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2ª dose da vacina da Pfizer dá proteção de 92% contra infecção por covid-19, diz estudo com 1 mi israelenses

Velocidade do programa de vacinação contra a covid-19 de Israel tem sido impressionante - Getty Images
Velocidade do programa de vacinação contra a covid-19 de Israel tem sido impressionante Imagem: Getty Images

24/02/2021 19h42

Depois dos ensaios clínicos que comprovaram a eficácia da vacina produzida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNtech em voluntários, é hora do teste da vida real em grandes populações ? e um artigo publicado nesta quarta-feira (24/2) na revista médica New England Journal of Medicine mostra que o imunizante passou bem na prova, "aplicada" em Israel, até o momento o país que mais aplica vacinas em proporção ao tamanho de sua população.

O trabalho científico, assinado por pesquisadores de Israel e dos Estados Unidos, acompanhou o quadro de saúde de 596.618 pessoas que foram vacinadas entre 20 de dezembro de 2020 e 1º de fevereiro de 2021 no país do Oriente Médio. Depois, esses dados foram comparados com os de outras 596.618 pessoas que ainda não tinham sido vacinadas no período e que tinham características demográficas e clínicas semelhantes às de seus "pares" no primeiro grupo.

A partir de números de novas infecções e mortes por covid-19 em cada um dos dois grupos —as quais se mostraram sempre maiores no grupo não vacinado, em todos os quesitos —, os pesquisadores estimaram então a eficácia da vacina, ou seja, o quanto mais protegidas estão as pessoas imunizadas na comparação com as não imunizadas.

Foram considerados cinco indicadores: infecção por covid-19 confirmada por teste PCR; covid-19 com sintomas; hospitalização; quadro grave de covid-19; e morte pela doença. Também foram apresentados dados para três períodos: de 14 a 20 dias após a primeira dose da vacina; de 21-27 dias após a primeira dose da vacina; e de 7 dias ou mais após a segunda dose da vacina.

De 14 a 20 dias após a primeira dose, a eficácia foi de 46% na prevenção de infecções; de 57% contra adoecimento com sintomas; de 74% contra hospitalizações; e 62% contra quadros graves da doença.

Já nos 7 dias ou mais após a segunda dose, os percentuais sobem respectivamente para 92%; 94%; 87%; e 92%.

Para mortalidade, não foram apresentados dados após a segunda dose — a reportagem não conseguiu esclarecer por quê até o momento da publicação. Entretanto, para os períodos iniciais os dados estão, sim, disponíveis: eficácia de 72% na prevenção às mortes entre 14 e 20 dias após a primeira dose; e de 84% entre 21 e 27 dias após a primeira dose.

O artigo diz que este "estudo em um cenário nacional de vacinação em massa sugere que a vacina de mRNA BNT162b2 é eficaz para um amplo conjunto de desfechos relacionados à covid-19, uma descoberta consistente com a de ensaios clínicos".

Com o alto percentual de vacinação e outras medidas, como confinamento rigoroso desde dezembro, Israel anunciou melhoras nos indicadores da doença e progressiva flexibilização.

Os autores do artigo no New England Journal of Medicine explicam que um estudo como esse é importante porque, apesar de os ensaios clínicos (testes controlados com voluntários) serem o padrão ouro para comprovar a eficácia e segurança de um tratamento, a realidade traz novos desafios que requerem acompanhamento — por exemplo, os efeitos na eficácia de eventuais problemas na logística ou o cumprimento imperfeito de cronogramas de vacinação.

Por fim, o estudo afirma ainda que grande parte das cepas isoladas no período estudado em Israel era da linhagem B.1.1.7, o que indica eficácia da vacina também contra essa variante, identificada pela primeira vez em dezembro no Reino Unido: "Assim, esse estudo estima uma efetividade média da vacina em relação a diversas cepas. Apesar de não podermos fornecer uma estimativa de eficácia para a variante B.1.1.7, a curva observada (?) sugere que a vacina também é eficaz para essa variante (?)"

Para a pesquisa, foram usados dados coletados pela Clalit Health Services, a maior das quatro provedoras nacionais de saúde de Israel, cobrindo 4,7 milhões de pessoas (53% da população).

No Brasil, a vacina da Pfizer recebeu aprovação definitiva por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta terça (23/2), o que permite que seja adquirida pelo Ministério da Saúde, por Estados, municípios e até iniciativa privada. No entanto, não foi efetivada nenhuma negociação envolvendo o imunizante até o momento.