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Avifavir: a droga que Rússia quer comercializar na América Latina para tratar covid

Avifavir foi aprovado pelo Ministério da Saúde da Rússia como o "primeiro medicamento para o tratamento da covid-19". No entanto, especialistas dizem que não há evidências conclusivas sobre sua eficácia - iStock
Avifavir foi aprovado pelo Ministério da Saúde da Rússia como o "primeiro medicamento para o tratamento da covid-19". No entanto, especialistas dizem que não há evidências conclusivas sobre sua eficácia Imagem: iStock

11/07/2020 12h44

Chama-se Avifavir o medicamento que a Rússia deseja comercializar para países da América Latina para combater o novo coronavírus.

Trata-se de um antiviral desenvolvido a partir do favipiravir, um medicamento japonês usado contra a gripe, embora alguns especialistas argumentem que não há evidências conclusivas sobre sua eficácia no combate à covid-19.

No entanto, o Avifavir foi aprovado pelo Ministério da Saúde da Rússia em 29 de maio "como o primeiro medicamento para o tratamento da covid-19".

Na sexta-feira (10), o medicamento foi apresentado na embaixada russa na Guatemala. Representantes de vários países e agências especializadas participaram da videoconferência.

A apresentação do medicamento foi organizada pela Embaixada da Rússia na Guatemala na qualidade de membro observador do Parlamento Centro-americano (Parlacen), cuja sede fica na capital guatemalteca.

No Brasil, o favipiravir já possui um registro de patente, com validade até 2023, mas ainda não recebeu aprovação da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).

Em um documento intitulado "Perguntas e respostas: medicamentos para o combate à COVID-19", o órgão assinala que "outros medicamentos como o favipiravir, arbidol, lopinavir/ritonavir e tocilizumabe estão sob experimentação, mas também precisam de resultados mais robustos."

O avifavir começou a ser administrado a pacientes de covid-19 na Rússia em 11 de junho.

De acordo com as autoridades de saúde daquele país, os ensaios clínicos, assim como os dados do primeiro mês de uso hospitalar, mostraram resultados positivos nos estágios inicial e médio da doença.

No entanto, alguns criticam que o Ministério da Saúde da Rússia tenha aprovado o uso do Avifavir em um processo acelerado, enquanto os ensaios clínicos, realizados por um período mais curto e com menos pessoas do que em muitos outros países, ainda estavam em andamento.

Sem resultados conclusivos

O favipiravir é objeto de pelo menos 25 ensaios clínicos em todo o mundo.

O interesse pela droga disparou em março, depois que uma autoridade chinesa disse que parecia ajudar os pacientes a se recuperarem da covid-19.

No Japão, onde é comercializado sob o nome Avigan, foi aprovado como tratamento de emergência para a gripe em 2014.

O favipiravir atua inibindo uma enzima essencial para a replicação do vírus nas células.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, disse que esperava que o medicamento fosse aprovado como tratamento para a covid-19 em maio.

No entanto, os resultados de ensaios clínicos divulgados por pesquisadores japoneses na sexta-feira (10) não produziram resultados conclusivos sobre a eficácia do favipiravir como tratamento para o novo coronavírus.

Embora os pacientes que receberam o medicamento no início do experimento tenham apresentado uma melhora mais significativa do que aqueles que receberam doses tardias, os resultados não são estatisticamente significativos, disse Yohei Doi, pesquisador da Fujita Health University, em entrevista a jornalistas na sexta-feira.

Os ensaios clínicos desse estudo foram realizados entre março e maio com 89 pacientes em todo o Japão. Outros estudos estão em andamento na China e nos Estados Unidos.

Outros medicamentos

O avifavir não é o único medicamento aprovado pelas autoridades russas para combater a covid-19.

Na quarta-feira, o Ministério da Saúde da Rússia fez o registro da patente do Coronavir, também criado com base no antigripal Favipiravir.

"O coronavir é um dos primeiros medicamentos na Rússia e no mundo que não trata das complicações causadas pelo SARS-CoV-2, mas combate o próprio vírus", disse sua fabricante, a R-Pharm.

A empresa informou que um ensaio clínico mostrou que o medicamento era altamente eficaz na inibição da replicação do novo coronavírus em casos de nível leve ou médio.

De acordo com esse estudo, 55% dos casos apresentaram melhora no sétimo dia de tratamento com Coronavir. No quinto dia de tratamento, o novo coronavírus foi eliminado em 77,5% dos pacientes que tomaram o medicamento, disse a R-Pharm.

Nos Estados Unidos, Reino Unido e em outros países, foi aprovado o uso do remdesivir como tratamento para pacientes com covid-19.

O remdesivir é um medicamento antiviral usado contra o vírus Ebola. Funciona atacando uma enzima que o vírus precisa replicar dentro de nossas células.

Os resultados iniciais dos testes clínicos indicam que ele pode reduzir o período de recuperação da infecção em cerca de quatro dias, mas ainda não há evidências de que ele possa salvar mais vidas.

Outro medicamento considerado como uma grande esperança para o tratamento de pacientes graves da covid-19 é a dexametasona, um esteróide que, ministrado em doses baixas, provou ser um dos melhores avanços na luta contra o vírus, segundo especialistas do Reino Unido envolvidos nos experimentos com a droga.

Nos testes com a covid-19, a dexametasona ajudou a interromper alguns dos danos que podem ocorrer quando o sistema imunológico do corpo está sobrecarregado ao tentar combater o coronavírus.