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Oito hábitos de higiene para mulheres e homens após o sexo

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Imagem: Getty Images

19/10/2020 10h50

Higiene sexual é fundamental para evitar infecções e doenças, mas nem sempre recebe a atenção que merece; confira as principais recomendações dos especialistas.

Lavar as mãos é mais importante hoje do que nunca, mas você faz isso antes e depois de fazer sexo com alguém?

Pode ser desconfortável ? como interromper o ato e perguntar ao seu parceiro sexual: "querida, você lavou as mãos?" ? mas os sexólogos insistem que essa regra de higiene pessoal é essencial nos relacionamentos íntimos.

É um passo simples para evitar, por exemplo, uma candidíase (infecção genital causada por um fungo).

"Limpar as mãos, boca e dentes é vital, já que esses órgãos costumam intervir durante as relações sexuais", diz à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) Thamara Martínez Farinós, psicóloga e sexóloga do Instituto Espill, em Valência, na Espanha.

Além das mãos, você deve limpar os órgãos genitais diariamente. Mas aqui uma "lavagem rápida" não adianta, esclarece a especialista.

"A higiene sexual é de primordial importância, pois pode frear as doenças sexualmente transmissíveis (DST)", diz Vicente Briet, psicólogo clínico e especialista em sexologia, à BBC News Mundo. Briet é chefe da área de sexologia da Universidade de Alicante, Espanha.

Ele considera que a higiene é "um poderoso afrodisíaco e um estimulador da libido".

E "o cultivo do erotismo começa com a importância que atribuímos ao cuidado do nosso corpo e a atenção que prestamos à nossa higiene sexual e pessoal".

Abaixo, algumas dicas de como colocar isso em prática.

Os homens...

O Serviço de Saúde Pública do Reino Unido (NHS) explica em seu site como homens e mulheres devem cuidar adequadamente de suas áreas íntimas.

Para os homens, os médicos recomendam lavar o pênis com água morna todos os dias durante o banho, dando atenção especial à área sob o prepúcio para evitar o acúmulo de esmegma, um agente antibacteriano que também atua como lubrificante.

"O principal tratamento para o esmegma é baseado em bons cuidados de higiene peniana", diz Briet.

Se acumular, pode começar a cheirar mal e se tornar o terreno ideal para a proliferação de bactérias.

Isso pode se traduzir em vermelhidão e inchaço da cabeça do pênis, que é chamado de balanite.

"É muito surpreendente quantos homens não lavam embaixo do prepúcio. Eles não apenas tendem a ter complicações derivadas da falta de higiene, mas também é muito desagradável para sua parceira sexual", escreve Patrick French, médico especialista do site do NHS na saúde sexual.

Briet concorda: "A higiene íntima masculina nem sempre recebe a atenção que merece."

"Seja por falta de informação ou por desconhecimento, alguns homens cometem o erro de não lavar bem os órgãos genitais, apesar das consequências negativas que isso pode trazer: cheiros, mal-estar e infecções", diz à BBC Mundo.

"A região genital do homem é propícia ao aparecimento de infecções e outros problemas urológicos", indica.

"Não só porque por meio dele expulsamos urina e sêmen, cujo acúmulo pode causar infecções, mas também porque é a pele que é especialmente sensível à fricção."

"E a tudo isso se acrescenta que nele acumulamos suor, o que facilita a proliferação de bactérias e fungos se não for lavado diariamente."

O NHS desaconselha o uso de sabonete e gel de banho em excesso; água morna é suficiente.

Mas se o sabão for usado, ele deve ser "suave ou sem cheiro para reduzir o risco de irritação da pele".

Briet diz que não basta limpar a superfície do pênis, mas que o prepúcio precisa ser retraído para que a água e o sabão também atuem na região da glande.

"Principalmente nas partes do pênis mais escondidas pelo frênulo peniano, é conveniente usar um sabonete neutro para limpar os órgãos sexuais e enxaguar com bastante água."

Mulheres...

Quanto às mulheres, os especialistas em saúde sexual concordam que há desinformação, apesar da enorme indústria dedicada à higiene vaginal.

"A vagina é projetada para ser mantida limpa com a ajuda de secreções naturais (corrimento vaginal). Não precisa de duchas ou lenços vaginais", diz o site do NHS.

"Existem muitas bactérias dentro da vagina que estão lá para protegê-la", acrescenta.

Na verdade, muitos sexólogos consideram esses produtos não apenas desnecessários, mas também perigosos.

"A vulva (a parte externa da genitália feminina) pode ser limpa com sabonetes e produtos especializados para a área", comenta Thamara Martínez.

"Ainda assim, dependendo da pessoa, podem causar irritação e aumentar o risco de infecções. O que eu recomendo é lavar com água pelo menos uma vez ao dia."

Em relação à parte interna, a sexóloga desaconselha a ducha: "Os riscos são muito maiores do que os benefícios que oferecem, por isso recomendamos não utilizá-los".

Entre os possíveis riscos ou reações adversas, ela lista o seguinte:

  • mudanças no PH (o potencial de hidrogênio da pele)
  • ardor e coceira
  • diminuição do muco cervical (que é responsável pela lubrificação da vagina)
  • reações alérgicas
  • maior risco de desenvolver infecções
  • complicações que podem surgir durante a gravidez, como o aumento do risco de parto prematuro

"Nosso corpo é tão sábio que sabe manter sua higiene interna", finaliza a especialista.

Briet afirma que, embora existam cremes hidratantes ou reparadores para combater a irritação ou coceira na região íntima feminina, "o que se deve evitar são aquelas tendências inúteis de perfumar suas partes com desodorantes, colônias ou sabonetes com odores que favoreçam a irritação de pele e torná-la mais vulnerável a possíveis ataques bacterianos".

Ele também desaconselha o uso de duchas higiênicas ou absorventes perfumados.

"A vagina normalmente se limpa sozinha. As paredes produzem seu próprio fluido que carrega células mortas e outros microrganismos para fora do corpo", esclarece.

"E os cuidados íntimos devem ser tomados com mais cuidado nos dias da menstruação."

Homens e mulheres

Uma dica de sexologistas para homens e mulheres é urinar antes e depois da relação sexual.

"Urinar após a relação sexual é uma das melhores medidas para evitar contrair infecções indesejadas, seja na forma de micróbios, bactérias ou secreções", diz Martínez.

"Ir ao banheiro no final das relações sexuais ajuda a expulsar tudo o que surgiu, purificando-o e evitando que chegue a órgãos sensíveis como a bexiga", explica.

"E urinar antes é de vital importância, principalmente para ter relacionamentos satisfatórios e não ter sensações desconfortáveis."

Briet acrescenta que essa prática é "um bom preventivo de algumas infecções do trato urinário, mas não de todas".

O sexólogo recomenda urinar "imediatamente após a relação sexual" para nos proteger de doenças e reduzir as chances de contrair uma infecção.

"Na verdade, deixar de fazer isso é uma das causas mais comuns de infecções do trato urinário", acrescenta.

Segundo a especialista, as mulheres são mais propensas a esse tipo de infecção e devem se acostumar a urinar 15 minutos após a penetração.

Pesquisa publicada no The Journal of Family Practice (2002) diz que mulheres saudáveis que urinam 15 minutos após a relação sexual podem ter uma probabilidade ligeiramente menor de desenvolver uma infecção do trato urinário do que aquelas que não o fazem.

"E embora aparentemente não haja nenhuma razão médica para ir direto para o chuveiro ou bidê depois do sexo, ainda é saudável ter um protocolo pós-sexo em mente", conclui Briet.

Principais recomendações:

  • Limpeza diária dos órgãos genitais com água
  • Limpeza das mãos, boca e dentes
  • Use roupa íntima limpa e, se possível, não de tecido sintético
  • Consulte o seu médico e faça exames de rotina uma vez por ano
  • Autoexame por observação direta e palpação para identificar mudanças na forma, coloração, secreções, tamanho e / ou textura
  • Uso de preservativos nas relações sexuais
  • Se você optar pelo sexo anal, deve evitar inserir o pênis no ânus e posteriormente na vagina, pois isso favorece o desenvolvimento de infecções
  • Raspar todos os pelos pubianos não é recomendado, pois os pelos geralmente são uma proteção para os genitais, é melhor apará-los, mas não removê-los completamente

Fonte: Thamara Martínez Farinós, psicóloga e sexóloga do Instituto Espill