Vírus de Marburg: sem tratamento, quase 90% dos casos são fatais
Após primeiro registro em 1967, numa cidade alemã, surtos do patógeno aparentado ao ebola têm sido raros. Sem tratamento, quase 90% dos casos são fatais. O primeiro surto do altamente contagioso vírus de Marburg na Guiné Equatorial (África Ocidental) deixou pelo menos nove mortos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Foram registrados outros casos suspeitos, inclusive dois em Camarões.
Quais são os sintomas do vírus e como se transmite?
Pertencente à família do ebola, o vírus de Marburg é um dos patógenos mais perigosos atualmente conhecidos. Ele se dissemina muito rapidamente no organismo humano, infectando e destruindo células do sangue, fígado e pele.
Após o contágio, fica incubado por cinco a dez dias, até que o paciente é subitamente acometido de febre, dor-de-cabeça e dores musculares, assim como sangramento da pele e mucosas. Boca, olhos, trato gastrointestinal e órgãos internos costumam ser também afetados.
Em casos severos, pode ocorrer paralisia neurológica. Distúrbios graves de coagulação causam choque hemorrágico, resultando em colapso dos órgãos e sistema circulatório, e consequente morte. Sem cuidados médicos intensos, a maioria dos infectados morre.
O vírus se transmite através de fluidos corporais, como sangue, urina ou saliva. Fora do organismo, porém, não sobrevive muito tempo; contágio por gotículas no ar é possível, porém extremamente raro.
Que tratamentos existem?
Quem contrai o vírus de Marburg em geral necessita cuidados médicos intensivos e tem que ficar em isolamento, devido ao alto risco de contágio. Até o momento, porém, só é possível tratar seus sintomas. Entre os tratamentos mais comumente adotados estão infusões para evitar perda de líquido, eletrólitos para repor os sais do sangue, e glucose para equilibrar os níveis de glicose.
Empregam-se também medicamentos para estabilizar a pressão sanguínea, reduzir a febre ou conter a diarreia e vômitos. Em caso de hemorragia severa, são ministrados reservas sanguíneas e agentes coagulantes.
Todas essas medidas elevam as chances de sobrevivência, porém a enfermidade continua sendo fatal em cerca de 50% dos casos. A agência de notícias AP chega a indicar 88% de mortalidade, não havendo tratamento. Os óbitos costumam ocorrer de oito a nove dias após a eclosão, geralmente em decorrência de perda grave de sangue.
Drogas antivirais como o remdesivir têm sido empregadas em testes clínicos para tratar o ebola, e também poderão ser testadas contra a febre de Marburg, mas até o momento não há um tratamento específico nem vacina aprovada.
Entretanto existem candidatas promissoras a vacina: um consórcio fundado pela OMS após o último surto do vírus de Marburg visa promover a cooperação internacional entre indústria, governos e ciência para o desenvolvimento e aprovação de um imunizante eficaz.
Quão difundida é a febre de Marburg?
Excetuado um surto em 1967 nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt, e em Belgrado, então capital iugoslava, o vírus só tem sido documentado em casos isolados ou em epidemias de menor escala, apenas em países da África Subsaariana.
Angola, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Gabão e Uganda foram especialmente atingidos pelos vírus de Marburg e ebola. Nos últimos anos houve também ondas da febre hemorrágica na Guiné e em Gana.
Por que o vírus tem esse nome?
O patógeno leva o nome da idílica cidade à beira do rio Lahn, no estado alemão de Hessen, onde foi detectado pela primeira vez. Em 1967, diversos operários de Marburg, da capital estadual Frankfurt e de Belgrado (atual capital da Sérvia, então na República Socialista da Iugoslávia) infectaram-se com o vírus através de um macaco importado de Uganda.
É provável que diversas espécies de morcegos sejam vetores e reservatórios naturais dos vírus de Marburg e ebola, que se transmitem para símios ou humanos pelo contato ou por fluidos corporais. O consumo de animais selvagens infectados pode também resultar em contágio.
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