam que, quanto antes as pessoas agirem para reduzir o colesterol, melhor —seja por meio de mudanças na dieta ou por medicação.

O que é o colesterol?

Colesterol é uma substância gordurosa, um lipídio, encontrado em algumas comidas e também produzido pelo fígado.

Ele é necessário para a produção de hormônios como estrógeno e testosterona, assim como de vitamina D e outros compostos.

Há dois tipos:

  • Lipoproteína de alta densidade (HDL, pela sigla em inglês) é o colesterol "bom", que ajuda a manter o corpo saudável
  • Lipoproteína de baixa densidade (LDL, pela sigla em inglês) é o colesterol "ruim", que pode entupir as artérias

O que os pesquisadores descobriram?

Eles começaram analisando os dados de mais de 400 mil pessoas, de 19 países, e verificaram uma forte ligação entre os níveis de colesterol ruim e o risco de problemas cardiovasculares do início da vida adulta até os 40 anos seguintes ou mais.

Conseguiram, ainda, estimar a probabilidade de um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC) para pessoas com 35 anos de idade ou mais, de acordo com o gênero, o nível de colesterol ruim e fatores de risco como tabagismo e diabetes, bem como medidas de altura, peso e pressão sanguínea.

Um dos autores, o professor Stefan Blankenberg, da University Heart Center em Hamburgo, na Alemanha, destacou um dos pontos-chave do estudo.

"As análises de risco usadas atualmente nas clínicas, para decidir se uma pessoa deve receber tratamento hipolipemiante, avaliam apenas o risco de problemas cardiovasculares ao longo de dez anos. Isso pode subestimar o risco ao longo da vida, em especial para os jovens."

Um dos tipos de fármacos utilizados para combater o problema são as estatinas, que baixam os níveis de colesterol ruim no sangue.

Estima-se que uma entre cada 50 pessoas que recebam a medicação por cinco anos consiga evitar um ataque cardíaco ou um AVC como resultado.

Outras formas de reduzir o colesterol incluem ter um estilo de vida mais ativo e uma dieta balanceada.

As pessoas devem tomar estatinas já aos 30 anos?

Não necessariamente. Os cientistas hesitam em recomendar que qualquer adulto com níveis de colesterol mais altos apele para os remédios.

"Eu recomendo que as pessoas mais jovens conheçam seus níveis de colesterol e tomem uma decisão bem informada sobre o resultado —e isso pode incluir estatinas", disse o professor Blankenberg à BBC News.

Mas ele acrescenta que há o perigo de que pessoas recorram às estatinas em vez de aderir a um estilo de vida mais saudável. Como Blankenberg explica, ainda que os fármacos costumem ser bem tolerados, não há estudos que investiguem os efeitos colaterais de seu uso ao longo de décadas.

O professor Sir Nilesh Samani, diretor médico da British Heart Foundation, também falou à BBC. "Esse grande estudo enfatiza mais uma vez a importância do colesterol como um dos principais fatores de risco para ataques cardíacos e AVC."

"A pesquisa ainda mostra que, para algumas pessoas, tomar medidas já em estágio inicial para reduzir o colesterol, como tomar estatinas, pode ter um benefício substancial na redução de riscos de tais problemas".